AVC exige atendimento ágil e resolutivo

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Embora existam poucos dados sobre prevalência de acidente vascular cerebral (AVC) no Brasil, em 2016, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Ministério da Saúde, estimou 2.231.000 pessoas com AVC e 568.000 com incapacidade grave. A prevalência pontual foi 1,6% em homens e 1,4% em mulheres, e a de incapacidade 29,5% em homens e de 21,5% em mulheres. Os dados ainda mostram altas taxas de prevalência de AVC, principalmente, em indivíduos mais idosos, sem educação formal e moradores de centros urbanos.

Diante desta realidade alarmante, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, através de sua unidade de AVC, está focado no treinamento permanente da equipe médica e multiprofissional. O objetivo é atender o paciente com suspeita de AVC, rapidamente, para estabilizar o quadro, reduzir e evitar ao máximo as sequelas, um dos efeitos mais temidos pelo paciente e seus familiares.

O neurocirurgião Dr. Cassiano Crusius, que atua no corpo clínico do HSVP, afirma que atualmente, o AVC está entre as causas mais comuns de morte no Brasil. Por isso, a importância de diagnosticar brevemente, para que todas as condutas sejam tomadas e o paciente não tenha sua capacidade comprometida.

Segundo o especialista, o AVC é uma doença que atinge artérias do cérebro. Pode ser hemorrágico, quando há ruptura de artéria e posterior derramamento de sangue, e isquêmico, que consiste na oclusão ou entupimento de artéria cerebral. “85% dos casos são isquêmicos e o restante hemorrágicos”, dimensiona Crusius. Os sintomas que as pessoas devem prestar atenção são boca e língua desviadas para um dos lados, fraqueza para erguer um dos braços, dificuldade para visual e para falar. Entre os fatores de risco para AVC, o neurocirurgião cita diabetes, hipertensão, colesterol alto, sedentarismo e cigarro. O perfil de pacientes que predispõe a doença são homens e mulheres acima dos 60 anos.

Estudos internacionais apontam, conforme Crusius, que se os isquêmicos forem tratados em até quatros horas e meia, tempo da chamada janela terapêutica, há grandes possibilidades de diminuir as sequelas. “Em razão de que não é imediata a vinda do paciente com AVC para o hospital, nós reforçamos às equipes a importância de agir rapidamente, assim que o paciente chegar. Após a realização de exames, trabalhamos com um protocolo que preconiza o uso de medicação (trombolítico) para desobstrução da artéria comprometida”.

Se esse processo ocorrer de forma ágil, nas primeiras horas, o paciente já irá demonstrar sinais de recuperação. Recentemente, Crusius atendeu um paciente de Marau, de 65 anos, que acordou, foi para ginástica e apresentou dificuldade de fala e leve déficit na mão direita. Em virtude de não esperar muito tempo em casa, chegou na Emergência do HSVP com duas horas de evolução dos sintomas. Ao dar entrada na unidade, o paciente recebeu trombolítico e em uma hora, já apresentava melhoras dos sintomas.

Depois que a pessoa tem AVC pela primeira vez, de acordo com o neurocirurgião, ela fica mais suscetível a desenvolver a doença novamente. “Para evitar que o paciente tenha um novo AVC, fazemos uma investigação para apurar as causas, que podem ser provenientes de uma placa de gordura na carótida (pescoço) que vai para a artéria do cérebro”, exemplifica o especialista, uma das hipóteses da doença.

Equipe treinada é fundamental

No HSVP, são atendidos em torno de 60 casos de acidente vascular cerebral por mês. E para aumentar a resolutividade no atendimento, neurologistas, equipes multiprofissionais da Emergência, técnicos de Radiologia, médicos residentes, profissionais de outros setores e equipe do SAMU de Passo Fundo, participaram de treinamento promovido pela Medtronic.

O encontro oportunizou a explanação e debate sobre diversos temas relacionados ao AVC, que foram apresentados por especialistas da Medtronic e Hospital São Vicente de Paulo. O foco principal foi a abordagem de um aplicativo chamado Join, que tem funcionamento semelhante ao WhatsApp, para melhorar a comunicação entre a equipe envolvida no atendimento de um paciente com suspeita de AVC. “Esta ferramenta é importante para mobilizar a equipe, transmitir informações sobre o paciente e todos agirem com o propósito de atender dentro do tempo da janela terapêutica, e assim termos uma boa evolução do paciente”, constata Crusius.

Em paralelo com o uso do aplicativo, o neurocirurgião reforça que o treinamento dos profissionais para diagnosticar e tratar o mais breve possível são as atitudes que farão toda a diferença, para salvar a vida da pessoa com esse problema.

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