A importância da cintilografia nos diagnósticos

Exames estão cada vez mais requisitados por várias áreas da medicina

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Equipamento utilizado na cintilografia
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Os exames de imagem são cada vez mais utilizados para facilitar e aprimorar os diagnósticos. A cintilografia é um exame que vem revolucionando diagnósticos e tratamentos. É utilizada para estadiamento e seguimento dos pacientes com câncer, avaliação de doenças benignas, além do diagnóstico e controle de muitas patologias. A Medicina Nuclear é a especialidade médica que realiza o exame, através de radiofármacos no diagnóstico e no tratamento de várias doenças. A Dra. Mauren Azambuja Gonzalez, médica do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital São Vicente de Paulo, explica que a cintilografia é o exame de imagem mais comum da Medicina Nuclear. Usamos radiofármacos específicos para cada órgão, ou sistema do corpo humano. Quando unimos um radioisótopo (elemento capaz de emitir radiação) com um fármaco que faz parte do metabolismo de um órgão, podemos fazer a cintilografia daquele órgão. Já em relação aos exames de rotina, o médico assistente solicitará o exame conforme os fatores de risco e o quadro clínico de cada paciente.

 

Material radioativo
O radiofármaco, material radioativo usado na cintilografia, é introduzido no corpo humano por injeção, ingestão ou inalação. Cada radiofármaco possui afinidade por um órgão específico, e a cintilografia reflete a função e o metabolismo de cada órgão estudado. Por exemplo, para examinar o esqueleto, usamos o MDP (material não radioativo com afinidade natural pelo esqueleto), marcado com o 99m-tecnécio (material radioativo). Assim, marcamos os ossos do paciente, que emite a radiação para o equipamento registrar as imagens. O paciente é exposto a níveis baixos de radiação por exame. A quantidade de radiação usada é muito pequena, não proporcionando riscos aos pacientes. A única contraindicação absoluta para o exame é a gestação.

 

Cintilografia óssea
A indicação mais comum da cintilografia óssea é o estadiamento e o seguimento dos pacientes com câncer, permitindo o diagnóstico precoce de metástases ósseas e o controle da resposta da doença ao tratamento. O exame permite a análise do esqueleto inteiro em um único procedimento e mostra as alterações antes do raio-X. É importante salientar que é um exame solicitado segundo as diretrizes científicas seguidas pelos oncologistas. A cintilografia óssea também é usada na avaliação de doenças benignas, como no diagnóstico de fraturas de estresse e de infecções ósseas de difícil diagnóstico ou localização.

 

Ampla utilização

As cintilografias renais são usadas no diagnóstico e no controle do tratamento das infecções urinárias e no diagnóstico das doenças obstrutivas dos rins. O método também avalia a resposta à terapia nos pacientes que precisaram ser operados por doenças renais obstrutivas. A cintilografia renal permite o cálculo da função de cada rim, em separado, auxiliando, por exemplo, na decisão da remoção cirúrgica do rim. A cintilografia da tireóide auxilia no diagnóstico das causas do hipertireoidismo e das tireoidites e na indicação da cirurgia de tireóide.
A cintilografia pulmonar é usada no diagnóstico e no controle do tratamento da embolia pulmonar. Também pode ser usada no pré-operatório da cirurgia pulmonar, auxiliando o cirurgião torácico a decidir o quanto do pulmão pode ser removido no procedimento. A pesquisa de refluxo gastro-esofágico faz diagnóstico de refluxo em crianças com pouco ganho de peso e em pacientes que podem apresentar vômitos, sinusites ou pneumonias de repetição.

 

Coração
A cintilografia do miocárdio é um exame não invasivo que permite o diagnóstico da cardiopatia isquêmica coronariana. O método pode detectar a doença antes de ocorrer o infarto. Também é usado para avaliar a resposta ao tratamento. O exame ainda fornece informações como a função do ventrículo esquerdo e medidas de volume que mostram se o coração está ou não com suas dimensões aumentadas. A cintilografia mostra imagens do coração em repouso e após o paciente andar na esteira ergométrica, ou receber uma medicação que simula o efeito da caminhada na esteira. O paciente recebe uma injeção do material radioativo que se fixa no músculo do coração. O coração emite radiação para o equipamento que registra as imagens, a gama-câmara. Este exame é solicitado por indicação do médico, para diagnóstico de cardiopatia isquêmica, para avaliar o sucesso do tratamento medicamentoso ou intervencionista e para avaliação pré-operatória de risco cardíaco.

 

Vantagens
Os exames diagnósticos podem ser feitos com ou sem o uso de radiação. A Medicina Nuclear, o raio-X e a tomografia computadorizada usam radiação. A ecografia e a ressonância magnética não usam radiação. A vantagem da cintilografia do miocárdio em relação ao cateterismo é ser um exame não invasivo. A cintilografia determina a importância funcional da lesão anatômica vascular detectada pela angiografia, auxiliando o cardiologista a intervir no vaso causador da doença isquêmica. As vantagens em relação ao ecocardiograma são de serem mais reprodutíveis, menos dependentes do operador e mostrarem a perfusão do miocárdio.

 

Os avanços da Medicina Nuclear

A Medicina Nuclear tornou-se parte da prática médica a partir de 1946, quando o iodo-131 começou a ser usado no tratamento do câncer de tireóide. Depois disso, o iodo-131 foi usado para fazer a cintilografia da tireóide, após a criação da gama-câmara, equipamento que registra as cintilografias. A gama-câmara foi criada por Hal Anger, no final dos anos 50. A gama-câmara é formada, basicamente, por um detector de radiação, que acoplado a computadores e sistemas eletrônicos, possibilitam o registro da radiação emitida pelo paciente. Diferente dos equipamentos de raios-X, a gama-câmara não emite radiação. Nos anos 70, a maioria dos órgãos já podia ser estudada pela Medicina Nuclear.

 

Evolução
O maior avanço da Medina Nuclear, que já é uma realidade no Brasil, foi a criação da tomografia por emissão de pósitrons, conhecida como “PET”.


A união da tomografia por emissão de pósitrons com a tomografia computadorizada gerou o PET-TC, útil no diagnóstico de doenças cardíacas, neurológicas e na oncologia. A união da tomografia computadorizada à tomografia por emissão de pósitrons tornou o método mais preciso na localização das lesões e na diferenciação entre lesões benignas e tumorais. O médico nuclear e o radiologista analisam o exame juntos.

 

Benefícios
As pesquisas científicas já comprovaram os benefícios do PET-TC para os pacientes com câncer. O exame consiste na injeção endovenosa de uma molécula de glicose, similar ao açúcar, marcada com o radioisótopo flúor-18. Sabemos que tumores malignos possuem metabolismo acelerado, em relação aos tecidos sadios do organismo. Dessa forma, consomem mais glicose que os tecidos sadios, emitem maior radiação para o equipamento, que faz uma imagem de corpo inteiro, diagnosticando as lesões à distância do tumor original, conhecidas como metástases. É importante salientar que o PET-TC tem indicações precisas, e o oncologista solicitará o exame quando indicado. O exame pode ser indicado no momento do diagnóstico de alguns tipos de câncer e, ainda, na avaliação da resposta aos diversos tratamentos, sejam tratamentos cirúrgicos, seguidos ou não por quimio ou radioterapia. O PET-TC é um avanço enorme na oncologia, pois permite que o paciente seja estadiado corretamente e receba o tratamento adequado.

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