As dores de cabeça podem ser um sintoma de enxaqueca. Mas isso não é uma regra, pois as crises podem vir acompanhadas de outros sintomas, como aversão à luz, náuseas e vômitos. A enxaqueca não tem cura, mas pode ser controlada com o devido acompanhamento médico. É uma patologia responsável por retirar pessoas do trabalho e da escola. A automedicação e o uso frequente de analgésicos podem agravar o quadro. Mas, afinal, o que é a enxaqueca e como conviver com essa doença? No Hospital da Cidade de Passo Fundo, o Dr. Alan Christmann Fröhlich apresentou muitas informações sobre a enxaqueca, seus sintomas e as maneiras como pode ser tratada.
A enxaqueca
O neurologista Alan Fröhlich explica que a enxaqueca é uma doença crônica, de origem cerebral e genética, em que as pessoas apresentam diversos sintomas, cujo mais importante é a dor de cabeça (cefaleia). Ela ocorre devido a alterações no funcionamento de algumas substâncias químicas no cérebro, os neurotransmissores. A dor de cabeça é apenas um dos sintomas da enxaqueca. Existem mais de 100 tipos diferentes de cefaleia, com características diferentes. A enxaqueca apresenta diversos sintomas associados (fotofobia, fonofobia, náuseas, vômitos) que não ocorrem frequentemente com outros tipos de cefaleia.
Primeiros sintomas
A dor de cabeça é apenas um dos sintomas da enxaqueca. Os sintomas são diferentes para cada pessoa, mas os mais comuns são: dor em um lado da cabeça, latejante, pulsátil. A dor pode ser forte a ponto de a pessoa precisar abandonar a escola ou o trabalho, necessitando de repouso. A intensidade da dor piora com atividades rotineiras, como caminhar ou subir uma escada. Além da cefaleia, durante as crises podem ocorrer intolerância à luz e à claridade (fotofobia), ao barulho (fonofobia), náuseas e vômitos. Uma parcela menor de indivíduos pode ter, também, sintomas visuais (borramento visual, pontos ou luzes piscantes) e sensitivos (formigamento e dormência) em um dos braços.
Subtipos e impacto
Existem diversos subtipos de enxaqueca, de acordo com os sintomas apresentados pelo paciente. A principal diferenciação é entre a enxaqueca sem e com aura, que são os sintomas visuais e sensitivos (fotofobia e fonofobia). Outra forma é a enxaqueca crônica, que é a mais incapacitante, pois acomete o indivíduo em 15 ou mais dias por mês. A enxaqueca não se transforma em outras patologias, como um tumor ou aneurisma cerebral. Mas é uma doença com um grande impacto pessoal, familiar e socioeconômico. Muitas pessoas perdem dias de trabalho, estudo ou lazer devido às crises de enxaqueca, que é a sétima causa de incapacidade na população em geral.
O diagnóstico
Diferente de muitas outras doenças, o diagnóstico da enxaqueca é feito apenas pela história clínica e sintomas apresentados pelos pacientes, sem a necessidade de exames. Testes adicionais, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética cerebral, não são feitos de rotina em pacientes com enxaqueca, mas são fundamentais se existir a suspeita de outra causa para os sintomas.
Os tratamentos
Existem vários tratamentos e medicamentos disponíveis para a enxaqueca. Eles podem ser tanto para tratar as crises e, especialmente, para preveni-las. O objetivo do tratamento das crises é interromper os sintomas o mais rápido possível. Já o tratamento preventivo tem como alvo diminuir a intensidade e frequência das crises, com melhora da qualidade de vida dos pacientes. Definitivamente, ninguém precisa ficar sofrendo com dor de cabeça achando que é algo normal, mas sim buscar um atendimento especializado.
Sem cura
Alan Fröhlich afirma que não há cura para a enxaqueca. Então, quem sofre de enxaqueca irá conviver com a doença durante grande parte da sua vida. Mas existe tratamento, que melhora muito a qualidade de vida das pessoas com a doença. Se considerarmos apenas os indivíduos de 25 a 39 anos, a enxaqueca é a terceira causa de incapacidade, atrás apenas de dor lombar e cervical e de depressão. A chamada enxaqueca crônica é aquela que acomete o indivíduo em 15 ou mais dias por mês. A enxaqueca apresenta uma prevalência global aproximada de 13,6%, sendo mais comuns nas mulheres do que nos homens. A enxaqueca é uma doença genética, então a maioria dos pacientes com a doença apresenta algum familiar com sintomas semelhantes.
Cautela com os analgésicos
- Além de medicamentos, hábitos de vida saudáveis ajudam a diminuir as crises, e o estabelecimento de rotinas é especialmente importante para diminuir as crises de enxaqueca.
- Recomenda-se manter horários regulares de sono e alimentação, além da prática de atividade física regular.
- Outra questão importante é que o uso frequente de analgésicos é uma das principais causas de piora da enxaqueca, o que propicia o surgimento da chamada cefaleia atribuída ao uso excessivo de medicamentos.
- Em média, usar medicamentos para dor mais do que 10 dias por mês pode aumentar cada vez mais o número de vezes que o indivíduo sofre com as crises.