As disfunções sexuais, como diminuição do desejo sexual, da excitação sexual e da satisfação sexual, além de dor na relação, são algumas das consequências da endometriose. Pesquisas apontam que pacientes com endometriose podem apresentar o dobro de disfunções sexuais em comparação às mulheres sem a doença. A endometriose é uma doença ginecológica benigna através do implante, crescimento ou desenvolvimento de tecidos endometriais fora do útero. Acontece pelo refluxo de menstruação pelas trompas, provocando um acúmulo de células semelhantes com a camada interna do útero, o endométrio. O Dr. Antonio Carlos Folle, médico ginecologista e obstetra do Hospital da Cidade de Passo Fundo, explica o que é a endometriose. “É o endométrio ectópico, ou seja, é a camada interna do útero que cresce e descama mensalmente, a menstruação, que se encontra fora do seu sítio normal. Pode se localizar em vários locais e órgãos do corpo, sendo os mais frequentes: peritônio, ovários, miométrio, trompas, intestinos, bexiga, parede abdominal, entre outros”.
A incidência está aumentando ou diminuindo?
– Acredito que estejam diminuindo, o que existe, sim, é aumento no número de diagnósticos, pelo melhor conhecimento médico, facilitação do acesso das pacientes às consultas e melhores meios diagnósticos.
Quais os fatores que determinaram isso?
– Com o uso universal dos contraceptivos orais combinados (pílula), melhor conhecimento de sua ação e novas regras de uso. Ou seja, com o uso continuado existe uma diminuição do número de casos de endometriose não diagnosticados.
Ocorre em que faixa etária?
– No período da menacme, isto é, desde a menarca (a primeira menstruação), até a menopausa (a última menstruação).
Quais os sintomas da doença?
– Dor em baixo ventre de intensidade variável, tipo cólica que ocorre no período pré e transmenstrual.
Quais são as causas da endometriose?
– Causas prováveis: menstruarão retrógada, implantes de células endometriais na fase embrionária e implantes iatrogênicos durante procedimentos cirúrgicos.
Como a doença afeta as mulheres?
– Dores em baixo do ventre de intensidades variadas, mais frequentemente tipo cólicas menstruais, dispareunia (dores na relação sexual), alterações do ciclo menstrual com aumento de fluxo sanguíneo e encurtamento de ciclo. Quando em sítios específicos, como a bexiga, pode aparecer sangramento urinário dores miccionais e de bexiga cheia. No intestino terminal sangramento com as fezes e dor evacuatória. E, ainda, a infertilidade de causa mecânica, pela obstrução das trompas, ou imunológica, impedindo a união do óvulo com o espermatozoide. Tudo isto leva a abalos emocionais que propiciam a inadequação social e absenteísmo.
De que maneira as disfunções decorrentes da endometriose afetam a vida da mulher?
– De duas formas principais, infertilidade e dificuldade de engravidar e a dispareunia gerando litígios conjugais que, em ultima análise, levam a distúrbios como ansiedade e depressão.
Como prevenir a doença?
- Não há medidas preventivas. Porém, o uso precoce de contraceptivos hormonais orais ou injetáveis, controla a doença de forma involuntária.
Diagnosticando e tratando
Descobrindo
Comecemos pelo diagnóstico que na maioria das vezes é presuntivo, pelos sintomas às vezes clássicos, sendo diagnóstico de certeza realizado por biopsia da lesão. Com o advento de melhores conhecimentos fisiopatológicos e meios diagnósticos mais modernos, principalmente exames de imagens, como ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética, as alterações ocasionadas pela doença, são mais bem diagnosticadas e tratadas.
Tratamento
O tratamento pode ser clínico medicamentoso ou cirúrgico. O medicamentoso visa inibir os focos ectópicos de endométrio, com drogas antiestrogênicas, que são usadas em casos mais brandos. O cirúrgico é utilizado para casos mais complexos, onde há tumores de células endometriais, aderências pélvicas, lesões peritoneais e focos de parede abdominal, bexiga e intestinos, que é realizado por via cirúrgica aberta ou por procedimentos endoscópicos.