Por muitos anos, a queda de cabelos estava associada quase que exclusivamente aos homens. Mas agora atinge cada vez mais o universo feminino. Da hereditariedade ao estresse, as causas podem ser fisiológicas ou patológicas. Detectar os motivos é a principal forma de escapar desse problema. A boa notícia é que, na grande maioria das vezes, a queda capilar é considerada normal e, mesmo quando disfuncional, quase sempre será passageira. Porém cabe ao médico dermatologista, com a utilização de um exame minucioso do couro cabeludo, avaliar e quantificar essa queda, classificando-a como normal ou disfuncional.
Reclamação constante
A queda de cabelo é uma das principais queixas das mulheres em consultas dermatológicas. “Posso seguramente afirmar que, mesmo quando o motivo da consulta não é o cabelo, mais da metade das pacientes, independente da idade, em algum momento do atendimento, irão reclamar de queda capilar”, revela a dermatologista Ana Dengo. A especialista ressalta que a queda faz parte do ciclo natural dos pelos, porém é muito importante diferenciar a queda fisiológica da queda patológica. “É considerada normal uma perda de até 100 (cem) fios por dia”, revela a dermatologista.
Anormalidades capilares
A médica Ana Dengo explica que, dentre as anormalidades capilares, uma das mais frequentes é o eflúvio telógeno. É caracterizado por uma perda capilar difusa e exagerada, em torno de 150 a 400 fios de cabelo por dia, e ocorre em consequência a algum fator estressante. “No eflúvio, a perda capilar apresenta-se de forma homogênea, não deixando falhas no couro cabeludo”. A dermatologista relata que, nesses casos, é necessário identificar o agente agressor para cessar o processo de queda, instituindo o tratamento adequado. O eflúvio costuma durar em média dois a quatro meses, e 95 % dos casos apresentam recuperação total e espontânea dos fios em até 12 meses. “Isso quer dizer que na maioria das vezes haverá uma recuperação capilar espontânea, mesmo sem nenhum tratamento”, informou Ana.
As principais causas do eflúvio telógeno
• Deficiências nutricionais como deficiência de ferro, zinco e proteínas
• Dietas muito restritas para emagrecimento e com uso de anorexígenos
• Uso de medicamentos como anticoncepcionais orais e anticoagulantes
• Doenças da tireóide
• Puerpério (período pós-gestação)
• Eventos estressantes como infecções com presença de febre e grandes cirurgias ou traumas
• Estresse psicológico
A calvície feminina
Outra anormalidade capilar é a alopecia androgenética, a popular calvície, que ao contrário do que muitos imaginam, não pertence apenas ao universo masculino. “A calvície feminina apresenta um padrão de perda capilar mais difusa que na calvície masculina, deixando o cabelo de um modo geral mais fino primeiramente, para depois apresentar as famosas ‘entradas’ (áreas sem fios). Seu início já pode ser durante o período puberal com afinamento dos fios, mas a piora ocorre principalmente no período pós-menopausa”.
Genética
De acordo com a dermatologista, o problema é de origem genética e ocorre em função de uma enzima (a 5-alfa-redutase) que age sobre a testosterona - hormônio mais frequente nos homens, mas também presente nas mulheres. “Essa enzima, quando em excesso, interfere nos folículos do cabelo, tornando-os mais frágeis até caírem”. A médica destaca que o objetivo principal no tratamento desse tipo de alopecia é estagnar a queda, através de medicamentos tópicos e orais, pois, ao contrário do eflúvio, na calvície, na maioria dos casos, não há recuperação total dos cabelos perdidos. “Atualmente dispomos de novas tecnologias com laser que associadas aos tratamentos convencionais podem amenizar e ajudar no controle da alopecia androgenética”, frisa a especialista.