Desafios do jovem médico

Cercado de tantas ofertas, o médico recém-formado ainda tenta conciliar armamento tecnológico e foco humanista

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A medicina, em sua essência, sempre se tratou de agentes que curavam os males daqueles que necessitavam, mesmo quando feito de maneira primitiva. Uma espécie de arte da cura. Desde o século XX, quando surgiram, as diretrizes curriculares nacionais, responsáveis por guiar o modo de formação do médico nas faculdades, partem deste princípio, mas se modificam constantemente, pautadas especialmente pelos avanços da tecnologia.

Contato com a comunidade
No modelo antigo do curso, os estudantes eram, primeiramente, inseridos nas disciplinas teóricas e só depois colocavam o conhecimento em prática. No modelo atual, a tendência prevista não somente pelas diretrizes nacionais, mas também pela Organização Mundial da Saúde, é de integrar prática e teoria desde o início do curso. Os acadêmicos realizam atendimentos em ambulatórios, conversam com pacientes, esclarecem dúvidas e visitam bairros e unidades de saúde, atividades que contribuem para adquirir uma visão ambulatorial da medicina, para que os alunos saibam não somente realizar procedimentos de tratamento ou cirurgia, mas que saibam também quando não realizá-los, quais cuidados tomar e como identificar as complicações. Um conhecimento dependente do outro.
O coordenador do curso de Medicina no campus de Passo Fundo da Universidade Federal da Fronteira Sul, Júlio Stobbe, explica que colocar os estudantes em contato constante com a comunidade em atendimentos básicos parte do intuito de estabelecer um ensino médico que tenha proximidade com as necessidades da população da região na qual eles se situam.

Currículo generalista
É a partir desta visão preocupada em reconhecer a real situação da saúde no Brasil, em que ainda há regiões com população muito carente, sem recursos suficientes para recorrer às clínicas especializadas, que a faculdade forma um profissional generalista, com noção básica de tudo que permeia a medicina e com capacidade de atender o que for necessário.Especialista em cirurgia do aparelho digestivo e diretor-técnico do Hospital da Cidade de Passo Fundo, Juarez Dal Vesco brinca, dizendo que médico é médico. Não existem adjetivos. “A própria responsabilidade profissional não distingue os especialistas, pelo contrário, ela nos observa como médicos e atribui ao especialista uma responsabilidade maior naquela área de conhecimento da medicina. Este é o médico que nós almejamos: crítico, reflexivo, humanista, profundo conhecedor da biologia do normal e da biologia do patológico”.

Especialização
A maior dificuldade é manter médicos recém-formados interessados neste âmbito abrangente de um clínico geral. A remuneração tende a ser menor e acompanhar tantos avanços e manter-se informado dos assuntos mais prevalentes torna-se difícil em um cenário de constantes mudanças.Portanto, embora a maior parte da população precise deste médico generalista, não há como fugir do campo especializado. Doenças em estágio avançado demandam cuidados e acompanhamentos muito específicos, dos quais um clínico geral não teria tempo suficiente para se aprofundar. Mestre em Cirurgia Digestiva, Lucas Duda Schmitz complementa, “Com a quantidade de informação que temos hoje, é impossível sair da faculdade com a formação especializada. Este outro profissional, que quer partir para a área mais especializada, vai complementar com outros anos de estudo. Hoje se ocupa, no mínimo, cinco ou seis anos a mais de formação. A atualização nos estudos é constante e vai longe”.

A matéria completa você confere na edição impressa do caderno Medicina&Saúde

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