Tem tratamento

Campanha mundial destaca acesso a informação e ação rápida como formas de reduzir os danos de um Acidente Vascular Cerebral. A doença é a segunda principal causa de mortes no Brasil

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A cada ano, 17 milhões de pessoas têm um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no mundo. Dessas, 6,5 milhões morrem e 26 milhões vivem com incapacidade permanente. Só no Brasil, são cerca de 68 mil mortes ao ano. Desde 2011, de acordo com o Ministério da Saúde, a doença – que era a principal causa de morte no País – passou para o segundo lugar, ficando atrás apenas do infarto. Apesar de ser uma doença de alto impacto social, poucos sabem que, se tratada rapidamente - numa janela de até 4h30mim do início dos sintomas - muitas sequelas podem ser reduzidas ou mesmo evitadas.
De acordo com a Rede Brasil AVC, o atendimento especializado aumenta a chance de boa recuperação em 14%, o tratamento trombolítico aumenta a chances de boa evolução em até 30% e a trombectomia mecânica aumenta as chances de independência em mais de 50%. “Se o paciente conseguir reconhecer os sintomas e morar na Capital, provavelmente conseguirá chegar a um hospital com unidade de AVC a tempo de ser atendido. Se residir no interior, entretanto, suas chances são bem reduzidas. Isso porque, de maneira geral, os hospitais fora dos grandes centros urbanos não possuem plantão de neurologistas, especialidade médica capaz de diagnosticar e indicar o tratamento na fase aguda do AVC”, destaca o especialista em tecnologias para a saúde, Fernando Pisa.
O maior problema do AVC é que ele pode acontecer com qualquer pessoa, de qualquer idade e sem dar sinais. O resultado é uma doença que afeta a todos, desde familiares, amigos, até o próprio paciente que, quando sobrevive, tem grandes riscos de apresentar sequelas. Por isso, com o objetivo de reduzir os índices de acidentes, todo o ano, o dia 29 de outubro é lembrado como Dia Mundial da Luta contra o AVC. Com o tema “AVC tem tratamento: vidas podem ser melhoradas com mais conscientização, acesso e ação”, a campanha acontece no mundo todo a partir até este próximo domingo (30).
O objetivo é reconhecer que, apesar do AVC ser problema de saúde pública, existem maneiras de reduzir significativamente o seu impacto. E para esclarecer as principais dúvidas a respeito do AVC e de como evitá-lo, conversamos com o Neurocirurgião do Hospital da Cidade, Luciano B. Manzato.

Medicina&Saúde - O que é o AVC e por que ele é tão perigoso?
Luciano B. Manzato - Existem dois tipos de Acidente Vascular Cerebral (AVC), o isquêmico, quando ocorre oclusão de uma artéria determinando isquemia, e o hemorrágico, quando ocorre a ruptura de um vaso cerebral determinando sangramento. Ambos são perigosos pelo risco de causar seqüela definitiva e até mesmo óbito em alguns casos.

Medicina&Saúde - O AVC ainda é um problema comum no Brasil hoje?
Luciano B. Manzato - Sim, é a maior causa de morte e incapacitação no país segundo dados do governo federal. Ocorrem cerca de 68 mil mortes/ano no Brasil devido a AVCs.

Medicina&Saúde - Quais são os principais sinais de alerta de que uma pessoa está sofrendo um AVC? Existem sintomas que surgem algum tempo antes?
Luciano B. Manzato - A apresentação é muito variada, depende da extensão e do local do AVC. Pacientes geralmente apresentam confusão mental, paralisia de alguma parte do corpo, assimetria facial e no caso do AVC hemorrágico, dor de cabeça súbita. Podem ainda apresentar dificuldade para caminhar, incoordenação motora, dificuldade visual e desmaios.
Os sintomas podem ser súbitos ou iniciar de forma gradativa, com piora progressiva.

Medicina&Saúde - Existem fatores de risco que podem provocar o AVC?
Luciano B. Manzato - Sim. O principal deles é a Hipertensão Arterial Sistêmica (pressão alta). Além disso, tabagismo, diabete, obesidade, dislipidemia (colesterol alto) e sedentarismo também contribuem para tal.
Existem também outras doenças que podem causar AVC, como aneurismas e demais malformações vasculares cerebrais.

Medicina&Saúde - Como deve ser o atendimento de uma pessoa que sofre um AVC? Uma pessoa que já teve um AVC pode ter outro?
Luciano B. Manzato - Todo AVC é uma urgência médica e o paciente deve ser atendido em centro hospitalar com equipe treinada no manejo desta doença. Quanto mais rápido o atendimento maior a chance de melhora do paciente.
Sim, todo paciente que apresentou AVC tem chance maior em apresentar outro, principalmente se não forem controlados os fatores de risco ou se a causa determinante do AVC não for tratada de forma correta.

Medicina&Saúde - É normal que o AVC deixe sequelas no paciente? Essas podem ser tratadas ou são irreversíveis?
Luciano B. Manzato - Sim, geralmente o AVC determina algum grau de seqüela, esta também é muito variável, dependo do local e extensão do AVC. O tratamento da seqüela é a reabilitação e o resultado varia entre cada paciente, pode ser definitiva, parcial ou até apresentar melhora completa.

Medicina&Saúde - Quais os cuidados que um paciente deve ter após sofrer um AVC?
Luciano B. Manzato - Todos os fatores de risco devem ser tratados, as medicações e orientações médicas devem ser rigorosamente obedecidas e deve ser feita a reabilitação, com equipe multiprofissional, envolvendo fisioterapia, fonoaudiologia e muitas vezes a psicologia.

Luciano B. Manzato é Neurocirurgião e Neuroradiologista Intervencionista do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia de Passo Fundo (SNN) e integrante do corpo clínico do Hospital da Cidade de Passo Fundo. Especialista em Neurocirurgia pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. Especialista em Neuroradiologia Intervencionista pela Sociedade Brasileira de Neuroradiologia.

Aplicativo AVC BRASIL

Para motivar ainda mais ações ligadas à prevenção da doença, a AVC Brasil está lançando um aplicativo que pode ser baixado gratuitamente nas principais lojas virtuais dos sistemas ANDROID e IOS.
O aplicativo AVC traz como conteúdo informações sobre os principais sinais e sintomas, orientações sobre como prevenir o AVC, relação de hospitais especializados para o tratamento da doença, com endereço completo, com mapa e distância a ser percorrida até a unidade mais próxima, sempre atualizada por geolocalização, ou seja, a relação de unidades de especializadas de assistência será atualizada automaticamente, de acordo com a cidade onde o usuário estiver no momento do acesso.
O Aplicativo AVC Brasil também disponibiliza para o seu usuário a função de discagem emergencial com três botões de chamada instantânea. A pessoa poderá ligar, com apenas dois toques na tela do celular, para três opções de números: SAMU 192, um número telefônico de pessoa próxima ou de um serviço pré-hospitalar contratado.

 

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