Vacina da febre amarela é contraindicada para pacientes oncológicos

Pessoas em quimioterapia estão entre os grupos que não devem receber a vacina contra a febre amarela devido aos riscos de reações graves

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O Brasil enfrenta um dos maiores surtos de febre amarela silvestre dos últimos anos, especialmente no sudeste do país. Para evitar a expansão do vírus, será realizada, entre janeiro e março deste ano, uma campanha de vacinação com doses fracionadas e padrão em municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. O Ministério da Saúde também reforça a importância da vacinação da população que mora nas áreas com recomendação de vacina. A imunização não é recomendada para pessoas com doenças que baixam a imunidade, como para pacientes com câncer, que estão em tratamento quimioterápico. Além deles, a vacina também é contraindicada para pessoas com lúpus e HIV, idosos com mais de 60 anos, gestantes e alérgicos ao ovo.
 
A febre amarela é uma febre hemorrágica potencialmente grave transmitida por mosquito (Aedes, Haemogogus) sendo endêmica em várias regiões do Brasil. A vacina é indicada para aqueles entre nove meses e 59 anos de idade. O Rio Grande do Sul está entre os estados com recomendação da vacina pelo Ministério da Saúde, incluindo Passo Fundo e macrorregião. No entanto, a imunização no Estado já está no calendário de rotina desde 2009 e a vacina deve ser feita apenas pelas pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose.
 
As pessoas que estão planejando viajar para os estados com surto da doença, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, devem consultar a sua carteira de vacinação e, caso não constar a vacinação contra a febre amarela, realizar a vacina dez dias antes da viagem. “Uma única dose da vacina tem validade para toda vida, não sendo indicados reforços, salvo raras exceções. A orientação do Ministério da Saúde é de que a carteira com o registro de vacinação para febre amarela seja parte dos documentos de todos os viajantes, mesmo em território nacional”, salienta o oncologista clínico do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado.
 
Contraindicações
A vacina é contraindicada para pessoas em tratamento com quimioterapia/radioterapia, para crianças menores de 9 meses de idade, mulheres amamentando crianças menores de 6 meses, pessoas com alergia grave a ovo e látex, pessoas com HIV e contagem de células CD4 menor que 350, pessoas portadoras de doenças autoimunes e pessoas submetidas a tratamento com imunossupressores (que diminuem a defesa do corpo).
 
A vacina contra a febre amarela é de vírus atenuados. Em pessoas com sistema imunológico sadio a vacina provocará as células de defesa para que criem anticorpos contra a doença, mas em pacientes com imunidade baixa, a vacina pode criar um quadro semelhante ao da febre amarela em si. “A vacina deve ser evitada em pessoas com imunidade deprimida, a exemplo de pacientes em quimioterapia, em tratamento crônico com corticosteroides em doses elevadas, portadores de HIV imunodeprimidos, transplantados, entre outros. Idosos (com mais de 60 anos) e crianças (menores de 9 anos e maiores de 9 meses) devem ser avaliados individualmente”, observa o oncologista do CTCAN.
 
De acordo com Machado, a vacina é segura para a maioria das pessoas, mas para esses grupos destacados ela pode causar reações. “As reações mais comuns são febre, dor no local da injeção e reações alérgicas menores. Efeitos colaterais graves, incomuns, também são descritos, como: anafilaxia, encefalopatia, paralisia de nervo craniano, Síndrome de Guillian-Barré, e outras”, explica o oncologista.
 
Interação da vacina com outros medicamentos
Muitos medicamentos, inclusive oncológicos, podem interferir na eficácia da vacina. Atenção para o uso de azatioprina, corticosteroides, dimetilfumarato, fotemustina, leflunomida, mercaptopurina, metotrexate, imunoglobulina contra raiva, venetoclax, tisagenlecleucel, ocrelizumabe, dupilumabe, fingolimobe, entre outros.

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