A Urticária crônica espontânea provoca intenso desconforto para quem convive com a doença, tem um impacto extremamente negativo à qualidade de vida do paciente. A maioria da população, por desconhecimento, confunde a UCE com alergias. As explicações são da Dra. Juliana Mazzoleni Stramari, médica dermatologista da Central de Consultas do Hospital da Cidade. A urticária crônica espontânea é definida pelo surgimento espontâneo e rápido de urticas e/ou angioedema, por um período maior de 6 semanas, sem que sejam identificados fatores desencadeantes, ou seja, não é causada por nenhum agente externo mas, sim, pelo próprio organismo. Mesmo atingindo em torno de 1 milhão de brasileiros, é uma doença praticamente desconhecida. A UCE é pouco conhecida e é confundida muitas vezes com alergias, já que tem sinais e sintomas semelhantes, fazendo com que o paciente busque continuamente a suposta causa das lesões (alimentos, cosméticos, medicações, etc), mas sem identificar um fator desencadeante.
Não é contagiosa
É importante salientar que a doença não é contagiosa. Ela acontece quando o sistema imunológico do paciente ataca os mastócitos de sua própria pele, causando a liberação de histamina e, consequentemente, as urticas e angioedema. Não tem como prevenir os quadros, eles surgem de repente, sem aviso, tornando a doença imprevisível, o que causa frustação nos pacientes. Existe um impacto significativo na qualidade de vida, como distúrbios do sono, diminuição da autoestima, diminuição da interação social e alterações psicológicas, como ansiedade e até depressão.
Sintomas
As urticas são lesões róseas ou levemente avermelhadas, edemaciadas, com tamanhos variados, com muita coceira, que podem aparecer em qualquer lugar do corpo, desaparecendo em até 24 horas, sem deixar manchas. Em alguns casos, pode ser acompanhada de angioedema, que é o edema (inchaço) das camadas mais profundas da pele, mais associado a dor do que a coceira. Nas urticárias crônicas, é importante consultar com um especialista (dermatologista ou alergista) para fazer uma investigação e realizar o diagnóstico correto, excluindo causas conhecidas de urticária, como alimentos, doenças autoimunes, medicações e infecções, por exemplo. É uma doença de ocorrência mundial e pode ocorrer em qualquer idade, mas tem uma incidência maior entre os 20 e 40 anos de idade e em mulheres.
Tratamento
O tratamento é variado, sendo individualizado para cada paciente e pela gravidade da doença. Pode incluir o uso de anti-histamínicos, loções antipruriginosas, corticosteroides sistêmicos e até medicações imunomoduladoras em casos mais graves. A maioria dos pacientes tem uma melhora importante com o tratamento adequado e há uma tendência à cura espontânea. Mas em uma parcela dos pacientes não há regressão completa do quadro, podendo ocorrer recidivas.