“A obesidade é um dos maiores problema de saúde pública, e ela é multifatorial.” Assim, a nutricionista clínica do Hospital São Vicente, Tatiane Basso, alerta para o aumento nos casos de uma doença com graves consequências. A Organização Mundial de Saúde aponta que em 2025, a projeção é que 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos. O Brasil acompanha esta crescente, tendo hoje mais de 50% da sua população com excesso de peso, sendo o sul o lugar mais prevalente. A obesidade aumenta o risco de doenças cardiovasculares, a qual é hoje uma das principais causas de morte entre a população brasileira. Outras patologias como hipertensão, diabetes tipo II, doenças do trato digestório, doenças psíquicas e neoplasias, também figuram neste cenário.
Os sintomas e a propensão à doença
Eu não chamaria de sintomas, mas sim, de características comportamentais. Pessoas mais sedentárias, inseridas em um ambiente urbano e moderno (estilo de vida mais frenético), com consumo calórico elevado, tendem a ter uma maior propensão ao ganho de peso elevado. Algumas fases da vida como a intrauterina, o peso de nascimento, a amamentaça??o, a fase de rebote do peso no período de crescimento que ocorre entre os 5 e 7 anos de idade e a fase puberal. Todos podem propiciar a obesidade. A genética também pode ter um papel relevante. Apenas para dados comparativos, ignorando os demais fatores relacionados, filhos de pais obesos tem até 80% de chance de se tornarem adultos obesos. Este valor cai para 50% quando somente um dos genitores estiver acima do peso e para 9% quando ambos os pais tiverem um peso saudável.
Identificando a obesidade
Pode-se identificar o ganho de peso elevado desde a fase intrauterina. A partir da gestação já é possível classificar um ganho de peso saudável, bem como durante todas as fases da infância, adolescência, vida adulta e senil. Existem vários exames para este fim, porém o método mais comum para classificar adultos com sobrepeso ou obesidade, parte de um cálculo matemático chamado de índice de Massa Corporal (IMC), onde se divide o peso do indivíduo pela altura ao quadrado, obtendo-se um resultado que classifica a pessoa em diversos graus de magreza, peso normal (eutrofia), sobrepeso (ou pré-obeso), obesidade grau I, obesidade grau II e obesidade grave. Quanto maior o IMC, maiores as complicações de saúde do indivíduo. Métodos combinados como circunferência abdominal, também podem ser utilizados.
Desde a gestação
A propensão para a obesidade começa durante a gestação. Já se sabe que o consumo alimentar da mãe, pode determinar geneticamente a probabilidade de a criança ser obesa ou não. Por outro lado, a obesidade na infância pode aumentar em até 50% a probabilidade desta criança se manter obesa durante a vida adulta. A educação e cuidado nutricional deve fazer parte do dia a dia do indivíduo durante toda a vida, da gestação ao envelhecimento. No entanto, existe uma janela entre dos primeiros até aos 7 anos de idade, quando muitos hábitos alimentares são formados e tendem a manter-se pelo resto da vida.
Tratando a obesidade
Uma vez diagnosticada a necessidade de perda de peso, o tratamento deve envolver uma série de cuidados. Não consigo no momento elencar o mais importante, pois depende muito do contexto de cada paciente. De forma geral, a obesidade deve ser tratada por diversos profissionais, envolvendo o cuidado emocional, prática de exercício físico, contexto social, alimentação e em alguns casos, uso de medicamentos e procedimentos cirúrgicos. Mas cada caso é único e deve ser avaliado com cautela. O que funciona para uma pessoa, nem sempre funciona para outra. E, sem dúvidas, o exercício físico regular auxilia no controle de peso, no bem estar e na saúde.
A prevenção é comportamental
A prevenção deste problema de saúde passa por uma mudança cultural, educacional e comportamental, sendo que a crescente da problemática, ocorre principalmente nas populações com maior taxa de pobreza e menor nível educacional (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, 2016). O equilíbrio entre um sono de qualidade, uma boa alimentação, trabalho e lazer, parecem tecer efeito positivo na prevenção desta doença. Consultas médicas regulares, acompanhamento de exames bioquímicos, controle de peso e prática de atividade física podem ajudar a prevenir o aparecimento da doença. A família próxima obesa (pais, avós, irmãos), às vezes também reporta um mesmo comportamento, mesmos hábitos, mesmas rotinas, sendo também um fator preocupante.