Câncer de mama: vamos falar sobre isso?

Dificuldade no diagnóstico precoce ainda é uma das maiores preocupações e mantém a doença em primeiro lugar entre as que mais atingem mulheres no mundo todo

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A cada 100 mil mulheres, 52 são diagnosticadas com câncer de mama. Tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma, o câncer de mama responde por cerca de 25% dos casos novos a cada ano. O resultado são cerca de 30 mulheres que morrem a cada dia em decorrência da doença e o principal problema ainda é a dificuldade no diagnóstico.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido enquanto outros são mais lentos. Para o Brasil, em 2016, são esperados 57.960 casos novos de câncer de mama.
De acordo com a mastologista do Hospital São Vicente de Paulo, Lilian Canal, o Rio Grande do Sul é o estado que mais tem número de diagnósticos do país. Entretanto, mesmo com tantas campanhas de prevenção, muitas mulheres deixam de fazer a mamografia, que é o principal exame para diagnóstico, por medo ou por falta de acesso sendo esse o principal fator que leva a descobrir os casos em estágios avançados.

O movimento conhecido como Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, na década de 1990, para estimular a participação da população no controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente com o objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama e promover a conscientização sobre a importância da detecção precoce da doença.

Mamografia: uma importante aliada
A Mamografia, exame de imagem, é fundamental para o rastreamento do câncer de mama. Conforme estudos europeus e americanos quando a mamografia é realizada com intervalos regulares, há uma queda entre 25-44% na mortalidade do câncer.
O exame deve ser realizado a partir dos 40 anos, nas mulheres sem histórico familiar de câncer de mama. Já em pacientes com histórico familiar positivo de parentes de primeiro grau com câncer de mama, antes da menopausa, deve-se iniciar a realização do exame aos 35 anos ou cerca de 10 anos antes da idade com que a familiar apresentou a doença. “A mamografia é o principal exame para o diagnóstico precoce, deve ser iniciado a partir dos 40 anos e realizado anualmente. Muitas vezes é necessário complementar com outros exames, como o ultrassom dependendo das características de cada mama”, explica a médica que também destaca a importância de se realizar o auto-exame. “O auto-exame das mamas é incentivado para todas as mulheres como forma de se conhecerem e terem consciência da importância de procurar o médico caso tenha identificado alguma alteração. A recomendação é que seja feito mensalmente sempre após a menstruação”.

De olho nos sintomas e fatores de risco
Uma das maiores dificuldades de diagnóstico do câncer de mama é ele não causa sintomas em sua fase inicial, apenas quando a doença já está em estágio avançado começam a aparecer os indícios. “Nódulo na mama ou na axila, alteração no tamanho, formato ou textura da mama ou do mamilo, descarga mamilar sanguinolenta ou água transparente são alguns dos sinais do câncer de mama, que se a mulher detectar, deve procurar imediatamente um médico”, destacam os médicos radiologistas do Centro de Imagem da Mama (CIM), do HSVP, Daniele Floss e Paulo Marcelo Floss.
Entre as causas prevalentes para a doença, os especialistas citam a idade - quanto maior, mais risco - história familiar positiva de parentes de primeiro grau com câncer de mama, menarca precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia (depois dos 55 anos), nuliparidade (nunca ter tido filhos), idade da primeira gestação acima dos 30 anos, tabagismo, alcoolismo, obesidade e sedentarismo. “História familiar positiva de parentes de primeiro grau com câncer de mama aumentam em 13% a chance do desenvolvimento da doença. Outro fator de risco, o defeito nos genes BRCA1 e BRCA2, aumenta o risco em até 80%. O tabagismo, alcoolismo e sendentarismo aumentam os níveis de estrogênio, e a obesidade faz com as enzimas de colesterol também se transformem em estrogênio, este, que é um estimulante para as células mamárias, onde em certos casos, podem se multiplicar desordenadamente, levando ao câncer”, explicam os médicos reforçando a importância na prevenção e a prática de hábitos de vida saudáveis.

Como prevenir
Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como:
- Praticar atividade física regularmente;
- Alimentar-se de forma saudável;
- Manter o peso corporal adequado;
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Amamentar

>>Entrevista

Saiba mais sobre a mastectomia
Assunto desconfortável para a maioria das mulheres, a mastectomia é um procedimento cirúrgico geralmente indicado para os casos em que o câncer de mama foi diagnosticado em estágio avançado. Parte do tratamento, nem sempre ela pode ser evitada e traz muitas dúvidas e preocupações para quem precisa passar por esse processo. A mastologista, Lilian Canal esclareceu as principais dúvidas a respeito do procedimento.

