Este ano, a primavera iniciou oficialmente em 22 de setembro. Mas a chegada das flores foi antecipada, com predominância de temperaturas mais elevadas no final do inverno. As mesmas flores que encantam ao olhar também podem trazer incômodos aos olhos. Dias ensolarados e a baixa umidade relativa do ar são indicativos de alergias. Inclusive de alergia ocular. A Dra. Aline Weiller dos Reis explica que o pólen também é responsável pela alergia oftalmológica. De acordo com a médica oftalmologista do Hospital da Cidade, as conjuntivites alérgicas são classificadas em sazonal (geralmente associada à asma ou rinite), atópica (associada à dermatite), papilar gigante (geralmente por lentes de contato) e vernal ou primaveril. A alergia oftalmológica mais comum é causada por agentes externos como ácaros, pólen, medicamentos, produtos estéticos, fumaça ou alimentos. São muitos os agentes potenciais causadores de alergia e que também provocam sintomas respiratórios, dermatológicos e até gastrointestinais.
Mais cedo
Na primavera aumentam os casos. A floração e a dispersão do pólen pelo vento acabam aumentando a incidência de alergias nessa época do ano em pessoas sensíveis a esses causadores. Nesse ano especialmente, essas queixas iniciaram bem mais cedo já que tivemos floração ainda em agosto associada a períodos de seca e ventos. Os sintomas da alergia ocular podem variar desde sensação de peso nas pálpebras e prurido (coceira) até sintomas semelhantes aos de uma conjuntivite viral como lacrimejamento, acúmulo de secreção mucosa nas pálpebras, dor e hiperemia conjuntival (olhos vermelhos).
Limpeza e colírios
A prevenção é o ideal, mas quando os sintomas já estão presentes se deve fazer compressas geladas que ajudam na vasoconstrição e alívio do edema, dor e prurido. O uso de lágrimas artificiais também auxilia na limpeza dos alérgenos nos olhos. Manter as pálpebras limpas com água, já que sabonetes podem irritar os olhos. As lágrimas artificiais auxiliam bastante no alívio dos sintomas. E outros colírios antialérgicos também podem ser prescritos após avaliação médica. É de extrema importância a diferenciação entre as conjuntivites alérgicas e outras conjuntivites virais ou bacterianas, e até mesmo outras patologias oculares que podem ter sintomas muito parecidos aos de alergia e até agravadas se tratadas incorretamente. Mesmo pacientes que já se sabem alérgicos, nessa época do ano devem passar por avaliação no início dos sintomas para a confirmação do diagnóstico e implementação do tratamento adequado.
Crianças
As alergias podem acontecer em qualquer idade, alguns recém-nascidos, por exemplo, tem alergia à proteína do leite. Após os três a quatro anos de idade a produção de anticorpos (imunoglobulinas) responsáveis pela reação alérgica do organismo pode aumentar nas crianças sensíveis a algum alérgeno e então a incidência de alergias acaba aumentando após essa idade e os sintomas podem ser tão desagradáveis quanto os do adulto.
Complicações
Podem ocorrer complicações graves principalmente na córnea. A coceira pode levar a desepitelização com sensação de corpo estranho e dor nos olhos. Infecções secundárias e úlceras de córnea são altamente prejudiciais e podem levar até a diminuição da acuidade visual após sua cicatrização.
Óculos
Outro sintoma muito comum nas alergias é a fotofobia (forte desconforto nos olhos quando em ambientes de luz mais intensa), então óculos escuros com proteção solar adequada auxiliam no seu alívio. Além disso, eles podem proteger os olhos do contato direto com o pólen dispersado pelo vento.
Recomendações para evitar as reações alérgicas
- O ideal é já nos primeiros episódios consultar especialista em alergias para passar por testes cutâneos e exames sanguíneos que podem esclarecer os agentes causadores da alergia em cada paciente.
- A partir desse conhecimento, deve-se evitar ao máximo o contato com os alérgenos, sejam eles ambientais como pólen e ácaros ou alimentares.
- Algumas dicas importantes são lavar sempre as mãos, não levar as mãos aos olhos, lavar as fronhas de travesseiro, lençóis e cobertores com frequência, evitar contato com pelos ou penas de animais de estimação e limpar as superfícies de móveis com panos úmidos para não dispersar no ambiente os causadores da alergia.
- Existem também tratamentos específicos por via oral ou intramuscular para o tratamento sistêmico e até dessensibilização de alguns alérgenos.