Considerado um quadro raro, o câncer na vesícula biliar tem de menos de 150 mil casos registrados por ano no Brasil. Este tipo de tumor é incomum e afeta a vesícula biliar, um órgão pequeno ligado ao lado direito do fígado. É na vesícula que fica armazenada a bile, a substância esverdeada produzida pelo fígado que ajuda a digerir a gordura que consumimos pela alimentação. Também é o local onde, frequentemente, são encontram os cálculos, conhecidos como pedras. Porém, mesmo raro, o câncer de vesícula requer atenção para os sintomas, pois geralmente é diagnosticado tardiamente.
Sintomas semelhantes
O médico oncologista Dr. Luis Alberto Schlittler, especializado em tumores gastrointestinais, explica que quando a vesícula é afetada por alguma condição, problemas intestinais, cólicas e intolerâncias alimentares, começam a surgir. O especialista do Instituto do Câncer Hospital São Vicente, informa que tumores desta região acabam causando sintomas muito semelhantes, o que pode confundir o diagnóstico na fase inicial. Ainda, outras queixas comuns são dores abdominais no lado direito do abdômen, logo abaixo das costelas, inchaço, enjoos e vômitos frequentes, peles e olhos amarelados, perda de peso, falta de apetite e febre. “O câncer de vesícula é conhecido por seu diagnóstico difícil e, geralmente, tardio, onde infelizmente já temos metástases, doenças em outros órgãos, além da vesícula. Somente cerca de 15-20% dos casos são descobertos em seus estágios iniciais, quando ainda não encontramos metástases e as chances de cura são maiores”.
Bateria de testes
Em relação aos métodos para diagnosticar esta doença, Luis Alberto Schlittler diz que é necessária uma série de testes para alcançar um diagnóstico exato e o grau de estadiamento do câncer, além de exames como ultrassom, tomografia, ressonância e biópsia. O histórico clínico do paciente também é analisado. “Para obtermos um melhor diagnóstico, agilidade no tratamento e uma opinião, atualmente se sugere uma investigação e tratamento com uma equipe preparada e multidisciplinar, com foco na área de tumores gastrointestinais”, explicou o especialista. O especialista faz um alerta, lembrando que a combinação de dois ou mais sintomas (destaque) não indicam automaticamente o quadro de câncer na vesícula biliar. “Todo tipo de autodiagnóstico é perigoso, busque sempre opinião e avaliação de um profissional da saúde”.
Retirada da vesícula
Já em relação ao tratamento, o médico do Instituto do Câncer evidencia novas técnicas e estudos. “Quando a doença é detectada precocemente, a retirada da vesícula pode curar o paciente, pois, apesar de ter uma função importante, ela não é vital, sendo possível levar uma vida com qualidade mantendo cuidados específicos, como uma dieta restrita e livre de gorduras e comidas pesadas” De acordo com o oncologista, reforçando que como ocorre com a maioria dos cânceres, a chance de cura total é maior, quanto menos avançado é o estágio do câncer. “Além da cirurgia é comum a indicação de quimioterapia complementar, para aumentar as chances de a doença não voltar. No ano de 2017 foi apresentado nos Estados Unidos, um trabalho que mostra claramente o beneficio da quimioterapia complementar, adjuvante, com comprimidos neste contexto, após a cirurgia. Em casos muitos avançados as possibilidades de cura são remotas sendo que existem tratamentos paliativos que ajudam aliviar dores e outros sintomas”.
Os sintomas
- Náuseas e vômitos frequentes
- Dores abdominais, localizadas principalmente na porção superior direita do abdômen
- Nódulos abdominais do lado direito do corpo, decorrentes do inchaço da vesícula biliar
- Icterícia (coloração amarelada na pele e na região branca dos olhos), por conta da obstrução dos dutos que conduzem a bile ao intestino
- Redução do peso e do apetite
- Fezes e urina escuras
- Febre
- Coceira intensa