Predisposição genética e fatores externos são os grandes vilões dos pés femininos

Uma pedra no sapato de muitas mulheres, o joanete é um problema progressivo que pode evoluir para um quadro doloroso e incapacitante.

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Ele incomoda, dói, deforma os pés e causa desconforto ao calçar os sapatos. Tormento para muitas mulheres, o joanete é uma deformidade bastante comum que acomete 25-30 % da população feminina adulta, sendo de 9 a 10 vezes mais frequente em mulheres do que em homens. Apesar de aparentar ser um problema estético, o joanete, conhecido cientificamente por hallux valgus, trata-se de uma patologia multifatorial, onde a predisposição genética (história familiar) e os fatores externos (sapato de salto alto e de bico fino) são decisivos na produção da deformidade.

O ortopedista do IOT, especialista em pé, Gilberto Matos do Nascimento, explica que o joanete trata-se de uma deformidade do antepé, caracterizado pelo desvio do primeiro metatarso, gerando uma saliência óssea na borda interna do pé ao nível da articulação do hallux (dedão). O aumento de volume e a bursite (processo inflamatório), determinados pelo desvio, são responsáveis pela geração do quadro doloroso.

Sintomas
O joanete em alguns casos é assintomático, mas quando os sintomas se manifestam pode-se observar dor, rubor, calor devido ao processo inflamatório na articulação; rigidez do dedo deslocado; alteração da pisada pela dor ou pela desestruturação que o pé adquire com o impacto e uso dos sapatos.

Diagnóstico
O diagnostico é realizado no consultório médico através do exame físico. Exames de raio X costumam ser úteis para determinar a classificação da deformidade permitindo, assim, formular um plano de tratamento.

Tratamento
O tratamento consiste na correção óssea da deformidade através da cirurgia. Os métodos de tratamento não cirúrgicos (corteses, espaçadores) não têm capacidade de correção da deformidade, são paliativos e têm o objetivo de aliviar o desconforto e a dor do antepé.

Cirurgia
A cirurgia para correção do joanete avançou muito nos últimos anos. Com técnicas mais modernas, menos invasivas e mais eficazes, a cirurgia traz bons resultados, permitindo corrigir a deformidade de forma adequada e sem causar grandes traumas. No IOT Passo Fundo são realizados aproximadamente 15 a 20 procedimentos cirúrgicos, totalizando uma média de 200 procedimentos por ano. Apesar disso, mesmo com a evolução da medicina, Dr. Gilberto ressalva que o tratamento cirúrgico só é indicado quando a dor do paciente impede que ele realize suas atividades diárias ou tenha dificuldade para colocar calçados fechados.

“Existem muitas técnicas que permitem corrigir a deformidade, a fim de eliminar os sintomas dolorosos e restaurar as funções perdidas. Elas são determinadas pela gravidade da deformidade, e podem variar desde uma osteotomia (corte ósseo para reposicionamento) até uma artrodese (bloqueio articular)”, acrescenta.

Recuperação
De acordo com o ortopedista, a recuperação depende de qual tipo de cirurgia foi realizada. “Normalmente o paciente tem alta no dia seguinte após a cirurgia e pode apoiar o pé no chão com a utilização de um calçado específico que permite a utilização mesmo com o curativo. Com 15 dias são retirados os pontos e o paciente é acompanhado no consultório até sua recuperação completa”. O inchaço do pé regride lentamente, o que dificulta a colocação de calçados comuns durante os três primeiros meses.

Prevenção
Uma vez desenvolvido o joanete o único tratamento eficaz para corrigi-lo é a cirurgia. Por esse motivo, o grande segredo é prevenir. O uso de calçados inadequados, principalmente os de salto alto com bico fino, é responsável por 90% dos casos do problema. Sapatos de salto deslocam o peso do pé para frente, enquanto os apertados estreitam os dedos forçando a estrutura, gerando, assim, um efeito cumulativo. O sapato adequado é o primeiro passo para prevenir joanete. 

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