Falta de conhecimento implica em diagnósticos tardios

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O Mieloma Múltiplo é um tipo de câncer de medula que afeta as células plasmáticas e que segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), atinge por ano 7.600 brasileiros. Embora o mieloma múltiplo seja o segundo tipo de câncer no sangue mais comum, muitos pacientes nunca tinham ouvido falar da doença antes de seu diagnóstico. A falta de conhecimento sobre o assunto implica em diagnósticos tardios, que restringem as opções de tratamento.

A médica hematologista do Instituto do Câncer Hospital São Vicente, do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, Moema Nene Santos, explica que o Mieloma Múltiplo atinge mais os homens do que as mulheres, mas a diferença entre ambos não é significativa. A doença ocorre mais frequentemente entre os 50 e os 70 anos, com um pico de incidência entre os 60 e os 65 anos, sendo que apenas em 3% dos casos o doente tem idade inferior a 40 anos. “As células plasmáticas são células produtoras de anticorpos presentes na medula óssea, e uma célula plasmática cancerosa é chamada de célula de mieloma. Isto significa que, no mieloma, essas células plasmáticas cancerosas aumentam em número e em atividade, causando problemas que precisam de tratamento. A doença é chamada de “mieloma múltiplo” porque múltiplas áreas da medula são normalmente afetadas”, contextualiza a especialista, ressaltando que podem existir alguns fatores genéticos que tornem o doente mais suscetível ao aparecimento da doença, como também a exposição a alguns agentes ambientais, como substâncias tóxicas derivadas dos hidrocarbonetos.

Conforme Moema, o que caracteriza a doença é a diversidade de sintomas tanto na fase inicial como depois na evolução. “Em alguns casos o paciente não possui sintomas e a doença é descoberta em exames de rotina, na fase chamada de assintomática. Em outros casos, o doente refere cansaço e as análises mostram existir uma anemia. O estudo dessa anemia pode levar ao diagnóstico. Pode também acontecer que o doente tenha uma infecção respiratória mais grave, uma pneumonia por exemplo, podendo ser o primeiro sintoma. Enfim, como é uma doença que atinge nosso sistema imunológico várias quadros infecciosos podem se manifestar”.

O diagnóstico deste tipo de câncer é feito através de análises de sangue e urina para provar a existência do aumento das proteínas alteradas, as imunoglobulinas. “Para conclusão do diagnóstico deve ser feito um exame de medula óssea com mielograma, isto é, uma punção aspirativa da medula óssea e biopsia óssea. Também é necessário fazer vários exames de imagem dos ossos para excluir ou confirmar que existe doença óssea, além de exames para melhor classificarmos a extensão desta doença e as condições clínicas do paciente acometido desta patologia”, orienta.

Em relação ao tratamento do Mieloma Múltiplo, Moema evidencia que existem várias terapêuticas para combater e controlar a doença, que são dependentes do estágio da doença e das condições clínicas do paciente. “Felizmente, nos últimos anos o tratamento desta doença progrediu muito e houve muito benefício com estes avanços”.

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