Passo Fundo sediou um treinamento reconhecido mundialmente para a Técnica Ponseti: o Programa de Erradicação do Pé Torto Congênito promovido pelo Rotary International e Associação Internacional de Ponseti. Realizado em maio deste ano, o encontro teve apoio da Universidade Federal da Fronteira Sul e Hospital São Vicente de Paulo. O treinamento foi coordenado pela equipe da Ortopedia Pediátrica da Clínica IOT, formada pelos ortopedistas Jung Ho Kim, Luís Gustavo Calieron, Marcos Ceita Nunes e Eduardo Zagonel. No Brasil, os demais treinamentos foram realizados em São Paulo e Salvador. A edição de Passo Fundo aconteceu nos ambulatórios da UFFS, HSVP e Clínica IOT na Unidade II do HSVP.
Pé Torto Congênito
O Pé Torto Congênito é uma alteração genética que resulta em um pé virado para dentro, com incidência de 1 a 4 a cada 100.000 crianças. A conscientização é parte importante desta patologia já que o tratamento padrão é a Técnica Ponseti e, o ideal, é que ele inicie já na primeira ou segunda semana de vida do bebê, para aproveitar a elasticidade favorável dos tecidos que formam ligamentos, articulações e tendões dos pezinhos. “A deformidade já é bem evidente ao nascimento, inclusive podendo ser identificada no pré-natal, no exame morfológico. Assim a deformidade não levanta dúvidas quanto à necessidade de procura médica imediata”, explica o ortopedista pediátrico da Clínica IOT, Dr. Jung Ho Kim. A clínica, que é um centro de referência para o tratamento de Pé Torto Congênito, são atendidos, em média, 60 novos casos por ano.
Técnica Ponseti
O tratamento é baseado no entendimento da anatomia funcional do pé e da resposta biológica de músculos, ligamentos e ossos às alterações de posicionamento obtidas pelas manipulações seriadas e aplicação de gesso. “A técnica Ponseti consiste em manipulações seriadas no pé. Após essa manipulação um gesso é aplicado após cada sessão semanal para manter a correção e o alongamento obtidos. Assim, os ossos são gradualmente trazidos para o alinhamento correto. No final da série de gessos é realizado um pequeno procedimento cirúrgico de alongamento do Tendão de Aquiles chamado de Tenotomia do Aquiles”, revela o especialista que é instrutor no Brasil da técnica. O tratamento dura em média aproximadamente dois meses, neste período cinco a sete gessos longos, da coxa ao pé, com os joelhos em ângulo reto são geralmente suficientes para corrigir a deformidade. Os pés mais rígidos podem requerer mais gessos para obtenção da correção máxima.
Órtese
Após a correção, para diminuir a possibilidade de recidiva, quando o último gesso é retirado, deve-se usar uma órtese tempo integral por três meses e depois apenas à noite por 14 horas noturnas, durante 4 anos. A órtese consiste de uma barra (com o comprimento da distância entre os 2 ombros ) com botinhas altas abertas na frente presas à barra. Uma tira de couro deve ser colada acima do calcanhar para impedir que os pés escorreguem para fora. A criança pode ficar desconfortável inicialmente quando tentar mover as pernas separadamente, mas logo aprende a mexer as duas pernas juntas. “As revisões com o médico ortopedista devem ocorrer a cada três meses nestes quatro anos de utilização da órtese”, frisa Jung.