Síndrome dos Ovários Policísticos (PCOS)

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Dra. Karen com sua equipe de residentes e alunos no ambulatório de PCOS no HSVPDra. Karen com sua equipe de residentes e alunos no ambulatório de PCOS no HSVP
Dra. Karen com sua equipe de residentes e alunos no ambulatório de PCOS no HSVP
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O que temos de novo?

Com uma definição simplificada, a Dra. Karen Oppermann Lisbôa explicou ao Medicina & Saúde o que é a Síndrome dos Ovários Policísticos. Há cinco anos ela coordena o ambulatório de PCOS no Hospital São Vicente de Paso Fundo:

 - A Síndrome dos Ovários Policísticos (PCOS) é a disfunção endócrina mais prevalente. Apesar de o nome sugerir uma alteração anatômica, como cisto de ovário, o PCOS apresenta uma disfunção na regulação e produção hormonal ovariana, acumulando androgênios ovarianos e anovulação. Eventualmente a paciente apresenta microcistos ovarianos, muito pequenos. Os sinais e sintomas são variáveis e, além dos efeitos cosméticos do PCOS, a consequência de infertilidade por anovulação é outro problema relativamente frequente. As complicações metabólicas como intolerância à glicose, pré-diabetes e diabete são outros problemas prevalente nesse grupo de pacientes. Outros sintomas relacionados ao PCOS, são apnéia do sono, depressão e dificuldade em perda do peso e atividade física. Como complicações futuras em pacientes que não se tratem, há o câncer de endométrio (uterino) e risca cardiovascular.

O ambulatório do HSVP também é direcionado à pesquisa?

Além do atendimento de pacientes que apresentem aumento de pelos, perda de cabelos, acne e irregularidade menstrual, nesse ambulatório também se pesquisa particularidades do PCOS em nossas pacientes. No momento, estamos participando de um grande estudo brasileiro, para se identificar o padrão clínico e laboratorial do PCOS. A idade em que os sinais e sintomas do PCOS se apresentam, é em torno dos primeiros anos após a menarca (primeira menstruação da mulher), ou mais adiante, quando a paciente resolver engravidar e os ciclos menstruais se apresentarem irregulares. O PCOS tem sido estudado pelo mundo inteiro e há diferenças nos sintomas conforme a população estudada. Os aspectos cosméticos do hiperandrogenismo, como hirsutismo (aumento de pelos pelo corpo, em áreas como face, abdome, tórax, etc), é um dos principais motivos de procura de tratamento. A amenorréia (ausência de menstruação) por mais de três meses, e a consequente infertilidade também é um forte motivo para a procura de tratamento. A dificuldade de perder peso, o risco de diabetes, a má qualidade do sono e depressão são outros sintomas que podem ocorrer concomitantemente.

Quais os sintomas da doença?

Os ovários no PCOS têm volumes discretamente aumentados, e /ou, a presença de microcistos (+ de 12). Esse exame é realizado pelo ecografista. As alterações podem se apresentar em apenas um ovário. Muitas pacientes com PCOS não apresentam esse achado ao ultrassom. Nem todas as pacientes apresentam os mesmos sintomas. O aumento na produção de andrógenos normalmente produzidos pelos ovários pode se manifestar por aumento de pelos, acne, ou alopecia (perda de cabelos) frontal. Pode ter pacientes sem esses sinais, pois dependem de seus receptores. Outra manifestação do PCOS é a anovulação. São pacientes que têm dificuldade de ovular espontaneamente todos os meses. Como consequência a paciente terá ciclos irregulares (exceto se está em uso de pílula), geralmente com poucas menstruações no ano, atrasos menstruais. Pode haver também imagens de ovários policísticos (nem sempre), ou seja, micropolicísticos.

Quais os métodos utilizados para tratamento?

São muitas alternativas, e dependem do perfil e das comorbidades apresentadas por cada paciente. As pílulas combinadas são muito utilizadas e podem ser associadas com antiandrogênios. As medicações de sensibilização à insulina é outro grupo de medicamentos, bem como indutores de ovulação, para citar alguns esquemas terapêuticos. A abordagem terapêutica vai se modificando conforme a necessidade de cada paciente. O êxito do tratamento depende da aderência da paciente e à continuidade de cuidados médicos. De qualquer forma voltou-se a dar importância à cura do PCOS através do tempo e muito provavelmente através das gestações.

Há métodos ou tratamentos preventivos?

Há sim, métodos de mudança comportamental. O PCOS é uma disfunção com herança genética. Porém, o ambiente pode estimular que a doença se manifeste. Como exemplo, o aumento de peso. Mantendo um padrão de peso normal e atividade física aeróbica, pode-se evitar as manifestações e complicações do PCOS.

Pesquisas recentes apontaram que o resveratrol, encontrado no vinho tinto e uvas, pode moderar os hormônios andrógenos. O vinho tinto pode ajudar em casos de ovários policísticos?

Em novembro de 2016 foi publicado um pequeno estudo na revista The Journal Clinical Endocrinology Metabolism em que um grupo de 30 pacientes participaram. Um grupo de 15 pacientes recebeu resveratrol, 1500 mg por dia e o outro grupo recebeu placebo, ou seja, um comprimido sem efeito algum, por três meses. Nesse estudo, houve melhora significativa da resistência insulínica a qual pode ter influenciado os níveis de androgênios. Bem, esse estudo é bem pequeno e deverá ser repetido num maior número de pacientes e por mais tempo, para podermos afirmar esse efeito do resveratrol. Agora, 1 litro de vinho tem por média, 2,57 mg. Para se equiparar ao estudo, seriam 6 garrafas de vinho/dia. E, ainda, não se sabe se menores doses têm efeito sobre a resistência insulínica e nos níveis de androgênios. Sabe-se, sim, que 1 copo de vinho/dia para as mulheres é protetor cardiovascular.

Hormônios andrógenos são fatores de risco de diabetes?

Não. O fator de risco é a resistência insulínica que pode estar associada no PCOS.

O vinho já poderia ser incluído na dieta para pacientes com PCOS?

Não estamos autorizados a dizer que o vinho deve ser estimulado na dieta das pacientes com PCOS. Não há dados claros e seguros ainda. Devemos ficar na expectativa de resultados de pesquisas que virão. Em relação à dieta em si, aquela com pouco carboidrato e sendo carboidratos com menor índice glicêmico, melhora o perfil metabólico e hormonal da paciente.

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