O Programa Nacional de Triagem Neonatal, responsável pelo Teste do Pezinho, completa, nesta terça-feira (6), 16 anos. Pela sua abrangência, essa é considerada uma das maiores ações de Saúde Pública do mundo. Somente no Rio Grande do Sul, em 2016, foram mais de 130 mil exames feitos, o que corresponde que 95% das crianças nascidas fizeram a avaliação, a maioria delas gratuitamente pelo SUS. O teste permite o diagnóstico e consequente tratamento precoce, diminuindo ou eliminando as sequelas, de seis diferentes doenças.
Com algumas gotas de sangue coletadas do calcanhar do bebê é possível identificar a fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. A maioria dessas doenças não apresentam sintomas nos recém-nascidos. O risco em não se diagnosticar precocemente é gerar sequelas graves, e até irreversíveis em alguns casos, no desenvolvimento da criança, que só serão perceptíveis tardiamente. Para maior eficácia, a Secretaria da Saúde (SES) alerta que o exame deve ser feito entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê.
No RS, desde 2001 o Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (HMIPV) em Porto Alegre é responsável pelas ações de Triagem Neonatal no SUS. Lá, são feitas mais de 60 mil análises laboratoriais mensais, que são enviadas a partir de aproximadamente 1,3 mil postos de coleta, distribuídos nos 497 municípios gaúchos. Atualmente, 1.250 pacientes de diferentes faixas etárias e de todas as regiões do estado são atendidos por uma equipe composta por médicos pediatras, endocrinologistas, geneticistas, hematologistas e pneumologistas, profissionais das áreas de nutrição, psicologia e assistentes sociais.
Acordo de Resultados
A qualificação da Triagem Neonatal faz parte do Acordo de Resultados, assinado por todas as secretarias e vinculadas, que consiste no acompanhamento dos projetos definidos como prioritários para serem executados pelo governo do Estado. Envolve o planejamento de indicadores de desempenho, ações e eficiência da gestão. Essa rede de governança prioriza as demandas da sociedade para construir um governo mais eficiente na aplicação de recursos, mais ágil e menos burocrático, que, de forma transparente, dialogue com a população e entregue serviços de qualidade.
Cobertura do Teste do Pezinho em 2016 no RS
Nascidos vivos: 141.181
Testes aplicados: 133.259 (cobertura de 94,5%)
Testes aplicados pelo SUS: 107.178 (76% do total)
Como é feito o exame?
O exame consiste na retirada de gotas de sangue do calcanhar do bebê. Por ser uma parte do corpo rica em vasos sanguíneos, o material pode ser colhido em uma única punção, rápida e quase indolor. O teste faz o diagnóstico de fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.
Quando fazer o teste?
O teste do pezinho deve ser feito entre o 3º e o 5º dias de vida do recém-nascido, pois esta é a maneira de descobrir estas doenças a tempo de tratá-las, impedindo o aparecimento das complicações.
Onde fazer?
O Teste do Pezinho é feito gratuitamente em mais de 1,3 mil Unidades de Saúde, em todos os municípios do Estado.
Doenças
Fenilcetonúria - É uma doença herdada dos pais, em que as crianças não conseguem desmanchar a fenilalanina, uma substância existente no sangue. A doença causa o acúmulo dessa enzima, que poderá afetar o cérebro e levar à deficiência mental. As crianças nascem normais, mas a medida que recebem alimentos ricos em fenilalanina (como leite e derivados, feijão, ovos, carnes, entre outros), passam a acumulá-la no corpo sem conseguir metabolizá-la. A frequência dessa doença é de um caso em cada 10 mil recém-nascidos.
Hipotireoidismo Congênito - É uma doença causada pela ausência ou pela reduzida produção do hormônio da tireoide, importante para o amadurecimento e funcionamento de vários órgãos, em especial o sistema nervoso central. A falta do hormônio provoca retardo neuropsicomotor acompanhado de lesões neurológicas irreversíveis, além de outras alterações corporais. O diagnóstico precoce pode prevenir o retardo mental das crianças que apresentam esta doença com tratamento simples de reposição de hormônios.
Fibrose Cística - Também chamada de mucoviscidose, a fibrose cística é uma doença genética, hereditária. Ela compromete o funcionamento das glândulas exócrinas (que produzem substâncias como muco, suor ou enzimas pancreáticas). O paciente tem má absorção de nutrientes e não ganha peso, apesar de alimentar-se bem. Quanto ao aparelho respiratório, o pulmão produz muco espesso que pode ficar retido nas vias aéreas e ser invadido por bactérias. Outros sintomas são tosse com secreção produtiva, pneumonias de repetição, bronquite crônica. Estimativas do Ministério da Saúde apontam um milhão e meio de portadores dessa doença no Brasil, muitos ainda sem diagnóstico.
Anemia Falciforme - É uma doença hereditária, em que os glóbulos vermelhos, diante de certas condições, alteram sua forma tornando-se parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Estes glóbulos alterados grudam-se uns nos outros, dificultando a passagem do sangue nos pequenos vasos do corpo, levando ao aparecimento de dor e inchaço nas juntas, anemia, infecções, entre outras consequências. O portador da doença falciforme, desde que diagnosticado precocemente, tratado adequadamente e acompanhado periodicamente pela equipe de saúde, pode ter uma vida normal.
Hiperplasia Adrenal Congênita - também chamada de Hiperplasia Congênita das Suprarrenais (HCS). É uma doença hereditária rara (um caso para cada 15 mil nascidos) caracterizada pelo crescimento exagerado do córtex da glândula adrenal e um defeito hereditário na biossíntese do cortisol. A pessoa com essa doença produz em menor quantidade os hormônios cortisol e aldosterona e em excesso os androgênicos, que são hormônios masculinizantes. Além disso, o decréscimo da produção de cortisol leva a um aumento do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e estimula assim a produção de esteróides adrenais. Pode levar a morte nos primeiros 15 dias de vida, senão ocorrer diagnóstico precoce pelo Teste do Pezinho.
Deficiência de Biotinidase - doença genética caracterizada pelo mau funcionamento de uma enzima, a biotinidase, responsável por separar e liberar a vitamina biotina dos alimentos (vitamina B7 ou B8). Quando essa enzima não funciona adequadamente a vitamina não consegue ser liberada dos alimentos e, por isso, não é utilizada pelo organismo. Quanto mais cedo a deficiência de biotinidase for diagnosticada, mais rápido é iniciado o tratamento com reposição da vitamina biotina livre e menos chances terá a criança de manifestar os sinais e sintomas características da doença.
Fonte: Governo do Estado