Autoridades afirmam que não há razão para pânico

A notícia da presença de bactéria no lote de queijo vendido a granel pela rede Zaffari de Porto Alegre deixou parte dos consumidores receosos nesta semana

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Os produtos foram retirados de comercialização e os Centros de Fatiamento e Distribuição envolvidos foram interditados pela própria empresa até que se resolva a situaçãoOs produtos foram retirados de comercialização e os Centros de Fatiamento e Distribuição envolvidos foram interditados pela própria empresa até que se resolva a situação
Os produtos foram retirados de comercialização e os Centros de Fatiamento e Distribuição envolvidos foram interditados pela própria empresa até que se resolva a situação
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Os consumidores que compraram fatiados da rede Zaffari em Passo Fundo não precisam se desfazer dos produtos. O caso da bactéria encontrada no lote de queijo da companhia em Porto Alegre está sendo tratado de maneira isolada e não há motivo para pânico, conforme a Secretária de Saúde de Passo Fundo. A bactéria Listeria monocytogenes foi encontrada na unidade de fatiamento da loja do Bourbon Ipiranga, em Porto Alegre.

Após a informação da presença da bactéria ter sido divulgada por populares, as secretarias de Saúde do estado e de Porto Alegre emitiram, na noite de quinta (31), um alerta para que os consumidores da capital não ingerissem os produtos da marca. Os produtos foram retirados de comercialização e os Centros de Fatiamento e Distribuição envolvidos foram interditados pela própria empresa até que se resolva a situação.

A bactéria foi descoberta por meio de um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), feito em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, e não por meio de fiscalização. A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde informou que a investigação da bactéria nos produtos não deverá se estender aos municípios do interior.

Fiscalização em Passo Fundo

Conforme prevê a legislação estadual, a fiscalização de fiambrerias é de competência dos órgãos de Vigilância Sanitária. Em Passo Fundo, o estabelecimento passa por vistoria para receber o alvará. O documento tem validade de um ano e, consequentemente, é fiscalizado anualmente para receber a renovação. O secretário de saúde do município, Luiz Artur Rosa Filho, acrescenta que os estabelecimentos também são fiscalizados sempre que há uma denúncia de irregularidade. “Aqui no município nós garantimos a qualidade dos alimentos consumidos nos mercados. Eles são vistoriados e verificados constantemente e não há nenhum motivo nesse momento, em Passo Fundo, para preocupação”, explica o secretário.

Sobre o caso de Porto Alegre, Rosa Filho afirma que não há a intenção de realizar uma fiscalização fora de rotina. Contudo, a possibilidade não foi descartada. “Nós estamos tratando como um caso isolado porque ela [bactéria] é do processamento. Então é daquele local naquele momento e estamos acompanhando a orientação do Estado do Rio Grande do Sul, mas não veio nenhuma orientação para que se saia do padrão, se faça alguma coleta especial. Estamos atentos e se for preciso faremos [ a fiscalização]”, informa o secretário municipal de Saúde de Passo Fundo.

Não há motivo para pânico

Em entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (1º), o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, e o secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim, reforçaram o alerta à população, em especial gestantes e imunodeprimidos, para não consumir produtos já adquiridos de fiambreria fatiados da marca Zaffari. Em coletiva de imprensa, esclareceram que não há motivos para pânico, pois não existe uma epidemia da bactéria. A contaminação ocorreu em um lote específico de queijo fracionado e, por medida de precaução, foi determinada a suspensão da comercialização dos produtos fatiados da marca Zaffari somente em Porto Alegre. Para retomar a venda de produtos, a rede precisará passar por nova fiscalização da Equipe de Vigilância de Alimentos (EVA) do município e novos exames deverão ser feitos.

O secretário Gabbardo destacou que, recentemente, o Estado regulamentou a questão dos fatiados, o que representa um avanço e traz mais segurança e proteção à saúde da população no consumo destes alimentos. “Estamos tornando estas normas mais rígidas e reforçando os cuidados de manuseio destes produtos”. Segundo ele, o estabelecimento que não tiver condições adequadas para fazer o fatiamento deve comercializar produtos que já venham fracionados de fábrica.

