A princípio, aquelas veias dilatadas, de aspecto tortuoso, cor azulada e que ficam bem visíveis na batata da perna podem representar somente um problema estético. Nesses casos, por mais que o indivíduo tenha varizes espalhadas por toda a região dos membros inferiores, não há a manifestação de sintomas como dor, queimação ou ardência, principalmente quando se fica muito tempo em pé. Por outro lado, há quem possua varizes minúsculas, nem tão visíveis, mas que provocam um desconforto tremendo que só melhora quando as pernas ficam erguidas em repouso. O Dr. André Lorenzon, cirurgião vascular, explica que as varizes nada mais são do que veias dilatadas, que podem ser de pequeno, médio ou grande calibre. As veias das pernas possuem válvulas que se abrem e se fecham para que o sangue que chega à região dos membros inferiores consiga retornar até o coração. Entretanto, seja por predisposição genética, gravidez, idade, obesidade ou uso de pílula anticoncepcional, as válvulas passam a funcionar de maneira ineficiente e o sangue fica parado dentro das veias. Resultado: veias dilatadas devido à pressão.
Inchaço
O problema acomete quase 40% da população brasileira, sendo encontrada em 30% dos homens e em 45% das mulheres. Mas quando elas passam a ser preocupantes além da estética? Segundo o Dr. André, deve-se ter mais atenção quando as veias apresentam um aspecto muito inchado e os sintomas prejudicam a qualidade de vida do paciente. “Independentemente de ser ou não um problema estético, o tratamento precoce deve começar o quanto antes, porque varizes podem levar a quadros de complicações. Um dos sintomas iniciais é a sensação de cansaço nas pernas. Além disso, pode haver a formação de edemas, pois o sangue não consegue retornar. Os eczemas também são uma das complicações, quando a pele fica vermelha, escamosa e coçando”.
Genética e hormonal
As varizes, infelizmente, têm origem genética e grande influência hormonal. Quando a mulher toma pílula anticoncepcional, ela está induzindo o organismo a uma ‘falsa gestação’. “Do ponto de vista hormonal, é como se estivesse grávida. Por isso, é importante ficar atenta, pois mulheres que usam hormônios femininos por tempo prolongado têm grande chance de desenvolver varizes no futuro”.
Tratamentos
O tratamento cirúrgico basicamente fecha os pontos de refluxo e retira apenas as veias superficiais dilatadas. André explica que existem três indicações para o procedimento: estética, para resolver o problema e prevenir a piora do quadro; funcional, quando as veias estão muito dilatadas e o paciente apresenta sintomas; e nos casos de urgência, caracterizados quando o paciente apresenta flebite (inflamação) da safena magna na coxa e com progressão para a crossa da safena (região da virilha), levando ao risco de embolia pulmonar. É importante destacar que o tratamento vai depender da progressão da doença. Se, por exemplo, os sintomas ainda não existem, mas há predisposição familiar, é importante se prevenir fazendo exercícios físicos diários que mexam as pernas, como caminhadas de pelo menos 30 minutos. Meias elásticas também são indicadas (mas devem ser prescritas por especialistas), pois como as veias ficam apertadas, as válvulas passam a bombear melhor o sangue.
Vasinhos são varizes?
Os microvasinhos, presente em oito de cada 10 mulheres, são vasos de fino calibre, superficiais, intradérmicos e dilatados, que podem ser eliminados com sessões de escleroterapia. O tratamento consiste em injetar líquidos, em geral uma solução viscosa de glicose a 75%, que oblitera os vasinhos, fazendo-os sumir. Esses vasos de pequeno calibre são considerados os estágios iniciais da disfunção venosa e servem como sinal de alerta. “Nestes casos, utilizamos essas injeções que servem para secá-las. Para as mais grossas, que fazem saliência na pele, é necessária intervenção cirúrgica”, explica o especialista.