No Dia Mundial do Diabetes, lembrado no dia 14 de novembro, a Federação Internacional do Diabetes faz um alerta: um em cada dois adultos com a doença não está diagnosticado e, portanto, não tem ciência de sua condição e não toma os devidos cuidados.
Dados da entidade mostram que a doença segue crescendo em todo o mundo: ao todo, 415 milhões de adultos viviam com diabetes em 2015. A previsão é de que esse número chegue a 642 milhões em 2040 – uma proporção de um adulto diabético para cada dez adultos no planeta.“Muitas pessoas vivem com diabetes tipo 2 por muito tempo sem que tenham ciência de sua condição. Quando recebem o diagnóstico, as complicações provocadas pela doença podem já estar presentes”, destaca a federação.
Os números mostram ainda que até 70% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser prevenidos por meio da adoção de hábitos mais saudáveis. A quantia deve representar cerca de 160 milhões de pacientes até 2040. “Diante de índices crescentes de subnutrição e de baixa atividade física entre crianças de diversos países, o diabetes tipo 2 na infância tem potencial para se tornar um problema de saúde pública global, provocando sérias consequências”, acrescenta a entidade.
De acordo com a enfermeira especialista em Cardiologia do Hospital da Cidade, Sandra Biasuz, a maior dificuldade no diagnóstico está no fato de ser uma doença silenciosa. “No início o paciente começa a ter sintomas abruptos, que nunca teve antes, e que podem ser confundidos com outras coisas. Desde muita sede, emagrecimento, em alguns casos mais graves um pouco de sudorese, fraqueza, tontura e que são sintomas bem comuns, não são específicos da diabetes. Então muitas pessoas levam tempo até procurar ajuda médica e diagnosticar a doença”, comenta.
Entre as principais complicações que a doença pode trazer Sandra lista principalmente problemas cardiovasculares e renais. “A diabetes tem complicações bem graves. Ela é considerada uma doença multissistêmica e pode atingir os rins, o coração, o cérebro. Assim, ela é um fator de risco para AVC, para infartos, pode causar insuficiência renal, ou seja, ela atinge os órgãos alvo, além de poder causar o pé diabético, que é bastante conhecido, cegueira e até mesmo amputação de membros inferiores”, alerta.
Mulheres são mais suscetíveis
Em 2013, a Pesquisa Nacional de Saúde – PNS estimou que, no Brasil, 6,2% da população com 18 anos ou mais de idade referiram diagnóstico médico de diabetes, sendo de 7% nas mulheres e de 5,4% nos homens. O diabetes exerce um impacto maior nas artérias femininas do que nas masculinas. O fato é comprovado cientificamente, mas ainda não se sabe a razão.
Prevenção e tratamento
O tratamento inclui medicações de uso oral e opções injetáveis, como a insulina. Há vários tipos de insulina no mercado, algumas de ação rápida, outras de ação lenta, e a combinação delas são necessárias em alguns casos. Associado ao uso das medicações é preciso fazer uma dieta com carboidratos complexos (farinha integral e sem açúcar), perder peso quando for o caso e realizar atividades físicas, tanto aeróbicas quanto anaeróbicas.
Para Sandra, prevenir e tratar o diabetes implica em uma mudança nos hábitos de vida como fazer exercícios físicos regularmente, manter uma dieta balanceada, evitar o sobrepeso, conhecer o histórico familiar e fazer exames periódicos. “Hoje já está comprovado que o exercício físico faz total diferença na produção de insulina do nosso organismo, então pessoas que fazem exercício têm menor resistência à insulina e é ela que está relacionada ao diabetes tipo 2”, destaca.
Quanto à alimentação, a enfermeira alerta para os riscos do consumo excessivo de carboidratos, açúcares, alimentos industrializados e farináceos. “Muitas pessoas ainda têm dificuldade de entender que a massa, a batata também tem carboidratos e estão diretamente relacionadas à produção de glicose, que é a causa da diabetes”, lembra.
A detecção da doença deve ser feita com exames periódicos de glicemia. “Quando a gente fala em prevenção primária em saúde esse é um exame básico que todos os médicos pedem, ao lado de outros como de colesterol e triglicerídeos. Quando a gente fala em risco cardiológico principalmente, ele é essencial”, comenta. Para facilitar, Sandra lembra que hoje está disponível o teste rápido, HGT, que com apenas uma gota de sangue consegue medir o índice glicêmico. “Isso facilitou bastante o resultado, mas o que a gente tem que abrir são as portas do nosso sistema de saúde para que as pessoas tenham acesso a esses testes. Enquanto for difícil o paciente chegar até o sistema de saúde, os diagnósticos vão continuar sendo difíceis de ser feitos”, finaliza.
Alguns números sobre a doença divulgados pela Sociedade Brasileira de Diabetes:
- Atualmente, há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes no Brasil, o que representa 6,9% da população
- Estima-se que a população mundial com diabetes seja da ordem de 387 milhões e que alcance 471 milhões em 2035
- Cerca de 80% dos indivíduos com diabetes vivem em países em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade e há crescente proporção de pessoas acometidas em grupos etários mais jovens.
- Os gastos diretos com o diabetes variam entre 2,5 e 15% do orçamento anual da saúde de um país, dependendo de sua prevalência e do grau de complexidade do tratamento disponível. Estimativas do custo direto para o Brasil oscilam em torno de 3,9 bilhões de dólares, em comparação com 0,8 bilhão para a Argentina e 2 bilhões para o México
- A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que mais de 550 milhões de pessoas em todo mundo terão a doença até 2035.
Sinais e sintomas
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o desencadeamento do diabetes tipo 1 é geralmente repentino e dramático e pode incluir sintomas como:
- sede excessiva
- rápida perda de peso
- fome exagerada
- cansaço inexplicável
- muita vontade de urinar
- má cicatrização
- visão embaçada
- falta de interesse e de concentração
- vômitos e dores estomacais, frequentemente diagnosticados como gripe.
Ainda segundo a entidade, os mesmos sinais podem ser observados em pessoas com diabetes tipo 2, mas, geralmente, eles se apresentam de forma menos evidente. Em crianças com diabetes tipo 2, os sintomas podem ser moderados ou até mesmo ausentes.
A data
O Dia Mundial do Diabetes foi criado em 1991 pela Federação Internacional do Diabetes em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em resposta às preocupações sobre os crescentes números de diagnóstico no mundo.
A data tornou-se oficial pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2007, com a aprovação da Resolução das Nações Unidas 61/225. O dia 14 de novembro foi escolhido por marcar o aniversário de Frederick Banting que, junto com Charles Best, concebeu a ideia que levou à descoberta da insulina em 1921.