Com o slogan “Se exponha, mas não se queime”, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) realiza a campanha nacional de prevenção à doença, conhecida como Dezembro Laranja. A campanha visa alertar para o fato de que quanto mais precocemente a doença for detectada, maior é a chance de cura. A proteção da pele, que é o maior órgão humano, deve ser feita durante todo o ano. Com a chegada do verão, que ocorrerá no próximo dia 21 de dezembro, a exposição ao sol aumenta e os cuidados com a proteção da pele devem ser redobrados, já que esse é um dos principais fatores para o câncer de pele, que é o tipo de câncer mais incidente na população brasileira.
Alta incidência no Sul
O câncer de pele que mais preocupa é o melanoma, devido à sua alta possibilidade de metástase. Entre 2011 e 2015, os tumores malignos, incluindo o melanoma, mataram cerca de 300 pessoas no Norte do Rio Grande do Sul, só em Passo Fundo foram 35 mortes. A incidência desse tipo de câncer na região Sul do Brasil é alta comparada com outras partes do país. Isso porque grande parte da população dessa região tem a pele mais clara e, portanto, mais suscetível aos efeitos da radiação solar. O câncer de pele não melanoma é o mais incidente no Brasil. A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de 175 mil novos casos a cada ano. De acordo com o oncologista clínico do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado, os tipos de câncer de pele não melanoma são o carcinoma basocelular, o epidermóide ou espinocelular, entre outros menos comuns. “Essas neoplasias cutâneas são facilmente curáveis com cirurgia em fases iniciais e tem baixas taxas de recidiva ou disseminação. Só tardiamente se disseminam para outros órgãos. Elas se originam nas células da epiderme (epiteliais)”, explicou o oncologista.
Mais grave
O tipo de câncer de pele melanoma não é o mais incidente, mas é o mais grave devido à sua alta possibilidade de metástase. O melanoma se origina nos melanócitos, células que produzem a melanina, pigmento que dá cor à pele, em maior ou menor grau. “São células encontradas em quase todas as partes do corpo. O melanoma tem potencial de recidiva e disseminação mesmo em fases precoces. Por isso a necessidade do diagnóstico precoce e tratamento preciso”, salienta Machado. O Inca estima 5,6 mil novos casos de câncer de pele melanoma a cada ano. O oncologista do CTCAN ressalta que a incidência no Rio Grande do sul e Santa Catarina é mais que o dobro de São Paulo. Em 2015, conforme dados do DataSUS, foram registradas 3,7 mil mortes por melanoma e outras neoplasias malignas da pele no Brasil, sendo cerca de 930 mortes na região Sul. “O melanoma é mais comum na pele, onde há maior concentração de melanócitos, mas pode ocorrer em regiões diversas do organismo como olho, bexiga, próstata, reto, esôfago, vulva”, destaca o oncologista.
Os sintomas
O câncer de pele mais comum, o basocelular, ocorre nas áreas expostas da pele e se apresenta tipo uma "espinha" ou pequena úlcera que não cicatriza ou que sangra de forma recorrente. Já o melanoma é aquela lesão escura, enegrecida, que aparece ou se modifica com o tempo. “Sempre orientamos o ABCDE do melanoma para ser memorizado. Na presença de qualquer destas alterações o médico deve ser procurado”, orienta Alvaro Machado.
Fatores de risco
Pele clara e radiação ultravioleta solar são os principais fatores de risco para o câncer de pele. Outros fatores são o álcool, alcatrão, cicatrizes de queimaduras, úlceras crônicas, entre outros. Quanto mais clara a pele, maior a sensibilidade à radiação ultravioleta. “As principais vítimas são pessoas que trabalham em ambiente externo, expostas ao sol, sem proteção, por exemplo, os trabalhadores rurais. Mas também entram nesta lista pessoas com pele clara que ‘se bronzeiam’ intermitentemente nas praias e piscinas”, comenta Machado.
Evitar exposições prolongadas
A principal forma de prevenção ao câncer de pele é evitar a exposição prolongada ao sol e o uso diário de protetor solar. De acordo com o oncologista, o sol é essencial e necessário para a produção de vitamina D, no entanto, a exposição prolongada é prejudicial. “O sol é necessário para sintetizarmos vitamina D e mantermos nossa saúde, mas precisamos dosar e ter bom senso. Quanto mais clara a pele, menor a exposição necessária para manter a saúde. Usar protetores solares, roupas de mangas longas também é uma das formas de proteção”, enfatiza o oncologista.
De olho na pele
(Regra do ABCDE)
A = Assimetria: lesões assimétricas são suspeitas, enquanto lesões simétricas são mais provavelmente benignas.
B = Bordo: bordos irregulares, geográficos são sempre suspeitos, ao contrário dos bordos regulares.
C = Cor: uma cor homogênea é mais provavelmente benigna e quando há variação desde castanho claro até preto-azulado deve ser avaliado por seu médico.
D = Diâmetro: lesões maiores que cinco milímetros são sempre suspeitas.
E = Evolução: qualquer modificação em lesões escuras deve ser mostrada ao seu médico.
Mortes na Região Norte do RS
(Melanoma e outras neoplasias malignas da pele)
2015 – 56
2014 – 66
2013 – 56
2012 – 62
2011 – 57
Total: 297