O câncer do intestino é a terceira neoplasia mais comum no Brasil e o segundo mais frequente na região sul. Estima-se que em 2017 ocorram mais de 35.000 novos casos. Diante desses dados, o Instituto do Câncer Hospital São Vicente do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, faz neste mês de março, voltado à prevenção e combate ao câncer de intestino, um alerta. A doença apresenta altas taxas de cura quando diagnosticado em fases iniciais e por isso, as estratégias de prevenção para diagnóstico precocesão muito importantes.
Conforme o médico oncologista Dr. Luis Alberto Schlittler, em quase 85% dos casos esses tumores se iniciam a partir de pólipos (lesões semelhantes a verrugas que se projetam na parede interna do intestino grosso), que com o passar do tempo podem se transformar em tumores malignos. A detecção e remoção desses pólipos é possível com a prevenção, reduzindo o risco de desenvolvimento da doença. “A prevenção do câncer de intestino é muito precária no Brasil e um grande número de mulheres e homens só chega ao diagnóstico quando os tumores já se encontram em fase avançada de crescimento ou estão espalhados em outros órgãos (principalmente fígado e pulmão)”, informa o especialista.
Os tumores malignos do intestino englobam os tumores que tem origem no intestino grosso ou no reto (porção final do intestino).Segundo Schlittler, os sinais e sintomas dependem da localização do tumor no intestino e do tamanho. “No início a doença tem sinais e sintomas inespecíficos como dor ou desconforto abdominal (cólicas frequentes , excesso de gases), mudança do hábito intestinal (diarreia ou constipação), sangramento anal ou sangramento nas fezes, sensação de evacuação incompleta, dor ao evacuar, fraqueza e anemia, perda de peso inexplicada, redução no diâmetro das fezes, alteração na coloração das fezes (pretas , escuras) e aumento do volume abdominal. Na presença destes sintomas, o paciente deve procurar atendimento médico especializado”, orienta.
Fatores de risco
Idade acima de 50 anos
História familiar de câncer colorretal
Pólipos intestinais (adenomatosos)
História pessoal de outros tipos de câncer como: ovário, endométrio(útero) ou mama
Obesidade
Sedentarismo
Doenças inflamatórias do intestino ( Retocolite ulcerativa e Doença de Crohn )
Doenças hereditárias, como Polipose adenomatosa familiar (FAP) e Síndrome de Lynch
Álcool
Tabagismo
Dieta rica em carnes vermelhas, com baixo teor de cálcio, pobres em frutas frescas e vegetais
Prevenção é fundamental
O oncologista alerta que assim como nos outros tipos de câncer, é importante que o indivíduo tenha sempre hábitos de vida saudáveis, com alimentação rica em frutas e verduras, cereais integrais e exercícios físicos. Os alimentos ricos em fibras protegem o intestino porque facilitam a evacuação, aceleram o trânsito intestinal e diminuem o tempo de contato das substâncias carcinógenas (que levam a formação de câncer) com a parede do intestino. “Como prevenção primária do câncer colorretal é recomendada uma dieta saudável e a prática regular de exercícios físicos, considerada fator protetor contra a doença. Deve-se evitar também o consumo abusivo de álcool e o uso de tabaco. No que se refere ao diagnóstico precoce, está indicado a realização dos exames de rastreamento a partir dos 50 anos de idade, em pacientes que não são considerados como de alto risco”, enfatiza Schlittler, pontuando que para estes pacientes o rastreamento ideal consiste na visualização da porção interna do intestino colonoscopia. “A colonoscopia permite a visualização completa da parte interna do reto e do cólon – intestino grosso. Essa visualização ocorre através de uma câmera inserida na extremidade do colonoscópio, cuja imagem é enviada para um monitor, permitindo assim, a análise simultânea do interior do cólon. O equipamento também permite a inserção de outros instrumentos especiais para a remoção de possíveis pólipos ou biópsias de lesões suspeitas . O exame é feito sob sedação e analgesia”.
Tratamentos
O diagnóstico confirmatório da doença é feito através da biópsia (exame de um fragmento da lesão suspeita). A retirada deste fragmento é feita durante a colonoscopia (endoscopia) e o material é encaminhado para estudo anatomopatológico - patologista.Schlittler explica que após o diagnóstico, exames de estadiamento permitem definir a extensão da doença, se esta localizada ou se disseminou para outras partes do corpo, especialmente fígado e pulmões. “O tratamento atualmente é multidisciplinar, envolvendo o cirurgião, o oncologista clinico e o radioterapeuta. Todos são importantes , opinando e definindo a conduta em cada caso. O pilar do tratamento do câncer de colon é a cirurgia, e em alguns casos é complementado por quimioterapia pós-operatória. No caso do câncer de reto pode ser necessária a utilização de radioterapia associada à quimioterapia, e muitas vezes, este tratamento pode ser realizado antes da cirurgia”, relata o especialista, esclarecendo ainda que , em casos de câncer de colon ou reto avançado com comprometimento de outros órgãos (metastático) a quimioterapia (tratamento sistêmico) tem um papel fundamental. Em algumas situações especiais, a ressecção por cirurgia de metástases (hepáticas ou pulmonares por exemplo) também é indicada.