A disfunção temporomandiblar (DTM) é uma alteração na articulação temporomandibular (ATM), que compromete as funções mastigatórias e de deglutição, além da fala. Ela ocorre quando a ATM, responsável por esses movimentos, é sobrecarregada. Com isso, podem ser observados ruídos e estalos ao abrir ou fechar a boca, dor de cabeça, dores na região, dificuldade na mastigação, entre outros sintomas. Problemas como bruxismo noturno, quando as pessoas rangem os dentes enquanto dormem, provocam incômodo, desconforto e sobrecarga na articulação temporomandibular. Outros sintomas de trauma, ansiedade, depressão e estresse também impactam nessa articulação, causando a DTM. No Brasil, estima-se que cerca de 8 milhões de pessoas sofram da disfunção. Para a resolução desses casos, instituições de referência em alta complexidade como o Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, possibilitam técnicas avançadas que trazem diversos benefícios aos pacientes. É a cirurgia artroscópica, que é realizada pelo Dr. Roberto Zanin, cirurgião bucomaxilofacial, que atua no corpo clínico do HSVP.
Monitorada por câmera
Conforme o especialista, embora ainda pouco utilizada, a artroscopia não é nenhuma novidade. A modalidade cirúrgica é muito empregada para o tratamento de problemas nos joelhos e em outras articulações do corpo. Nos últimos anos tem se popularizado e se tornado mais acessível aos cirurgiões-dentistas para o tratamento da DTM. A cirurgia artroscópica está entre os procedimentos pioneiros realizados em Passo Fundo. A técnica consiste, segundo ele, na visualização das estruturas por meio do equipamento artroscópio. “Desta forma são feitos dois pequenos cortes na região da mandíbula (osso que começa em frente ao ouvido e segue em direção ao queixo). Em um deles é introduzida uma câmera que permite ver as articulações internas. Por outro corte, o cirurgião insere os instrumentos que irá fazer a cirurgia, acompanhada pelo monitor”.
Benefícios da técnica
Entre os principais benefícios da técnica, o cirurgião aponta resultados muito favoráveis, com mínimas complicações e rápida recuperação pós-operatória, reduzindo o tempo de internação do paciente para aproximadamente seis horas. Este procedimento tem se tornado rotina aos pacientes com DTM que não respondem aos tratamentos conservadores. Na avaliação de Zanin, os resultados têm sido muito satisfatórios, porque a cirurgia tem alta taxa de sucesso, em razão de que a técnica possibilita remover o processo inflamatório, minimizar o processo degenerativo e aumentar a longevidade do tratamento conservador, com melhora da qualidade de vida e redução da dor.
Mulheres dos 20 aos 40
As mulheres na faixa etária dos 20 aos 40 anos estão entre os casos de maior prevalência de DTM, segundo o cirurgião. A estatística aponta que de oito mulheres para um homem são acometidas pela disfunção. “No caso das mulheres, elas podem apresentar o quadro associado a doenças reumáticas, como a artrite”, alerta. De forma geral, ele informa que o diagnóstico é feito com base na história clínica do paciente, exames de imagens e na palpação articular. O perfil de pacientes indicados para a cirurgia, de acordo com Roberto, são pessoas que após dois, três meses de tratamento com o uso de anti-inflamatórios, fisioterapia, continuam a sentir dor crônica, desconforto, limitação de movimentos mandibulares, já apresentando articulações mais comprometidas. Além da disfunção temporomandibular há pacientes que sofreram fraturas na mandíbula ou possuem microtraumas causados pelo bruxismo ou outros problemas.
Quem pode se beneficiar
O cirurgião pontua que cerca de 30% a 40% dos pacientes que sofrem de DTM podem se beneficiar da artroscopia. “A cirurgia é indicada para os casos em que as articulações estão comprometidas, porém o paciente não se encontra em um estágio tão grave que demande uma cirurgia aberta”, explica. No entanto, ele atenta que esta técnica não é recomendada para os casos em que a cartilagem da articulação foi desgastada ou deslocada. Nessa situação é necessária a reconstrução ou reposicionamento, sendo a cirurgia aberta a mais indicada, tendo em vista a maior complexidade do quadro. O êxito do procedimento também deve considerar que a técnica requer alta especificidade do corpo clínico, equipe de enfermagem, além de equipamentos cirúrgicos modernos. “O Hospital São Vicente de Paulo conta com todos esses recursos e oferece um atendimento multidisciplinar, com atuação de cirurgiões, fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos que trabalham de forma conjunta, para o melhor tratamento e resolução das DTM´s”, reforça Zanin.