Desde 2013,com a entrada do especialista em ortopedia oncológica e pediátrica, Marcos Ceita Nunes, no corpo clínico do grupo IOT Passo Fundo, foram realizados 328 procedimentos para o tratamento de tumores ósseos. O ortopedista explica que ocorreu um aumento significativo no numero de atendimento e procedimentos cirúrgicos no ano de 2016. Um exemplo deste aumento foi o número de cirurgias para retirada de tumores ósseos primários que acometem crianças e adolescentes (Osteossarcoma e Sarcoma de Ewing) e que estão entre os mais raros: em 2013 foram realizados 3 procedimentos cirúrgicos de grande porte e, em 2016, esse número subiu para 9, aproximando-se da estatística dos grande centros oncológicos do pais. “São tumores raros cujo tratamento é complexo. Existem poucos centros e profissionais especializados no país com capacidade para tratar esta patologia”, revela Nunes.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cancerologia o câncer ósseo primário é pouco frequente, mesmo assim, o número de casos vem crescendo progressivamente, 2.700 casos novos são registrados por ano no país. “Sabe-se que o número de pacientes acometidos tem aumentado. Porém, isto tem mais relação à eficácia de novos métodos diagnósticos, maior conhecimento da doença e de centros de tratamento para onde um maior número de pacientes é encaminhado”, explica o especialista.
Mas afinal, o que é câncer ósseo?
De acordo com o ortopedista, o câncer ósseo, conhecido como sarcoma, está ligado a uma origem genética. O câncer que mais comumente acomete o sistema esquelético são as metástases de câncer de mama, próstata, pulmão e rim.
A patologia costuma acometer os extremos da vida, por exemplo, o Osteossarcoma e o Sarcoma de Ewing atingem, preferencialmente, crianças. As metástases, mieloma e condrossarcoma acometem pessoas com idade mais avançada. Os sintomas iniciais da doença são dor e presença de massa no local afetado. “Muitas pessoas relacionam o aparecimento do tumor com um trauma, percebem ele quando estão praticando um esporte, ou após queda, por exemplo. Porém este trauma não é a causa do tumor, a origem do tumor é genética, mas não hereditária”, explica.
Avanços no tratamento
A área de ortopedia oncológica obteve avanços consideráveis nos últimos dez anos. Com a chegada de ortopedistas especializados no mercado, os casos de amputações e as desarticulações diminuem, já que estes médicos também são capacitados para realizar a reconstrução dos membros afetadoscom a utilização de endopróteses e enxerto de osso. “Todo o tumor maligno deve ser retirado com margem de segurança, por isso ocorrem grandes perdas ósseas nos procedimentos cirúrgicos o que traz o desafio da reconstrução do local afetado”, revela o médico.
Ele explica que, atualmente, com um maior conhecimento desse tipo de câncer e com o avanço nos métodos de quimioterapia, dificilmente é realizada amputação. “Utilizamos métodos de reconstrução com material biológico como enxerto de osso retirado do próprio paciente, aparelhos para alongamento e transporte ósseo, temos em Passo Fundo um Banco de Osso, onde podemos utilizar osso de doador para fazer as reconstruções”, relata Nunes.Ele releva que praticamente todos os casos são tratados com reconstrução e, em alguns casos, foi possível liberar o paciente para caminhar no dia seguinte, com auxílio da equipe de fisioterapia.“O objetivo desse tipo de cirurgia é fazer com que o paciente retorne as suas atividades o quanto antes e com a menor perda de função possível. Assim todo o paciente que é submetido a esses tipos de procedimentos necessita de um período de reabilitação e geralmente acabam muito bem, praticamente sem limitações, podendo ter uma excelente qualidade de vida, alguns até voltam a praticar esportes”, comenta.
O tratamento para o câncer ósseo é realizado com uma equipe multidisciplinar que envolve o ortopedista oncológico, oncologista clínico, radioterapeuta, patologista, radiologista, fisioterapeutas, equipe de enfermagem e de apoio psicológico. No geral esses tumores são tratados com quimioterapia e cirurgia para retirada do tumor e reconstrução do osso acometido.
Pacientes com qualidade de vida
Rodrigo Cavalin Ruviaro, de 22 anos, começou a perceber os sintomas do câncer ósseo em uma partida de futebol. “A primeira dor que senti ocorreu durante um jogo de futebol, mas era uma dor leve. Passou um tempo, eu estava na praia, as dores ficaram muito intensas e percebi um inchaço muito grande no joelho”, explica. Inicialmente Rodrigo buscou o serviço ortopédico de joelho do IOT, mas, após os exames iniciais, ele foi encaminhado para o Dr Marcos, no setor oncológico do grupo. O médico diagnosticou o tumor na região do fêmur que também afeta o joelho. “Ele sempre foi bastante atencioso e também realista comigo. Logo me explicou que era uma doença grave e como funcionaria o tratamento”, revela. Rodrigo também foi encaminhado para o oncologista clínico Pablo Santiago, responsável pelo tratamento quimioterápico. Após algumas sessões de quimioterapia, o paciente passou pelo procedimento de retirada do tumor com o ortopedista do IOT. Foram um ano e dez meses de tratamento contando todas as sessões de quimioterapia. “O atendimento foi excelente, agradeço toda a equipe de profissionais que realizaram o meu tratamento, principalmente o Dr Marcos, que realizou a minha cirurgia, e o Dr Pablo, que ministrou a minha quimioterapia. Se não fosse por eles eu não estaria aqui hoje”, revela.
Atualmente Rodrigo vive uma rotina normal e com qualidade de vida. “Contei com o apoio da minha família, meus amigos, minha namorada e hoje tenho uma vida normal. Meus amigos foram me visitar, rasparam o cabelo comigo, conseguimos superar tudo com muita garra e hoje estou bem. Claro, tenho uma prótese de titânio, então não posso realizar atividades de impacto, mas a minha vida é normal: trabalho,vou pra festas, tudo o que um jovem da minha idade realiza”, explica.