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Os caminhos que podem conduzir a perda da audição

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A maioria das pessoas cuida do coração, dos olhos, da parte ginecológica e do físico como um todo, mas acaba se esquecendo da audição. Você já parou para pensar a quanto de ruído estamos expostos todos os dias? Nas grandes cidades, a poluição sonora faz parte da rotina: o barulho das ambulâncias, dos ônibus, o tráfego pesado no metrô. Por mais que o cérebro se acostume com todo o barulho, as estruturas do ouvido não ficam imunes. Lembre que a exposição prolongada ao excesso de ruído pode provocar sérios danos nas células do ouvido. O resultado pode ser a perda auditiva, comumente chamada de surdez.

Causas da surdez
Esta é apenas uma das causas da surdez. Ela também pode estar relacionada às questões genéticas, pelo envelhecimento ou até mesmo por bloqueios físicos. De uma maneira geral, há duas categorias de perda auditiva: condutiva e neurossensorial. A perda auditiva condutiva pode acontecer quando há um bloqueio na transmissão do som. Isso ocorre, por exemplo, quando a cera obstrui o conduto auditivo e impede o tímpano de vibrar. Ela também acontece quando há uma interrupção na transmissão das ondas sonoras para o cérebro, como quando há ferimentos no tímpano. Na perda neurossensorial há falha do nervo auditivo. Portanto, mesmo que as vibrações sonoras atinjam o ouvido interno, elas não são enviadas como impulsos para o cérebro. Isso acontece por conta do envelhecimento natural das células, por infecções virais, barulhos muito altos, efeitos colaterais de medicamentos.

Como proteger sua audição
Cuidados simples podem prevenir perdas irreversíveis na nossa audição, como evitar a exposição a sons altos por mais de 8 horas diárias. Ruídos acima de 85 dB já são considerados uma ameaça à saúde auditiva. Além disso, ainda existem algumas, como realizar o Teste da Orelhinha em seu bebê recém-nascido. O ideal é que todos façam uma avaliação audiológica por ano, para determinar se existe perda auditiva em um ou ambos os ouvidos em frequências essenciais para o desenvolvimento normal da linguagem e da fala. Outro cuidado que podemos ter é manter hábitos saudáveis como: fazer atividades físicas regularmente e ter uma alimentação saudável. Frutas ricas em potássio, mineral responsável por suportar a transmissão de impulsos nervosos e que pode influenciar na transmissão do som, é um exemplo do que não pode faltar no cardápio.

Uso de aparelhos auditivos
Com o diagnóstico de perda auditiva, o uso de aparelhos auditivos poderá ser indicado. As próteses têm um papel importante no resgate da qualidade de vida das pessoas. É crescente o número de estudos que relacionam a presença de perda auditiva a um maior risco de problemas cognitivos, maior atrofia cerebral e risco aumentado de demência ou depressão.  Segundo muitos estudos, além da tendência ao maior isolamento, que prejudica o contato familiar e social, a diminuição dos estímulos cerebrais causados pela surdez seria mais um “golpe” no cérebro desses pacientes. A diminuição dos estímulos auditivos afeta enormemente não só as áreas responsáveis pelo processamento sonoro e de linguagem – os giros superior, médio e inferior do lobo temporal (esses dois últimos também implicados no aparecimento do mal de Alzheimer) – mas o cérebro como um todo. A privação sonora poderia acelerar a perda de massa encefálica em mais de um centímetro cúbico por ano, em comparação com os idosos com audição normal.

Mais e melhor
Para nós, médicos e fonoaudiólogos envolvidos na reabilitação auditiva, esses dados são importantes demais. Não podemos mais considerar apenas “uma opção” o uso de aparelhos auditivos em pacientes idosos com perda de audição. Para familiares e amigos de pacientes nessa situação, a postura deve ser de colaboração, informação e estímulo para que procurem ajuda especializada. Mais do que fazê-los ouvir mais e melhor, tal cenário nos coloca diante da chance de praticar a melhor medicina: a preventiva. E tudo indica que tratar a surdez em idosos com aparelhos auditivos e as terapias fonoaudiológicas adaptadas a cada caso pode ajudar a manter o cérebro em dia por muito mais tempo. Procure um médico otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo e faça uma avaliação preventiva.

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