Novidades do Congresso da American Society of Hematology 2016

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De 02 a 06 de dezembro de 2016, a Dra. Moema Nene Santos, médica hematologista do Instituto do Câncer do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, participou do Congresso da American Society of Hematology, em San Diego na Califórnia, EUA.
Segundo Dra. Moema, o evento trouxe uma novidade importante para o setor da hemoterapia, que representa a realização de um sonho, junto às novas pesquisas e trabalhos que visam beneficiar aqueles pacientes que não podem ou mesmo não desejam receber transfusão de sangue. “Trata-se do surgimento de pesquisas sobre um carregador artificial de oxigênio, que tem a função da célula eritróide, conhecida como a célula vermelha da nossa circulação sanguínea, que recebemos na transfusão, o Erythromer. Esta célula vermelha é artificial biosintética, e vem sendo extensamente avaliada e testada para ser uma terapêutica inovadora”.
A hematologista explica que em relação às doenças benignas, a novidade foi a apresentação da medicação chamada Sel G1, medicamento que melhora a qualidade de vida de pacientes que tratam anemia falciforme. “Esta apresentação significou umanticorpo humanizado no tratamento das anemias falciformes, um tipo de anemia hereditária, de origem familiar associada a muitos sintomas clínicos relacionados não somente à anemia, mas também a quadros infecciosos recorrentes e crises de dor”.
Nas hemofilias do tipo B, doença que compromete a coagulacão, exige reposição constante para melhorar a coagulação e evitar hemorragias severas, foram apresentados novos tratamentos à base de manipulação laboratorial com um adenovirus. Nesse sentido, Dra. Moema destaca que essa terapia consiste em medir a transferência de genes ligados a deficiência deste fator específico de coagulacão, levando a um aumento desse fator que está em falta na corrente sanguínea.
Em relação ao tratamento dos Linfomas de Hodgkin, ela pontua que os medicamentos conhecidos como terapia célula-alvo como o nivolumab (anti pd1) e pembrolizumab também foram evidenciados. “Estudos atuais mostraram que seu uso leva a respostas clínicas importantes no tratamento desta doença em alguns pacientes, que não responderam à terapia padrão atual”, ressaltou.
Ainda foram avaliados os Linfomas Não Hodgkin de alto grau que não respondem aos tratamentos iniciais. Neste sentido, Dra. Moema menciona que existem algumas alterações moleculares presentes em alguns subtipos específicos, e que levam a uma pior resposta, devendo ser tratados com esquemas terapêuticos mais intensivos, conforme foi apresentado.
O congresso também abordou que medicamentos novos como venetoclax tem sido avaliados em pacientes com Linfomas não Hodgkin de baixo grau, ou em associação naqueles pacientes com linfomas não respondedores à terapia inicial. Além de pacientes com Leucemias Linfocíticas Crônicas, bem como demais medicamentos como ibrutinibe e segunda linha de imunoterápicos (obinutuzumabe, ofatumumabe).
Em pacientes portadores de Mieloma Múltiplo, Dra. Moema considerou que a imunoterapia tem atingido maior força em pacientes com doença recidivada ou refratária. “Vários estudos estão avaliando imunoterapia em linhas mais iniciais de tratamento (daratumumabe, elotuzumabe, etc) e estes pacientes, hoje, têm sido vistos como portadores de doença crônica, que devem manter-se sempre em acompanhamento”.
Desta forma, a hematologista afirma que a imunoterapia no tratamento atual do câncer é a terapia mais promissora, tendo em vista a sua seletividade, o seu potencial curativo e sua baixa toxicidade. “Com destaque a novos anticorpos monoclonais em surgimento e para as células T, células próprias de defesa do organismo, geneticamente modificadas com receptors de antígenos, que foram capazes de induzir potente resposta anti tumoral, a chamada terapia CART CELL. Nesse aspecto, vários estudos clínicos mostram a utilização de alguns tipos de células próprias da nossa defesa para o tratamento de vários tipos de câncer”.

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