Com aumento da expectativa de vida no mundo, tem-se observado um aumento dos casos de doenças degenerativas do sistema nervoso central, como a Doença de Alzheimer. Essa afecção representa a principal causa de demência no mundo e é considerada como um dos principais problemas de saúde pública entre os idosos.
A doença de Alzheimer caracteriza-se por ser um distúrbio progressivo, de longa evolução, da memória e outras funções cognitivas, prejudicando o indivíduo tanto no desenvolvimento das atividades de vida diária quanto em seu desempenho social e ocupacional. A sobrevida costuma variar de 8 a 12 anos, contudo, formas mais grave podem progredir rapidamente, levando ao óbito em menos de dois anos.
A idade é o maior fator de risco para a doença, tendo com o envelhecimento o aumento progressivo da prevalência da mesma. Além da idade, o histórico familiar e as alterações genéticas, sendo estas em menor incidência, também podem ser considerados como fatores de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer. Na maioria das vezes sua ocorrência é esporádica, embora existam casos familiares relatados, habitualmente em indivíduos com menos de 60 anos.
Nos estágios iniciais da doença o paciente apresenta queda significativa no desempenho das tarefas instrumentais da vida diária, mas ainda é capaz de executar as atividades básicas, mantendo-se independente. Com a sua progressão, o comprometimento intelectual é maior e o paciente apresenta a necessidade de assistência para suas atividades do cotidiano. Os sintomas também incluem quadros depressivos e psicóticos (alucinações e delírios), apatia, agressividade, condutas repetitivas e perturbações no sono. Nos estágios avançados o indivíduo pode apresentar incontinências urinária e fecal, dificuldades de deglutição, alterações na marcha e comprometimento grave das funções cognitivas.
Após a suspeita inicial da doença, é importante realizar uma investigação etiológica, a fim de descartar causas de comprometimento cognitivo potencialmente tratáveis. A investigação auxilia na exclusão de doenças metabólicas, infecciosas, neoplásicas, dentre outros distúrbios que acometam o sistema nervoso central e assim fechar os critérios clínicos para o diagnóstico dessa demência.
O tratamento inclui estratégias farmacológicas e intervenções psicossociais, a fim de aliviar os sintomas cognitivos e comportamentais, e melhorar a qualidade de vida do paciente e dos seus familiares, já que a doença não possui medidas curativas.
As medicações específicas para a demência (anticolinesterásicos) devem ser introduzidas o mais precocemente possível e são indicadas para todas as fases da doença, visando melhorar o quadro cognitivo e controlar as alterações comportamentais. Outra medicação indicada nas fases moderada a grave, é a memantina, tendo seus objetivos semelhantes aos inibidores da acetilcolina.
O tratamento multidisciplinar visa complementar o tratamento farmacológico. As estratégias utilizadas neste tipo de abordagem podem auxiliar na estabilização da doença ou até mesmo resultar em leves melhoras dos déficits cognitivos e funcionais. Os sintomas psicológicos da demência e distúrbios comportamentais que podem surgir na evolução da doença muitas vezes são responsáveis pelo desgaste dos cuidadores/familiares, aumentando assim os casos de institucionalização. Sua abordagem deve focar nos cuidadores, no conhecimento sobre a doença, nos fatores agravantes do quadro (ambientais – barulhos, ambientes e tumultuados) e nos fatores ligados ao paciente (doenças concomitantes, polifarmácia, etc.).
Apesar de ser uma doença sem cura, o tratamento sintomático e acompanhamento médico desses pacientes é de fundamental importância para fornecer a melhor qualidade de vida possível aos pacientes e familiares, e o trabalho realizado em concomitância com a família e/ou cuidadores pode não só melhorar o bem-estar dos mesmos, mas também a convivência com pacientes com doença de Alzheimer.