O combate ao tabagismo é ininterrupto e vem apresentando bons resultados, o que justifica a importância dessas campanhas ou ações isoladas. Nos últimos 10 anos, o número de fumantes adultos diminuiu 35% no país. As ações foram intensificadas no final de maio e início de junho, em propostas alusivas ao Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio. Em Passo Fundo ocorreram abordagens aos fumantes, com distribuição de materiais informativos, palestras e outras propostas para combater o fumo. Os hospitais promoveram atos relacionados à data.
Saldo negativo
O tabaco, segundo dados do Ministério da Saúde, causa prejuízo de R$ 56,9 bilhões com despesas médicas no Brasil. Deste montante, R$ 39,4 bilhões são os custos médicos diretos e R$ 17,5 bilhões os custos indiretos, como a perda de produtividade, provocada por mortes prematuras ou por incapacitação de trabalhadores. A arrecadação total de impostos com a venda de cigarros no país em 2015 foi de R$ 12,9 bilhões. Isso representa um saldo negativo do tabagismo para o país de R$ 44 bilhões, numa subtração dos gastos da saúde em relação aos impostos arrecadados.
Ações internas e externas no Hospital da Cidade
O Hospital da Cidade de Passo Fundo realizou ações educativas com o objetivo de restringir o uso do tabaco nas áreas internas e externas da instituição. O tabaco é, hoje, a principal causa evitável de doenças não transmissíveis. De acordo com os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o consumo do tabaco mata mais de 7 milhões de pessoas todos os anos. As ações tiveram por objetivo as mudanças de hábitos e a conscientização de fumantes e não fumantes. A proposta esteve relacionada ao Dia Mundial sem Tabaco e resultou em diversas atividades no HC.
Programa
Uma das realizações foi a apresentação do Programa Hospital da Cidade “Quero Parar de Fumar”. A proposta, em nível interno, é destinada aos colaboradores fumantes que desejam parar de fumar. Através deste programa serão criados grupos de tratamento objetivando a cessação do tabagismo. A outra atividade foi uma proposta de discussão sobre o tema. Profissionais e acadêmicos da área da saúde participaram de um evento que debateu o panorama atual e os desafios no combate ao tabagismo. A mesa-redonda teve a presença de especialistas das áreas de pneumologia, odontologia, psicologia, saúde coletiva e oncologia para debater o tema. O evento foi realizado em parceria com a IMED.
Conscientização e alerta no São Vicente
No Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, coube à Residência Multiprofissional Integrada em Saúde do Idoso e Atenção ao Câncer, promover uma ação de conscientização e alerta sobre os malefícios do tabaco. A atividade, realizada no serviço de radioterapia e nas portarias do hospital, envolveu funcionários, pacientes e público externo. “Nós separamos frutas e alguns brindes para realizar uma troca com os fumantes. Nós abordamos as pessoas, explicamos todos os malefícios e depois fazíamos a proposta de trocar a carteira de cigarros pelos brindes”, explicaram as profissionais da Enfermagem, Nutrição, Farmácia e Fisioterapia. Ao longo do dia, 20 carteiras de cigarro foram trocadas por brindes. “A troca do cigarro pelo brinde ou pela fruta já é o primeiro passo para que as pessoas busquem ajuda e parem de fumar. Vimos essas 20 trocas como algo bastante positivo, já que muitos outros não aceitaram fazê-la”.
Fumantes
“Já tentei parar de fumar uma vez e não consegui. Sei de todos os malefícios e com este incentivo vou buscar novamente tentar largar o vício”, relatou Tercila Carminatti, 49 anos, fumante desde os 15 anos. Ela aceitou fazer a troca da carteira de cigarros pelo brinde. “Muito legal esta atividade, pois informa as pessoas sobre como o cigarro faz mal”. Já o ex-fumante Lauro Bonazi, 43 anos, parabenizou os profissionais por incentivarem as pessoas a para de fumar. “Há 11 anos meu pai morreu de câncer e este foi um estalo para eu perceber que precisava parar de fumar. Então fui me conscientizando de que queria viver, parei de fumar e logo depois já senti várias diferenças. Engordei cinco quilos, não me senti mais cansado e com falta de ar e tenho uma melhor qualidade de vida”, relatou Lauro.
Simulando para o futuro
Aumento de preços é eficiente para diminuição do consumo
Uma simulação mostrou o que aconteceria nos próximos dez anos, caso os preços dos cigarros fossem elevados em 50%, conforme resultados apresentados pelo Ministério da Saúde. Nesse período, o aumento de preços levaria à redução de consumo, evitando 136.482 mortes, 507.451 infartos e outros eventos cardíacos, 100.365 acidentes vascular cerebral e 64.383 novos casos de câncer. A redução do consumo ainda traria ganhos econômicos de R$ 97,9 bilhões no período de dez anos: R$ 32,5 bilhões de economia em custos de saúde, R$ 45,4 bilhões de aumento em arrecadação tributária (já considerando a redução nas vendas de cigarros) e R$ 20 bilhões de economia com perdas de produtividade evitadas. Entre as ações de combate ao tabagismo, a medida mais eficaz para reduzir o consumo, foi o aumento de preços por meio da elevação dos impostos. Segundo o Vigitel, em 12 capitais houve tendência de estabilidade na prevalência de fumantes até 2010 e redução a partir 2011.
Tratamento
O controle do tabaco reduziu em 35% a prevalência de fumantes nas capitais brasileiras, de 2006 a 2016. Os s dados são da Pesquisa Vigitel 2016. Nos últimos anos, o número de fumantes caiu de 15,7%, em 2006, para 10,2% em 2016. Entre as capitais do país com maior índice de fumantes estão Curitiba (14%), Porto Alegre (13,6%) e São Paulo (13,2%). Salvador foi a capital com menos fumantes (5,1%). Como parte da política de combate ao tabagismo, o SUS oferece tratamento gratuito para fumantes nas Unidades Básicas de Saúde. São ofertados adesivos, pastilhas, gomas de mascar e bupropiona.
Estudantes
Outro estudo recente que trata sobre o tabagismo é a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2015. A pesquisa mostrou que as maiores prevalências de experimentação de cigarro, entre os estudantes do 9º ano, foram nas regiões Sul (24,9%) e Centro-Oeste (22,1%). Com relação ao consumo atual de cigarros pelos adolescentes, os percentuais foram similares entre as regiões (variando de 6% a 7%), com exceção do Nordeste, onde foi mais baixa (4%).