O secretário Erno Harzheim explicou também que esta é a primeira vez que a bactéria Listeria foi detectada por exames aqui no Estado e que, até o momento, não há registro de nenhum surto de infecção alimentar na Capital. Ressaltou que a bactéria não representa um risco adicional, mas sua detecção é um avanço na vigilância de alimentos. A descoberta é fruto de uma investigação em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que fez o teste em cinco redes de supermercados em julho deste ano. Ele orienta os imunodeprimidos ou gestantes a procurarem um médico caso julguem necessário ou tenham algum sintoma da doença, como febre, que aparece de dias a semanas após o consumo do alimento contaminado.

Harzheim esclarece que a bactéria Listeria foi encontrada ontem “em um único produto [queijo], em um único estabelecimento”. Segundo o secretário, a bactéria foi detectada pela primeira vez aqui no Estado e não há risco de epidemia. Também não há confirmação de algum doente até o momento. O pedido das secretarias estadual e municipal foi feito por precaução. O secretário também diz que o descarte dos produtos comprados deve ser adequado para não contaminar animais. A limpeza dos estabelecimentos terá que ser específica e os proprietários terão que ter autorização dos fiscalizadores antes de voltarem a disponibilizar os frios. O processo, contudo, é simples e o mesmo aplicado na rotina dos supermercados.

Nota de Esclarecimento da rede Zaffari

Ainda na quinta-feira (31), a empresa lançou um comunicado para esclarecer as informações referentes aos seus fatiados. Leia na integra: “a empresa informa que, no dia 17 de agosto, foram feitas coletas de amostras de produtos na unidade de fatiamento localizada no hipermercado Bourbon Assis Brasil, e no hipermercado Bourbon Ipiranga, cujos resultados de análise ainda não foram comunicados à empresa. Desde então, preventivamente, foram intensificados os processos de higienização das áreas de produção daquelas unidades, mediante indícios de provável presença de bactéria. No dia de hoje (31), o Serviço de Inspeção Municipal, por motivo de cautela, determinou a descontinuidade da produção da unidade de fatiamento do Bourbon Assis Brasil. A empresa retirou os produtos que estavam disponíveis nas lojas abastecidas por ela (hipermercado Bourbon Assis Brasil e as lojas de pequeno porte de Porto Alegre), que a partir de amanhã passarão a atender os clientes com produtos fornecidos diretamente das indústrias. Por iniciativa da empresa, a área de produção de fatiados do hipermercado Bourbon Ipiranga teve sua produção descontinuada como medida preventiva, enquanto aguarda o laudo oficial dos produtos coletados pela Vigilância Sanitária”.

Sobre a bactéria

Existem três tipos de Listeria e apenas a monocytogenes é patológica. Conforme informativo do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, a listeriore é a infecção provocada pela bactéria Listeria monocytogenes. Os sintomas, que variam conforme a pessoa, incluem febre, dores musculares, diarreia entre outros.

Há um alerta especial para gestantes e idosos. Luiz Artur Rosa Filho aponta que a bactéria se aproveita de pessoas com baixa imunidade para provocar doenças. A Listeria monocytogenes está associada a alimentos como queijos, leite, carnes, peixes, frutos do mar e outros.

Projeto que prevê fiscais em super e hipermecados

O Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS) se manifestou em prol da aprovação de projeto de lei que prevê a presença, nos supermercados e hipermercados gaúchos, de um médico veterinário como Responsável Técnico (RT). O PL 344/2015 visa dar maior proteção aos consumidores na questão da saúde pública, assim como oferecer um produto de qualidade e inócuo ao consumo.

O Simvet/RS reitera a necessidade da aprovação deste projeto devido ao episódio ocorrido com a Rede Zaffari e Bourbon que teve sua unidade de fatiamentos do Bourbon Assis Brasil interditada pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM) de Porto Alegre. O sindicato destaca a importância da Medicina Veterinária para a vida da população, que anda lado a lado com a medicina humana, principalmente quando o assunto é saúde pública, englobando, neste caso, a segurança dos alimentos. Sendo o alimento necessário para a sobrevivência, imperativo que se encontrem medidas e programas para que os mesmos sejam seguros, não causando riscos à população.

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