Fragilidade óssea pode ser prevenida

Pequenas quedas podem causar fraturas graves

Por
· 3 min de leitura
Leite e derivados: fontes de cálcioLeite e derivados: fontes de cálcio
Leite e derivados: fontes de cálcio
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Silenciosa e perigosa. A osteoporose é uma doença silenciosa que causa fragilidade óssea, predispondo às fraturas por pequenos traumas. É uma doença que afeta seriamente a qualidade de vida. Uma queda ao chão da própria altura ou simplesmente um movimento forçado podem causar fraturas graves. O ortopedista do IOT, Vinícius Canello Kuhn alerta que, pelas estimativas, em 2050 no Brasil ocorrerá uma fratura de quadril a cada três minutos, devido à osteoporose. “Em geral estas fraturas seguem uma sequência que chamamos de cascata fraturária: o primeiro osso a quebrar é o do punho, seguido da coluna e do quadril, sendo esta última a mais grave. Outras fraturas comuns são do ombro, tornozelo e costelas”, explicou. Mas o especialista destaca a importância da prevenção da osteoporose.

Problema mundial

A osteoporose é considerada um problema de saúde universal. Isso ocorre, principalmente, devido ao aumento da expectativa de vida da população. Isso, claro, considerando que a idade avançada é um dos principais fatores de risco para osteoporose. Para 2050, projetam-se números até assustadores: um aumento de 310% nas fraturas de quadril nos homens e 240% nas mulheres. Apesar de inúmeros dados, no nosso país a cada três fraturas de quadril em apenas uma é feito o diagnóstico de osteoporose. E, ainda, somente em apenas uma de cinco dessas terá algum tratamento. O impacto da osteoporose é grave, podendo ser maior que vários tipos de câncer e comparável ao da artrite reumatoide, asma e hipertensão.

Evitar fraturas

Além de desagradáveis e produzindo muitos incômodos, as fraturas propiciam muitas consequências, algumas graves. Então, é muito importante evitar a ocorrência de fraturas por osteoporose, pois podem gerar dores crônicas, diminuição de mobilidade articular, perda de função e diminuição na qualidade de vida. “Muitas pessoas não retornam aos seus níveis de independência que tinham anteriormente, mesmo com o tratamento adequado da fratura”, alerta o ortopedista. Além disso, há fatores de risco alarmantes, pois a taxa de mortalidade de quem fratura o quadril após os 60 anos aumenta em 30% no primeiro ano, se comparada às pessoas que não fraturam. Esse risco permanece maior por até 10 anos.

Prevenir é possível

A prevenção é importante, inclusive para aquelas pessoas que sequer sofreram uma fratura. Nestes casos, o ideal é realizar um rastreamento. Essa avaliação é recomendada para todas as pessoas acima de 65 anos, mulheres após a menopausa ou homens acima de 50 anos, que apresentem algum fator de risco, como uso de corticoides, histórico familiar de fraturas por osteoporose, doenças reumáticas, tabagismo, consumo excessivo de álcool, exposição solar insuficiente, doenças crônicas e o uso de certos medicamentos. O rastreamento é feito através da avaliação clínica, exames laboratoriais e da realização de uma densitometria óssea, que quantifica a massa óssea presente em determinadas regiões do corpo. Com isso, o médico poderá estimar o risco individual de ocorrer uma fratura nos próximos anos. Assim terá condições de indicar um tratamento adequado para a prevenção primária e, desta forma, evitar que aconteça uma fratura por osteoporose.

Pequenas quedas

Os traumas, independente da proporção, merecem atenção e uma avaliação preventiva. Todas as pessoas que sofrem uma fratura por um trauma pequeno como, por exemplo, uma queda de um ponto equivalente à sua própria altura, devem ser avaliadas. Essa necessidade aumenta especialmente após os 50 anos de idade. De acordo com Kuhn, o rastreamento deve ser realizado. “Após uma fratura, outras virão se nada for feito. 50% das pessoas que sofrem uma fratura do quadril tiveram uma fratura prévia. Mas, podemos evitar que isso aconteça!”, destaca o médico.

Prevenindo

Para início de um tratamento preventivo, são retirados os fatores de risco para fraturas. Isso significa cessar o tabagismo e diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas. Alguns cuidados também são necessários, como manter o ambiente seguro para evitar quedas, instalar corrimões em casa, utilizar calçados antiderrapantes e cuidar das irregularidades no chão e dos tapetes. Além disso, é aconselhável ter uma boa luminosidade e fácil acesso aos interruptores de luz, manter os óculos com grau atualizado, além de outros cuidados preventivos.

Quatro pilares na prevenção de fraturas

1 - Atividade física regular: exercícios para melhorar a força muscular e o equilíbrio servem tanto para evitar quedas, quanto para estimular a formação óssea. As atividades serão sempre adaptadas conforme a capacidade de cada um.

2 - Ingestão adequada de cálcio: sempre que possível, adequamos através da alimentação, e as principais fontes de cálcio na dieta são o leite e seus derivados. Quando o consumo adequado não é possível, a suplementação com cálcio é indicada.

3 - Níveis adequados de vitamina D: a melhor forma de mantermos níveis adequados é através da exposição regular à luz solar. A dosagem de vitamina D no sangue poderá definir aqueles que necessitam suplementação.

4 - Medicações específicas para osteoporose. Estão disponíveis no mercados várias classes de medicamentos, que podem diminuir o risco de fraturas em até 70% em populações determinadas. Mais importante que a forma de uso da medicação, é a sua manutenção, pois o esquecimento de doses diminui muito a eficácia do tratamento. No momento que o tratamento com medicações específicas é indicado, sua duração é por toda a vida. Assim como tratamos pressão alta, diabetes e problemas cardíacos por toda a vida, o tratamento da osteoporose é crônico.

Gostou? Compartilhe