UPF e HSVP desenvolvem serviço de Pet Terapia

Animais auxiliam na recuperação de crianças e idosos internados no Hospital São Vicente de Paulo

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A área da saúde está aumentando suas apostas no papel que os animais podem ter na recuperação de pacientes. E foi pensando em amenizar o estresse do processo de internação hospitalar que a Universidade de Passo Fundo (UPF) e o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) implantaram um serviço inovador e humanizador: a Terapia Assistida por Animais (TAA) em hospitais. O serviço está sendo oferecido, inicialmente, para crianças e idosos internados no HSVP. 

O projeto completa um ano neste mês de novembro. Foram muitas reuniões, pesquisas, conversas e testes para superação dos paradigmas que envolvem esse serviço. A parte prática iniciou em abril deste ano. A iniciativa foi idealizada pelos Programas de Residência Multiprofissional UPF em conjunto com a Residência Profissional Integrada em Medicina Veterinária, e sugerida ao HSVP, que aceitou e incentivou a implantação da Pet Terapia no ambiente hospitalar. “A Terapia Assistida por Animais, mais conhecida como Pet Terapia, são sessões realizadas com pacientes e animais em um espaço hospitalar, promovendo um processo de humanização, conforto, relaxamento, descontração, oportunizando ao paciente um momento mais lúdico durante sua internação hospitalar”, explica a coordenadora dos Programas de Residência Multiprofissional, professora Sandra Maria Vanini.

O projeto envolve residentes das áreas de enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição e medicina veterinária, que trabalham em conjunto para atender as sessões, que acontecem nas terças e quintas-feiras. As sessões para idosos são feitas em uma sala específica para a realização da Pet Terapia. Os idosos também são atendidos no pátio da Instituição, quando os cães são de grande porte. Já para as crianças, o serviço acontece na Pediatria, na sala da Brinquedoteca, com cachorros de pequeno porte.  Cerca de 80 crianças e 50 idosos já receberam a visita dos animais, que por enquanto se restringem a cães. “As salas são preparadas previamente. A desinfecção dos locais é feita antes e depois das sessões, conforme protocolo estabelecido junto ao Controle de Infecção do Hospital”, pontua Sandra.

Esta terapia está sendo vista como algo inovador e que pode contribuir positivamente para a evolução do quadro clínico dos pacientes. Essa técnica é reconhecida cientificamente em vários países como os Estados Unidos, Canadá e França. O objetivo da Pet Terapia não é promover a cura de doenças, mas proporcionar benefícios físicos e mentais aos pacientes, envolvendo desde a melhoria da capacidade motora, até o aumento da sociabilidade e da autoestima. “Os benefícios são muitos: alívio da ansiedade, descontração, alegria, resgate de memórias. Tem idosos que se preparam para as sessões, tomam banho, se arrumam. Eles ficam ansiosos pelo dia da Pet Terapia. Ainda não fizemos a aferição de resultados, mas notamos que os pacientes começam a responder melhor ao tratamento. Queremos oferecer algo diferente, que o paciente jamais imaginaria encontrar dentro do ambiente hospitalar”, destaca a coordenadora dos Programas de Residência Multiprofissional UPF.

A prioridade é atender pacientes mais crônicos e que estão há mais tempo hospitalizados. Para participar é necessário a autorização médica, do paciente e da família. Para os profissionais da saúde que sempre estão em busca de alternativas para humanizar a assistência aos pacientes internados, a Pet Terapia está alcançando resultados positivos. “Estou desde o início do projeto. Num primeiro momento ficamos pensando se daria certo, porque animais em hospitais ainda são vistos como um tabu. Mas trabalhamos e conseguimos realizar o projeto. É muito gratificante ver o paciente sorrindo, alegre. A resposta está sendo muito positiva”, declara a residente em enfermagem, Ana Cláudia Roman Ros.

A paciente Maria Reolon, 62 anos, internada há 70 dias, ficou numa alegria só ao ver a Aurora, uma fêmea da raça Bernese, de grande porte e muito dócil. Esta foi a segunda sessão de Pet Terapia da dona Maria. “O animal só falta falar. A gente sente uma alegria de ver o bichinho, chega a melhorar só de passar a mão”, comenta a paciente.

Cães passam por avaliação 
Participam atualmente 16 cães, mas a ideia é aumentar para 24. O projeto também está em busca de novos animais como gatos, coelhos e calopsitas. Participam da Pet Terapia, animais com a saúde em dia, que gostam de carinho e de pessoas desconhecidas. O perfil dos tutores dos animais também é avaliado. “Os cães passam por uma avaliação clínica, exames laboratoriais e exame comportamental. Todos esses exames são acompanhados por residentes veterinários, por um adestrador parceiro do projeto e por mim”, esclarece a coordenadora da Residência Profissional Integrada em Medicina Veterinária da UPF, professora Michelli de Ataídes.

Nos dias das sessões, os veterinários residentes são responsáveis pela integridade, comportamento e tutoria desses animais. “Não treinamos os animais. Isso não tornaria a sessão espontânea, que é o que queremos. Os animais escalados para as sessões, tomam banho com antibactericida, fazem limpeza bucal para não carregar microrganismos aos pacientes que passarão pela Pet Terapia”, revela a professora.

O objetivo do projeto é favorecer a interação entre os animais e os pacientes hospitalizados. “Carinho e atenção não fazem mal a ninguém. E os animais têm de sobra esses remédios. Já existem muitos hospitais no Brasil e no mundo que favorecem essa interação com animais e está comprovadamente em muitas pesquisas que o convívio e interação com animais aumentam a resposta imunológica de humanos. A Pet Terapia não faz bem só para os pacientes. Os tutores dos cães informam que, após o trabalho, eles voltam felizes, interagem mais com os próprios donos e se alimentam com mais felicidade”, observa Michelli.

O residente em Medicina Veterinária, Felipe Barreto, afirma que o projeto ajuda a diminuir o estresse do ambiente hospitalar. “O intuito é poder trazer os animais para o ambiente hospitalar pra tentar promover uma melhor qualidade de vida para os pacientes”, enfatizou Felipe.

A paciente Ana Gabriela de Oliveira Godois, de 6 anos, ficou muito alegre ao ver o Valentino, um cão de pequeno porte, sem raça definida. Durante a sessão, Ana Gabriela escovou o pelo, conversou com ele e fez muito carinho no Valentino. “Ele tem cheiro de morango. É muito gostoso. Ele é um querido”, definiu a menina. A vó dela disse que Ana Gabriela estava ansiosa pela sessão. “Cachorro no hospital é novidade. A Ana fica alegre e a sessão faz bem pra ela e pra nós”, assegurou a vó. 

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