O mês de março é vermelho para fazer um alerta sobre a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer de rim. No Brasil são diagnosticados aproximadamente sete mil novos casos a cada ano, o que representa 2-3% das neoplasias malignas do adulto. Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, existem vários tipos de câncer no rim. A doença atinge principalmente homens com idade entre 50 e 70 anos. O tratamento depende do estado clínico do paciente, do tamanho e da extensão da lesão, mas a remoção cirúrgica é a principal solução para o problema.
O oncologista do Instituto do Câncer Hospital São Vicente, do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, Dr. Nicolas Silva Lazaretti explica que os rins são dois órgãos com formato muito semelhante a feijões, do tamanho de uma mão fechada, localizados no centro das costas, um de cada lado da coluna vertebral. Os rins fazem parte do sistema urinário, mecanismo responsável pela produção, coleta e eliminação de urina. Ainda, o médico informa que basicamente, eles têm o trabalho de remover os resíduos e fluidos excedentes do sangue e transformá-los em urina, funcionando como uma espécie de filtro. “Os rins têm importante função no equilíbrio fisiológico da pressão arterial, no controle de íons do organismo e na prevenção da anemia. Os órgãos também liberam elementos químicos responsáveis por estimular a produção de glóbulos vermelhos, regulando a pressão”.
Conforme o especialista existem cinco tipos de câncer no rim, que podem afetar o órgão de várias maneiras, em situações distintas e com intensidades diferentes. Os cinco tipos de neoplasias são:
Carcinoma Renal de Células Claras
Também conhecido como RCC (Renal Cell Carcinoma), é o mais comum entre todos os tipos de câncer no rim. Tem origem geralmente no tubo contorcido proximal, o mecanismo responsável por filtrar as impurezas do sangue. O Carcinoma de Células Claras praticamente nunca afeta os dois rins de forma simultânea.
Carcinoma Papilar
É o segundo tipo mais comum entre os tipos de câncer no rim. A doença é caracterizada por um tumor de pequenas dimensões e pouco palpável, mas suficientemente grande para bloquear a urina e provocar a obstrução das vias urinárias, causando dor.
Carcinoma Renal Cromófobo
A doença leva esse nome por estar associada a células cancerígenas que não apresentam nenhuma cor no exames, sendo identificadas apenas quando reagem a corantes aplicados de forma proposital.
Ductos Coletores
Um raro tipo de câncer originado em uma das estruturas que formam o órgão, conhecida como Tubo de Bellini.
Sarcomatoides
A doença também é uma das mais raras entre os tipos de câncer no rim. O tumor é agressivo e tem características bem similares às do Carcinoma Renal de Células Claras.
Em relação aos números de recuperação de pacientes, o oncologista destaca que existem diferenças entre os diversos tipos de câncer no rim, estas diferenças dependem do tipo histológico encontrado, do fato da doença estar localizada no rim, a possibilidade de ela invadir órgãos vizinhos ou mesmo de ser disseminada pelo organismo (metastização), além do grau de diferenciação das células do respectivo tumor”.
Fatores de risco e tratamento
Nicolas alerta que os principais fatores de risco incluem outras doenças associadas como hipertensão, tratamento com diálise, histórico familiar da doença, doença renal policística, tabagismo e Síndrome de Von Hippel-Lindau. “Os principais sintomas do câncer nos rins são o sangue na urina, dor lombar de um lado, presença de “caroço” na parte lateral das costas, cansaço, perda de peso, febre e anemia. Esses sintomas costumam aparecer quando a doença já está bem avançada e, consequentemente, algumas metástases já podem estar presentes”, orienta, evidenciando que normalmente o diagnóstico é feito através da realização de exames de imagem, como ultrassom, tomografias, ressonâncias e mais recentemente o PET-CT.
Em relação ao tratamento, segundo o oncologista, pode ser de duas formas, cirúrgico oncológico ou medicamentoso. “A cirurgia é a principal modalidade de tratamento para a doença, já que tem eficácia quase total no combate ao problema. A intervenção cirúrgica vai depender das condições clínicas do paciente e do tamanho do tumor. Outras opções cirúrgicas de tratamento são a nefrectomia parcial, a nefrectomia total e as terapias ablativas”. Já em relação a medicamentos, Nicolas ressalta que infelizmente não existe ainda, nenhum tratamento medicamentoso que possa prevenir ou retardar o surgimento de um tumor maligno no rim, nem mesmo medicamentos que possam ser usados na prevenção da recidiva desse câncer após ser corretamente operado. Entretanto, quando os pacientes já apresentam doença espalhada em outros órgãos (metástases), o tratamento sistêmico com medicamentos conhecidos como terapias-alvo se torna, quase, obrigatório. “Felizmente, as terapias-alvo, que combatem o câncer de rim, estão muito avançados e, diferente de outros tratamentos, priorizam a morte quase que especifica das células doentes, deixando, assim, as células sadias menos expostas. O que existe de mais moderno no tratamento medicamentoso dos tumores malignos também pode ser usado para tratar o carcinoma renal avançado. A chamada imunoterapia (terapia que estimula as células da defesa do paciente com câncer) está cada vez mais presente para combater essa difícil doença”, completa.