A diástase abdominal pode atingir até 30% das mulheres no pós-parto. É uma forma de estiramento que acontece pelo enfraquecimento da musculatura abdominal. Ocorre quando dois músculos do abdômen, chamados de reto abdominais, são separados devido à distensão de um tecido conjuntivo que os une. Esta distensão resulta do aumento de um conteúdo no abdômen e pode ocorrer devido à gestação. “Com o desenvolvimento da gestação o conteúdo intra-abdominal aumenta à medida que o útero cresce. Os músculos reto abdominais são longos e verticais, fixos no pube e no tórax. Com o aumento do volume intra-abdominal eles são empurrados para frente e como forma de acomodação acabam se afastando”, explica o cirurgião plástico da Clínica Contour, Dr. Rafael Ceita Nunes.
Postura
O cirurgião plástico ressalta que esse deslocamento pode trazer outras complicações além da questão estética. “Em casos onde a diástase é significativa o eixo de equilíbrio corporal muda, alterando a postura. Esta mudança pode gerar dores na coluna lombar. Ainda, o tecido conjuntivo entre os músculos do abdômen se torna mais fino com a separação dos músculos e, eventualmente, esta fraqueza pode favorecer o desenvolvimento de hérnias abdominais”.
É possível prevenir?
De acordo com o Dr. Rafael, existem alguns fatores que contribuem para não exacerbar a diástase, principalmente durante a gestação, como: adotar uma postura mais ereta, usar faixas malhas de compressão ou cintos, evitar atividades de impacto, realizar atividades físicas que fortaleçam a parede abdominal. Mesmo assim, não há um fator que previna, mas sim um conjunto de fatores que contribuirão para amenizar a separação da musculatura. O diagnóstico deve ser feito por um médico especialista e consiste em um exame físico minucioso. O profissional comenta que a região peribumbilical é o local onde a apresentação clínica é mais evidente e que os exames de imagem, como ecografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, podem ajudar no diagnóstico e quantificar o grau de diástase.
Recuperação
O médico esclarece que a recuperação espontânea da diástase ocorre na grande maioria dos casos e esta associada com o número de partos, menor ganho de peso durante a gestação, o peso de nascimento do bebê menor que 3,7 kg, aumento dos níveis de atividade antes, durante e após a gravidez. “Isso significa que uma mãe que estiver sendo acompanhada antes do parto também terá menos probabilidade de ter diástase”, diz. Já o tratamento depende de cada caso. O cirurgião plástico comenta que, após seis semanas do parto, a musculatura tende a retornar para sua posição anatômica. A partir daí a paciente pode iniciar o tratamento conservador com base em atividades que fortaleçam a musculatura abdominal, como atividades físicas, eletroestimulação e controle postural. “Se após seis meses de tratamento conservador a paciente não obtiver melhora, então se trabalha com a hipótese de tratamento cirúrgico”.
Conservador
Principalmente para o tratamento conservador a equipe multidisciplinar é essencial. Educadores físicos e fisioterapeutas terão objetivo de fortalecer a musculatura abdominal, já a equipe da nutrição ajuda muito no tratamento das pacientes que estão acima do peso com o objetivo de emagrecer e direcionar uma dieta especifica para melhorar o fortalecimento muscular. O cirurgião plástico aborda a parte cirúrgica.
Cirúrgico
O cirurgião revela que, para o tratamento cirúrgico, os músculos reto abdominais são aproximados através de uma sutura cirúrgica. “O procedimento também pode ser realizado por via videolaparoscópica ou aberta. Esta última geralmente esta associada à abdominoplastia”, esclarece.
Além das gestantes, quem mais pode sofrer com a diástase?
Pessoas como excesso de peso geralmente tem um aumento da gordura visceral, proporcionando aumento do conteúdo intra-abdominal e com isso separando os músculos. “A desnutrição também favorece ao enfraquecimento das fibras conjuntivas e musculares, favorecendo a diástase. Além destes, qualquer patologia que aumente o conteúdo ou a pressão intra-abdominal pode causar a diástase, tais como: ascite, tumorações e visceromegalias”, explica o cirurgião plástico.