Um estudo inédito, promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, identificou que a utilização do foto-protetor e exposição leve ao sol não afeta a capacidade de síntese cutânea da vitamina D. O estudo envolveu 95 voluntários, entre dermatologistas, residentes e alunos. Os voluntários foram divididos em três grupos: sem exposição solar por 24 horas, expostos a dose leve de sol com e sem fotoprotetor tópico (FPS 30). Seus níveis de Vitamina D foram medidos na manhã antes da exposição solar e também na manhã seguinte, permitindo o cálculo da variação dos níveis sanguíneos no intervalo de 24h. O trabalho revelou que a variação dos níveis de vitamina D foi maior no grupo exposto com filtro solar do que para o grupo não exposto, mostrando que ocorreu síntese efetiva de Vitamina D após breve exposição ao sol, mesmo com filtro solar. De acordo com os pesquisadores, a diferença da variação dos níveis de vitamina D entre os grupos com e sem o filtro não atingiu uma diferença significativa. Isso indica que não houve prejuízo à síntese de vitamina D.
Doses baixas
A Dra. Juliana Rietjens, médica dermatologista da Saúde Center Clínica de Tapejara, explica que a síntese de vitamina D depende de doses muito baixas de UVB em pequenas áreas do corpo. A radiação atinge a pele através do vestuário leve e couro cabeludo, além de áreas que não são completamente cobertas pelo filtro solar. O uso regular de filtro solar nas áreas diretamente expostas ao sol para prevenção ao câncer da pele, queimaduras e fotoenvelhecimento, tem sido criticado por alguns profissionais como importante causa da hipovitaminose D na população devido à redução de sua síntese cutâneas. “Mas, até o momento, nenhum estudo havia sido conduzido para avaliar e subsidiar recomendações de uso do filtro solar, especialmente, em regimes de exposição solar leve (habitual).
A atual epidemia de hipovitaminose D deve decorrer da ingesta insuficiente e, principalmente, os hábitos de lazer e de trabalho em ambientes abrigados da proteção solar, característicos da sociedade moderna que não se expõe ao sol no seu cotidiano. Isso não depende do filtro solar”, explica. Há também elementos ligados ao indivíduo, como a espessura da pele exposta (reduzida em idosos), má-absorção do intestino (sobretudo em pacientes que fizeram cirurgia bariátrica), medicamentos de uso regular, obesidade, sedentarismo e variações nos receptores de vitamina D nos tecidos, que interferem a síntese e disponibilidade de vitamina D. Portanto, a dermatologista alerta que todos devem usar o protetor solar, que este não influencia a síntese da vitamina D no organismo.