A dor surge como um sinal de alerta de que algo não está bem em nosso corpo, podendo representar um sintoma transitório ou até mesmo uma doença grave. Segundo a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, a dor é uma experiência sensorial ou emocional desagradável, associada à lesão real ou potencial dos tecidos do corpo. É classificada como crônica, quando tiver duração de mais de três meses. A dor crônica é uma das queixas mais comuns na área da saúde e pode ter consequências significativas para a qualidade de vida, ocasionando redução do envolvimento em atividades, afastamento de relações sociais e perda da produtividade.
Fatores impactantes
A dor é uma experiência subjetiva, por isso alguns fatores psicológicos impactam no seu desenvolvimento, persistência e tratamento. Entre esses fatores está a depressão, que provavelmente possui natureza bidirecional com a dor crônica e está associada a uma pior resposta ao tratamento e menor funcionamento e tolerância à dor. A ansiedade, que possui componentes cognitivos como ruminação e a antecipação do medo, que são relacionados ao sofrimento emocional e percepção de falta de controle e gravidade da dor. Outro fator psicológico é o estilo de enfrentamento, que em relação à dor crônica, seria a tentativa esforçada de se adaptar à dor ou de gerenciar a resposta negativa relacionada a ela, assim como a catastrofização, uma distorção cognitiva, se refere à tendência de desenvolver pensamentos extremamente negativos sobre o seu sofrimento, de tal forma que até problemas menores são interpretados como grandes “catástrofes”. Adicionalmente, outro fator psicológico envolvido na dor é a aceitação, que geralmente engloba a disposição de se engajar em atividades pessoalmente significativas, mesmo quando o indivíduo sente dor, e a disposição de parar de evitar ou tentar controlar a dor.
Intervenção psicológica
Nesse contexto, uma vez que os fatores psicológicos associados à dor crônica são corretamente identificados, existem abordagens de psicoterapia que podem ser empregadas no seu tratamento. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem demonstrado ser uma intervenção psicológica efetiva para uma variedade de problemas relacionados à dor crônica. Estudos científicos relatam que a TCC auxilia na adequação da percepção das sensações físicas, pensamentos catastróficos, comportamentos mal-adaptativos, na melhora de habilidades emocionais, regulação da dimensão afetiva da dor e a qualidade de vida em geral. A dor é afetada pela cognição individual, e a premissa central da TCC é de que cognição mal-adaptativa contribui para a manutenção de aspectos emocionais e físicos da dor, tendo impacto no seu agravamento e persistência. Embora os pacientes com dor crônica representem um grupo heterogêneo, é fundamental identificar características psicológicas comuns que demonstram afetar negativamente o tratamento. Tratar os fatores psicológicos que contribuem para a dor crônica pode ser tão importante para o resultado do tratamento quanto abordar a dor em si.