Medicina&Saúde - Esse tipo de cirurgia oferece algum risco para a saúde da mulher?
Lilian Canal - A mastectomia é considerada um procedimento de grande porte e existem várias complicações que podem alterar a saúde da mulher. Dessa forma, a paciente deve sempre ser muito bem avaliada e ter as dúvidas esclarecidas durante as consultas pré-operatórias.

Medicina&Saúde - E a questão estética, como isso é levado em consideração na hora da cirurgia?
Lilian Canal - Dependendo do estagio da doença é que se determina o tipo de cirurgia, nos casos iniciais sempre que possível, as cirurgias conservadoras são as de escolha, porém nos casos avançados em que não é possível preservar a mama essa é toda retirada, ficando uma cicatriz, muitas vezes grande. Não podemos esquecer que o processo de recuperação é individual de cada paciente e o resultado estético também.

Medicina&Saúde - Todas as mulheres podem passar pelo processo de reconstrução?
Lilian Canal - A reconstrução deve sempre ser individualizada, cada caso deve ser analisado, estudado e discutido com a paciente os benefícios, riscos e possíveis complicações.

Medicina&Saúde - Qual é a melhor forma de lidar com essa transformação que acontece não apenas no corpo?
Lilian Canal - O diagnóstico de câncer sempre assusta. Em especial o câncer de mama por ter maior incidência em mulheres mexe muito com o emocional de cada paciente, dessa forma ela deve encarar a doença da melhor forma possível com apoio dos familiares e com confiança no tratamento.

Medicina&Saúde - Recentemente, ouvimos falar em diversos casos de mulheres que em função do histórico de família, decidiram retirar as mamas para diminuir as chances de câncer. Isso é recomendado? Quando?
Lilian Canal - A mastectomia redutora de risco que é a retirada das mamas é indicada para aquelas paciente que tem alto risco genético comprovado. Sendo assim, está indicada para as pacientes que comprovadamente tenham mutação genética. O importante é lembrar que mesmo que venham a fazer a cirurgia redutora de risco ainda existe uma chance de desenvolverem câncer de mama.

Medicina&Saúde - A perda de cabelo no processo de quimioterapia também ainda causam preocupações. De que forma as mulheres podem lidar melhor com essas situações?
Lilian Canal - A quimioterapia é parte fundamental do tratamento do câncer de mama. A perda de cabelo que é um dos efeitos colaterais mexe muito com a auto-estima das pacientes. Devemos lembrá-las que todo o tratamento tem um período determinado e que vai acabar, dessa forma os cabelos caem mas voltam a crescer logo que se encerra a quimioterapia. Sempre devemos confortar as pacientes e incentivá-las a encarar a doença da melhor forma possível, pois o tratamento acaba e serão vencedoras dessa terrível doença.

>>>Campanha Outubro Rosa 2016
Em 2016, a campanha do Instituto Nacional do Câncer no Outubro Rosa tem como tema "Câncer de mama: vamos falar sobre isso?". O objetivo é fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento e o diagnóstico precoce do câncer de mama e desmistificar conceitos em relação à doença. A campanha:
- enfatiza a importância de a mulher conhecer suas mamas e ficar atenta às alterações suspeitas;
- informa que para mulheres de 50 a 69 anos é recomendada a realização de uma mamografia de rastreamento a cada dois anos;
- mostra a diferença entre mamografia de rastreamento e diagnóstica;
- esclarece os benefícios e malefícios da mamografia de rastreamento;
- informa que o Sistema Único de Saúde (SUS) garante a oferta gratuita de exame de mamografia para as mulheres brasileiras em todas as faixas etárias.

Programação em Passo Fundo
Em Passo Fundo, diversas ações estão sendo feitas desde o dia 01 de outubro. Uma delas é resultado da parceria entre o Hospital São Vicente de Paulo e o Bella Cittá Shopping que montaram o Lounge Rosa no segundo andar do shopping para compartilhar dicas e informações detalhadas sobre prevenção e cuidados em relação ao câncer de mama. O espaço funcionará todos os dias das 10h às 22h.
Já o Hospital da Cidade realizará no dia 29 de outubro uma caminhada alusiva às campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul. A ação pretende estimular a adoção de hábitos saudáveis e ressaltar a importância da realização de exames de rotina como forma de prevenção ao câncer.
A caminhada inicia às 16h30min, em frente ao Hospital da Cidade e termina no Parque da Gare, onde várias atividades estão programadas, como aulas de ritmos, feira de saúde, além de orientações a respeito da prevenção e tratamento do câncer de mama. Não é necessária a inscrição prévia para a participação na caminhada.
As camisetas alusivas à campanha poderão ser encontradas nos seguintes pontos de venda: Academia Marta Junqueira, Arena Treinamento Físico e Funcional, Academia Simbiose, Vitta Academia, Academia Corpo Ativo. O valor arrecadado com a venda das camisetas será revertido para a Liga de Combate ao Câncer de Passo Fundo.

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