Os primeiros antidepressivos foram sintetizados no final da década de 50 e no início da década de 60. Num primeiro momento, eles eram prescritos apenas por médicos psiquiatras, pois a prescrição desses fármacos envolvia cuidados com a dose, manejo de efeitos adversos e risco de suicídio, quando ingeridos em excesso. Em 1986, com o lançamento do Prozac, um antidepressivo com mecanismo de ação diferente dos anteriormente utilizados, muito mais seguro, com poucas contraindicações e poucos efeitos adversos, houve uma explosão na prescrição dos antidepressivos, inclusive por médicos de outras especialidades. Diante desse contexto, cabe uma reflexão: são os antidepressivos eficazes e seguros para todos os tipos de depressão? Na realidade não, tanto que o uso de antidepressivo em monoterapia é contraindicado no tratamento da depressão bipolar pelas diretrizes Americana, Canadense e Australiana, para o tratamento da doença bipolar, porque eles podem desencadear um quadro de mania caracterizado por euforia, irritabilidade, alteração do pensamento, grandiosidade, distratibilidade e envolvimento em atividades de risco. Mesmo assim, conforme estudo apresentado pelo Dr. Michael Ostacher, professor da Universidade de Stanford, no congresso americano de psiquiatria em 2015, 70% dos pacientes em depressão bipolar, no ano de 2008, eram tratados em monoterapia com antidepressivos.
Exigem uma avaliação cuidadosa
Os antidepressivos não deveriam ser usados também em pacientes deprimidos que apresentem ao menos três sintomas do quadro de mania, chamado de episódio depressivo maior com características mistas – depressão mista. Conforme declaração do Dr. Stephen M. Stahl, professor da Universidade de São Diego, Califórnia, e Presidente do Neuroscience Education Institute in Carlsbad, Califórnia, os antidepressivos não funcionam ou até mesmo fazem os pacientes piorarem nos quadros de depressão mista (Medscape Medical News, maio de 2017). Portanto, os antidepressivos ainda são uma das formas mais efetivas de tratamento para a depressão e outros transtornos mentais como os transtornos de ansiedade. No entanto, é importante que se faça uma avaliação médica cuidadosa pelo psiquiatra dos sintomas atuais, da história pregressa, e da presença de transtorno bipolar na família para evitar a prescrição desses medicamentos para situações em que eles não são efetivos, podendo até mesmo agravar o quadro.