Na semana marcada pelo Dia Internacional da Síndrome de Down (21 de março) o foco foi a garantia de acessos de saúde para os portadores da síndrome e também a batalha contra o preconceito em uma sociedade marcada pela dificuldade de aceitar as diferenças. “A síndrome cursa sempre com algum grau de atraso intelectual e alterações físicas, que são características, e que podem conferir algumas dificuldades. Mas, talvez, o principal desafio ainda seja o preconceito e a dificuldade de aceitação das diferenças”, explica o psiquiatra do Instituto de Psiquiatria e Psicoterapia (IPP), Dr. Diego Giacomini. É importante explicar que a Síndrome de Down não deve ser entendida como uma doença, mas como uma síndrome genética que pode condicionar ou favorecer uma série de patologias, com diferentes formas de apresentações, causadas por uma alteração genética – uma trissomia do cromossomo 21. Essa é a alteração cromossômica mais comum e não existe uma causa específica para sua ocorrência. “Devemos trabalhar no sentido de favorecer e estimular todas as potencialidades da pessoa com Down, com a intenção de atingir a sua maior capacidade intelectual e psicológica, facilitando sua interação social e a utilização das suas habilidades afetivas”, informa o psiquiatra.
Desenvolver as potencialidades
A equipe multiprofissional é essencial para o desenvolvimento das potencialidades e para atender às possíveis comorbidades clínicas que possam se apresentar nos pacientes com Down. Pediatra, neurologista, psiquiatra, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, entre outros profissionais, podem ser essenciais para promover ao paciente todos os acessos necessários.
Assim também é essencial que a família tenha um bom suporte de informações, pois a desinformação pode ser o pior inimigo dos portadores da síndrome. “Cada vez mais se tem acesso à informação e aos profissionais que podem auxiliar na condução desse paciente. A família que consegue proporcionar um ambiente saudável, principalmente no que diz respeito ao bem-estar emocional, tem muito mais condições de conduzir os cuidados necessários”, explica o especialista.
Entender para lidar
Neste sentido o médico acredita que o próprio estigma relacionado ao acompanhamento psiquiátrico tem diminuído bastante nos últimos anos, pois a população, de uma maneira geral, tem entendido que este suporte se faz necessário para melhor entender a doença e aprender a lidar melhor com as questões da inserção social e do preconceito. “Além disso, o acompanhamento psiquiátrico se torna essencial à medida que essas dificuldades vão se tornando evidentes, quando a família percebe que não consegue reunir as condições necessárias para conduzir sozinha essa situação, independente do momento em que isso possa ocorrer”, comenta o psiquiatra. Mesmo assim, não existe nada mais importante para a pessoa com Down do que o apoio incondicional da família, principalmente dos pais. “O amor é fundamental para o cuidado. Amem seus filhos, os aceitem, os estimulem ao máximo e eles serão vistos da mesma forma por todos os outros”, finaliza o psiquiatra.