Apesar de ser menos frequente do que a artrose do quadril, joelho e mãos, a artrose da articulação glenoumeral (articulação do ombro) é uma causa frequente de dor e incapacidade funcional, atingindo até 20% da população idosa.
De acordo com o Dr. Paulo Piluski, ortopedista da Clínica IOT e especialista em ombro, a artrose ocorre devido uma degeneração da cartilagem na região. “A lesão da cartilagem articular aumenta o atrito entre a cabeça do úmero e a glenóide que estimula o organismo a produzir osteófitos (esporões). À medida que o atrito evolui, existe maior ‘desgaste’ na articulação e mais formação de osteófitos, limitando progressivamente a mobilidade articular, causando dor”, explica. O grupo de ortopedistas especialistas em ombro da Clínica IOT, também composto pelos profissionais Dr. Osvandre Lech e Dr. Carlos Castilo, atende cerca de 40 a 60 casos de artrose de ombro por ano. “Atuando desde 1987, o Serviço de Ombro do IOT possui uma das mais longas experiências do país no tratamento da artrose do ombro e já ajudou a centenas de pacientes obterem melhor qualidade de vida diária para esta limitante doença”, ressalta.
As causas
Piluski esclarece que a osteoartrose primária, é a causa mais comum de artrose, sendo mais frequente após os 60 anos. “Ela acomete diversas articulações, manifesta-se lentamente durante o envelhecimento e tem um importante componente genético, que faz com que a patologia se desenvolva independentemente de fatores externos”, ressalta. Já a osteoartrose secundária ocorre por algum fator externo, de agressão à articulação, como fraturas, por exemplo, ou, ainda, devido às lesões crônicas dos tendões do ombro (manguito rotador), e que ocorre com mais frequência após os 70 anos, por alteração de nutrição da cartilagem e desequilíbrio muscular provocado pela ausência dos tendões do ombro, aumentando o atrito na articulação. “A osteoartrose pode ter diferentes graus, desde leve até uma forma extremamente limitante, em que o paciente perde quase todos os movimentos do ombro”, informa o especialista.
Terapêutica para evitar dores e inflamação crônica
Infelizmente, não existem métodos efetivos para impedir por completo a evolução da artrose, porém existem meios para retardar sua piora e para evitar a dor e a inflamação crônica. “Medidas gerais de saúde são fundamentais. Reeducação alimentar e emagrecimento tem efeito não só na diminuição da pressão na articulação, mas também no mecanismo inflamatório e na dor. A melhora da flexibilidade e da força dos músculos do ombro também são importantes”, comenta o ortopedista. A diacereína, glucosamina, condroitina, peptídios de colágeno e o ácido hialurônico têm indicação de uso, mas estudos científicos ainda não comprovaram a eficácia destes medicamentos.
O tratamento
Para os casos leves, de acordo com Piluski, se utiliza medicamentos, fisioterapia ou videoartroscopia, que é um procedimento minimamente invasivo. “É sempre informado ao paciente que estes tratamentos são paliativos, já que a artrose manterá a progressão”. Para os casos mais avançados, a substituição por uma prótese (artroplastia) é indicada.
As próteses
O ortopedista comenta que existem diferentes próteses para diferentes artroses e cabe ao especialista sugerir o melhor modelo. Para a artrose primária, na qual os tendões do ombro estão preservados e existe lesão da cartilagem da cabeça do úmero e da cavidade glenóide, a indicação é a substituição por uma prótese total anatômica, ou seja, que substitui a cabeça do úmero e a glenóide por componentes de metal e de polietileno. Para a artrose do manguito rotador, onde os músculos estão rompidos e não podem mais serem reparados, a prótese reversa está indicada. “Este modelo produz uma mudança nas forças dos músculos que atuam no ombro, permitindo que o paciente consiga erguer o braço novamente e o mais importante, sem dor”, frisa.
A recuperação
No caso da recuperação da cirurgia, em geral, os pacientes permanecem internados por 48hs, imobilizados com tipóia por três semanas e então iniciam a fisioterapia para progressivamente obter mobilidade e força. “Os objetivos da cirurgia são o controle da dor e recuperação da função e mobilidade do ombro. Em media, os resultados são bons, pois os pacientes informam que repetiriam o procedimento se fosse necessário”, revela. No entanto, Piluski ressalta que o resultado final depende de vários fatores, não somente da cirurgia - que deve ser realizada por profissional capacitado e experiente na área - mas também nos cuidados pós–operatórios e fisioterapia adequada .