Muito se fala na importância de atividades físicas como uma forma de prevenir doenças, mas pouca gente sabe que a prática de algum exercício pode também ser uma aliada no tratamento. Segundo dados do Ministério da Saúde, doenças crônicas como as cardiovasculares, estão entre as maiores causas de mortalidade entre adultos e idosos e apesar de a herança genética ser um fator importante no aparecimento dessas doenças, as principais causas estão associadas a fatores ambientais e ao estilo de vida das pessoas. A estimativa do Ministério é que 75% dos casos novos de doenças não-transmissíveis poderiam ser explicados por uma dieta desequilibrada e pelo sedentarismo.
Em função disso, muitos estudos têm sido desenvolvidos para tentar entender o poder que o exercício físico tem, não apenas como forma de evitar esse tipo de doença, mas também como um aliado no tratamento, quase como um remédio, com a única diferença de ser um remédio mais agradável. De acordo com especialistas, hoje, inúmeras doenças podem ser tratadas com atividade física, indo contra uma crença antiga de que pessoas doentes deveriam passar longe de qualquer tipo de exercício. “A atividade física está inteiramente ligada ao bem estar físico e psíquico, sendo aliada na promoção e recuperação da saúde, atuando na prevenção e manutenção de doenças precoces e doenças crônicas como tratamento não farmacológico”, destaca a educadora física do Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes, Cláudia Colombelli.
De acordo com Cláudia, em pacientes em tratamento, a prática de algum tipo de atividade física traz, não apenas uma mudança no estilo de vida, estimulando práticas mais saudáveis, mas também a redução das chances de complicações e melhora na qualidade de vida e bem estar. Outro benefício importante da prática de atividades está relacionado diretamente à questão emocional. “A atividade física atua beneficamente no desenvolvimento e melhora da saúde mental auxiliando na diminuição do estresse e ansiedade promovendo a produção e liberação da endorfina (neuro-hormônio) auxiliando na sensação de bem estar e prazer”, explica.
Melhora da auto-estima e combate ao estresse
Estudos sobre os efeitos psíquicos da atividade física demonstram que a prática regular de exercícios pode melhorar o humor e a auto-estima devido à produção de endorfina. Pesquisas importantes mostram que a atividade física pode, também, combater a depressão e a ansiedade.
Atividade física como aliada no tratamento do câncer
Sabe-se que os pacientes em tratamento contra o câncer podem apresentar algumas limitações físicas, funcionais e emocionais, tanto quando submetidos ao tratamento, tanto cirúrgico quanto ao clínico (quimioterapia e radioterapia). Esses fatores podem prejudicar ou até contra indicar algumas atividades da sua vida diária. Para reverter esses efeitos, médicos têm apostado em algo simples, mas com grandes resultados: a fisioterapia.
Segundo a fisioterapeuta do Hospital da Cidade Andréia Ribeiro, a fisioterapia durante o tratamento oncológico tem como objetivo preservar, desenvolver e restaurar a integridade de órgãos e sistemas do paciente, assim como, prevenir e amenizar distúrbios causados pelo tratamento, atuando no pré e no pós-operatório e durante os tratamentos de quimioterapia e radioterapia. “Seu principal objetivo é mostrar ao paciente a necessidade de retomar suas atividades de vida diária e oferecer condições para isso, melhorando assim sua qualidade de vida”, explica.
A diferença, de acordo com a fisioterapeuta, é visível. “Na minha prática diária observo que os pacientes que praticam algum tipo de atividade física regular associada ao tratamento de sua doença, quando comparados aos que não praticam, apresentam mais frequentemente melhores resultados e mais rápida evolução o seu tratamento”, comenta.
Entre os principais benefícios, Andréia destaca que a prática de atividade física durante o tratamento pode auxiliar na redução dos efeitos colaterais e contribuir para a sensação de bem-estar do paciente. “Programas regulares de exercício físico quando orientado por um profissional capacitado para tal, podem ser excelentes estratégias para otimizar a qualidade de vida dos pacientes”, ressalta.
Como a prática pode ser incorporada ao tratamento
Para Andréia, embora haja inúmeras razões para ser fisicamente ativo durante o tratamento seja qual for o diagnóstico, a atividade física deve ser baseada no que é seguro, eficaz e agradável para cada paciente, adaptando-a as suas necessidades. Ainda segundo ela, é importante lembrar que a indicação da atividade física deve levar em consideração o diagnóstico da doença, o tipo de tratamento, o condicionamento físico, respeitando a individualidade de cada paciente. “Certifique-se que o profissional que irá elaborar a sua rotina de exercícios conheça seu diagnóstico e suas limitações. Sempre lembrado a importância do trabalho multidisciplinar entre os profissionais envolvidos”, finaliza.
Como a atividade física regular pode ajudar a enfrentar doenças:
Asma
– Melhora a mecânica respiratória e previne as alterações toráxicas e posturais
– Aumenta a tolerância ao exercício e a capacidade de trabalho, com menor desconforto e broncoespasmo
Câncer
– Contribui para a melhora da capacidade funcional e do sistema imunológico, além de reduzir a fadiga imposta pelo tratamento
– Diminui a perda de força muscular e da densidade mineral óssea
Diabetes
– Diminui a hemoglobina glicosilada
– Reduz fatores de risco, doenças cardiovasculares e a síndrome metabólica
Fibromialgia
– Aumenta as endorfinas endógenas e diminui os pontos dolorosos
– Melhora a qualidade do sono e humor
Osteoporose
– Aumenta a massa óssea e melhora o equilíbrio
– Reduz o risco de quedas e possíveis fraturas
Hipertensão
– Diminui o sobrepeso, uma das principais causas da doença
– Diminui o risco de acidente cardiovascular
Varizes
– Melhora a circulação periférica e a força dos membros inferiores, auxiliando no retorno venoso
Hérnia de disco
– Reduz o sobrepeso e, consequentemente, a sobrecarga sobre as articulações da coluna vertebral
– Fortalece a musculatura paravertebral, abdominal e da área central do corpo
Colaboraram
Cláudia Colombelli - educadora física, atua no Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes
Andréia Ribeiro - fisioterapeuta do Hospital da Cidade de Passo Fundo; Especialista em Fisioterapia em Oncologia