Diminuiu a gravidez na adolescência no Brasil. De acordo com os primeiros dados liberados pelo Sinasc -Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos – os registros tiveram uma queda de 17%. Os dados do Ministério da Saúde apontam uma redução de 661.290 nascidos vivos, de mães entre 10 e 19 anos, em 2004 para 546.529 em 2015. O número de crianças nascidas de mães adolescentes nessa faixa etária, representa 18% dos 3 milhões de nascidos vivos no país em 2015. Em Passo Fundo, conforme levantamento da Secretaria de Saúde, o índice é menor do que a média nacional e vem decrescendo nos últimos cinco anos. Em 2012, 17,01% das gestações registradas no município eram de meninas com até 19 anos. Este índice caiu para 13,79% em 2016. Ou seja, uma redução superior à registrada em nível de país.
Fatores e ações
Essa diminuição de adolescentes grávidas é relacionada a vários fatores. A diretora do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare, citou “a expansão do programa Saúde da Família, que aproxima os adolescentes dos profissionais de saúde, mais acesso a métodos contraceptivos e ao programa Saúde na Escola que oferece informação de educação em saúde”. A pesquisa aponta que 66% das gravidezes em adolescentes são indesejadas. Para redução dos casos de gravidez não planejada, uma das iniciativas é a distribuição da Caderneta de Saúde de Adolescentes (CSA), com as versões masculina e feminina. A caderneta contém os subsídios que orientam o atendimento integral dos jovens, com linguagem acessível, possibilitando ao adolescente ser o protagonista do seu desenvolvimento. Para prevenção da gravidez, o Ministério da Saúde distribui a pílula combinada, anticoncepção de emergência, minipílula, anticoncepcional injetável mensal e trimestral, e diafragma, assim como preservativo feminino e masculino.
Filhos de mães adolescentes
Região
Nordeste – 32%
Sudeste – 32%
Norte – 14%
Sul – 11%
Centro-Oeste – 8%
Passo Fundo tem redução constante
De acordo com números da Secretaria da Saúde de Passo Fundo, no município a queda foi ainda maior. Além da diminuição do número de casos no período 2012 - 2016, também os dados preliminares de 2017 apontam a mesma tendência de redução. “Isso significa que em cinco anos houve uma queda de 19% na ocorrência de gestação na adolescência e ao longo dos últimos cinco anos houve queda em todos os anos”, ressalta o Dr. Luiz Artur Rosa Filho, secretário de Saúde de Passo Fundo. Para o secretário, algumas medidas que vem sendo adotadas nos últimos anos pode ser a justificativa para esta queda. “Políticas como o aumento da dispensação de anticoncepcionais, descentralização do acesso a estes medicamentos, instalação de distribuidores de preservativos, campanhas realizadas no Carnaval e o trabalho realizado nas escolas podem ter influenciado decisivamente para esta queda”, destaca Luiz Artur Rosa Filho.
Gravidez na adolescência em Passo Fundo
ANO |
Percentual de casos (até 19 anos) |
2012 |
17,01% |
2013 |
16,91% |
2014 |
15,86% |
2015 |
15,02% |
2016 |
13,79% |
2017* |
13,53% |
(*) Primeiro semestre
Fonte: Sec. Municipal da Saúde
Imaturidade, fantasias e riscos
O Dr. Luiz Tadeu Pereira, médico ginecologista no Hospital da Cidade de Passo Fundo, acompanha muitos casos de gravidez na adolescência. Ele explica porque os métodos contraceptivos ainda são pouco utilizados pelas adolescentes. “Porque as adolescentes fazem a fantasia de que ainda não estão prontas pra engravidar, não estão adultas. Fazem a fantasia de que gravidez é para mulheres adultas e elas ainda são crianças. Também têm uma tendência de copiar o comportamento das mães. As filhas de mães adolescentes tendem, também, a engravidar na adolescência”.
Ação multidisciplinar
E os riscos para as jovens mamães e os bebês? “Há uma maior incidência de doenças genéticas, igual à mulher com mais idade e um maior número de distocias (dificuldades) no parto”. Segundo explicou Tadeu, há procedimentos diferenciados nos partos das adolescentes. “No momento da internação já se prevê uma maior chance de distocias. Tanto pela imaturidade emocional como pela estrutura física. A incidência maior de cesariana e a dificuldade de elo afetivo com o filho, já devem ser trabalhadas pela equipe”. Às jovens futuras-mamães, o ginecologista aconselha “acompanhamento com equipe multidisciplinar, psicólogas, nutricionistas, professores de educação física, além do preparo com cursos de gestantes, que pode trabalhar mitos e dogmas. Para que a menina se prepare para o nascimento do filho e não tenda a repetir a experiência”.
Meu Bebê, Meu Tesouro
Um programa municipal dedicado à maternidade em todas as idades, também é um apoio importante às mães adolescentes. Foi criado pela Prefeitura de Passo Fundo, objetivando a promoção integral à saúde da mãe e do bebê até o primeiro ano de vida. É o ‘Meu Bebê, Meu Tesouro’, que já beneficiou 1.500 mães. O dia a dia de quem participa da iniciativa é mais seguro, tanto pelo atendimento especializado quanto pelas orientações que ajudam a estreitar a relação entre mãe e filho. Um acompanhamento com muitas orientações vem propiciando tranquilidade e bons resultados. Segundo a secretária adjunta de Saúde, Eliana Bortolon, além de proporcionar atendimento diferenciado para a gestante em risco, o programa impacta na redução da mortalidade infantil, que já reduziu 36% em Passo Fundo desde 2013. “A redução da mortalidade infantil está ligada a essas ações de cuidado, sendo uma grande conquista para o município”, explicou. A Secretaria de Saúde, que coordena as atividades do programa, também organiza encontros, palestras e entrega dos kits de enxoval. O Meu Bebê, Meu Tesouro tem foco em gestantes vulneráveis, seja por questões de saúde, familiares ou financeiras, sendo oferecido em toda a rede municipal de saúde. Qualquer gestante pode solicitar avaliação para participar. Informações (54) 3316-1000.