Com a chegada do inverno, que começa no dia 21 de junho, as chances de contrair infecções respiratórias são maiores. Pacientes em tratamento oncológico estão ainda mais suscetíveis a essas doenças, devido ao tratamento que contribui para a queda da imunidade e também costuma acentuar a sensibilidade ao frio. As doenças respiratórias mais comuns no período de frio que acometem pacientes com câncer são os resfriados, a gripe e infecções bacterianas de vias aéreas como sinusite e pneumonia.
O oncologista clínico do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado, salienta que os pacientes oncológicos precisam redobrar os cuidados com a saúde no inverno. “O tratamento quimioterápico pode reduzir a imunidade, assim como o uso crônico de corticosteróides, e pacientes com doença muito avançada, debilitados e desnutridos são mais suscetíveis às infecções e complicações nesta época do ano”, ressalta o oncologista do CTCAN.
A vacina contra a gripe, a higienização das mãos e manter-se bem agasalhado são orientações essenciais para enfrentar este período do ano. “A primeira orientação é fazer a vacina contra a gripe. Segundo manter boa higiene lavando as mãos, não levando as mãos à boca e olhos, mantendo-se afastado de pessoas claramente gripadas, com tosse ou febre e manter-se bem agasalhado”, observa Machado.
Vacina contra a gripe
O oncologista também reforça a importância da imunização contra a gripe. “A vacina baseia-se nas cepas de vírus da gripe do ano anterior, mesmo assim é importante e reduz, comprovadamente, os casos de gripe e de mortes. Por ser vacina de vírus inativados, é segura e pode ser administrada mesmo durante o tratamento quimioterápico. Sempre recomendo que o médico assistente seja consultado para as orientações individualizadas”, orienta o oncologista.
Recomendações
As vacinas estão disponíveis na rede pública e privada. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) estabeleceu algumas recomendações gerais para pacientes oncológicos como:
- A vacina contra influenza é uma vacina de vírus inativado administrada em dose única;
- Anualmente são definidas as cepas que constituem a vacina. Em 2018, a vacina trivalente é constituída de duas cepas similares ao influenza A (H1N1 e H3N2) e uma cepa similar ao influenza B. A vacina tetravalente inclui mais uma cepa similar ao influenza B;
- Pacientes com tumores sólidos ou hematológicos estão incluídos no grupo de pacientes de risco maior para a infecção e complicações de influenza, tendo prioridade e recomendação formal para vacinação;
- Como recomendação geral, pacientes recebendo radioterapia, quimioterapia venosa ou oral, terapia-alvo (incluindo rituximabe) ou pacientes pós-transplante podem receber a vacina anualmente, com segurança.
- A resposta à vacina para influenza pode ser variável em pacientes em uso de terapia imunossupressora. Embora os dados sejam escassos, recomenda-se, quando possível, administrar a vacina entre os ciclos de quimioterapia e utilizar medidas adicionais de proteção (ex: lavar sempre as mãos, evitar locais com aglomeração de pessoas, utilizar álcool gel nas mãos e, caso julgue necessário, máscara de proteção).
- Pacientes utilizando imunoterapia (anticorpos anti-PD-L1 e anti-CTLA4) podem receber a vacina.
- Pessoas em contato com pacientes com câncer (principalmente crianças) e profissionais de saúde, que não apresentem contraindicação, devem receber também a vacina.