Dr. Hugo Lisboa
Para o desenvolvimento de novas medicações, há de ser seguido um rígido protocolo científico. No momento em que uma molécula se torna promissora para tratar uma enfermidade, o primeiro passo é ser usada em animais de laboratório. Nesta fase, por exemplo, são testados em ratos em várias etapas da vida, desde a infância até a velhice e durante a prenhez. Assegurado que a medicação não causa danos e confirmada a sua atividade terapêutica, ela é usada em adultos saudáveis para ser determinada a dose capaz de fazer o efeito desejado. É chamada a fase 2 dos estudos. Estando estas fases concluídas, executam-se grandes estudos que são distribuídos para vários centros de pesquisa em todo o mundo, quando o novo tratamento passa a ser usado em pessoas doentes. Nesta fase é usada a medicação nova em um grupo de pacientes e uma pretensa medicação, placebo, sem efeito clínico, em outro. Algumas vezes, ao invés do placebo, é utilizado o tratamento mais eficaz para aquela enfermidade no momento.
Unidade de pesquisa
Todos os pacientes são cuidadosamente observados para que não tenham nenhum risco em participar dos estudos. Estes detalhes são rigidamente controlados pelos Comitês de Ética em Pesquisa, sendo que aqui se submetem os protocolos ao Comitê de Ética da Universidade de Passo Fundo. Há nove anos, foi fundada a Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital São Vicente de Paulo, tendo à frente a Farmacêutica Bioquímica Keyla Liliana Alves de Lima Deucher como gerente e eu, Hugo Lisboa, como o principal investigador dos estudos para diabetes. Até este momento, 15 estudos foram realizados pela Unidade movimentando mais de uma centena de pacientes que se beneficiaram do atendimento médico frequente e dos exames necessários para sua avaliação.
Desenvolvendo tratamentos
Praticamente todos os estudos foram publicados em revistas médicas internacionais. Nestes últimos dois meses, foram publicados os artigos do estudo ‘Canvas’, na revista Diabetes Obesity Metabolism e do estudo ‘Fourrier’ no New England Journal of Medicine; nesse último, uma medicação nova, evolocumab, mostrou-se capaz de diminuir o colesterol para níveis nunca alcançados por outros tratamentos em uso para este fim. Desta maneira a Unidade de Pesquisa Clínica e sua equipe junto com Hospital de Ensino São Vicente de Paulo sentem-se orgulhosos por seu trabalho e pela contribuição ao desenvolvimento destes novos tratamentos. Todo este empenho é dirigido aos pacientes que são a razão última da existência destas instituições.