Por que o excesso de sal faz mal à saúde?

O consumo médio do brasileiro equivale ao dobro do recomendado

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O sal acompanha a humanidade há milênios. Não para temperar, mas para preservar a comida. Egípcios e fenícios salgavam alimentos para leva-los para locais distantes. Na China, onde a função do sal era conservar ovos em salmoura, também foi utilizado para salgar peixes nas temporadas de pesca para que fossem consumidos mais tarde. O sal retira a água, evita a proliferação de bactérias e permite a conservação dos alimentos. Temos como exemplos bem conhecidos o bacalhau, que vem salgado da Noruega, e o charque aqui do Rio Grande do Sul. Mas, no início do Século XX, o sal também passou a ser utilizado como tempero. Mesmo com tantos benefícios à humanidade, o sal aumenta a pressão arterial. Hoje, já na condição de vilão, pode ser classificado como prejudicial à saúde. A Dra. Marisa Garcia Rosa explica que o aumento da pressão ocorre por conta da propriedade osmótica do cloreto de sódio, principal componente do tempero, que atrai as moléculas de água para si e leva à retenção de líquidos.

 

Como atua na circulação

De acordo com a cardiologista, “quando o sal entra no organismo, ele é absorvido pelo intestino e vai direto para o sangue. Se é consumido em grande quantidade, cai na mesma proporção nos vasos. Como a água do corpo é sugada pelo cloreto, o organismo, na tentativa de manter o equilíbrio e normalizar a falta de água, eleva a pressão arterial para aumentar o fluxo de sangue circulando”. Acontece que os vasos estão acostumados com um determinado volume sanguíneo circulando em seu interior. Quando a quantidade de sangue circulante aumenta muito, os vasos se contraem para tentar diminuir o fluxo e restabelecer o estado habitual. Esta constrição dos vasos de fato diminui a quantidade de sangue circulando no organismo, mas a pressão de bombeamento do coração continua aumentada. “Consequentemente, o órgão não é irrigado de maneira adequada, justamente quando precisa trabalhar com mais intensidade, o que faz com que seu tecido fique mais espesso”, completa a especialista. Esta sequência de alterações pode levar a uma série de consequências graves: hipertensão arterial, problemas renais, arritmia e infarto.
 
O lado bom
Esses males não significam que sal deva ser eliminado da dieta. A sua ausência também tem consequências ruins. A necessidade diária de sódio para os seres humanos é de 500 mg, e a ingestão de sal é considerada saudável até o limite de 2 g (aproximadamente 1/2 colher de café) por dia. O problema é que o consumo médio do brasileiro corresponde ao dobro do recomendado. “O sódio é um dos 22 minerais considerados essenciais na alimentação e tem papel fundamental na manutenção do equilíbrio e distribuição dos líquidos corporais (dentro e fora das células), além de contribuir para a contração muscular e transmissão dos impulsos nervosos e do ritmo cardíaco, permitindo o bom funcionamento do cérebro e o controle adequado das funções vitais do organismo”, explica Mariza. Quando há uma queda rápida dos níveis de sódio (hiponatremia), os principais sintomas são: diminuição da pressão, confusão mental, letargia, anorexia, convulsões, coma, náuseas, vômitos, cãibras e fraqueza. “Ainda, o sal de cozinha é para nós a principal fonte de iodo. A deficiência dessa substância no corpo pode causar deficiência mental e abortos espontâneos”.

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