É grande a angústia dos casais que não conseguem engravidar. Um desgaste emocional que atinge a estabilidade dos relacionamentos. Hoje a ciência disponibiliza orientações, acompanhamentos e tratamentos que podem solucionar o problema. Porém, a busca por auxílio médico depende da iniciativa do casal. E, de fato, é uma situação que deve ser resolvia a dois. O Dr. Leandro Kruel, urologista do corpo clínico do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo, esclarece sobre o papel do homem nessas situações. A infertilidade conjugal é definida como a incapacidade de se obter gestação após um ano de relações sexuais frequentes, desprotegidas e bem distribuídas ao longo do ciclo menstrual. Sobre as causas da infertilidade, 50% são atribuídas a fatores masculinos. Assim, cada cônjuge contribui com 50% do fator de infertilidade.
Mesmas chances
Por questões comportamentais, por muito tempo, a infertilidade era atribuída quase que exclusivamente à mulher. Uma conduta que acaba prejudicando a busca por uma solução. De acordo com o especialista, homens e mulheres apresentam as mesmas chances de serem inférteis. A falta de informação médica, em outras épocas, fez com que apenas as mulheres fossem responsabilizadas pela infertilidade do casal. Quando o homem “acha” que o problema não é com ele, somente a mulher procura o atendimento. Sendo assim, teremos 50% de chance de o problema estar no homem e não descobrirmos.
Não é distúrbio sexual
Não há nenhuma relação entre impotência, ejaculação precoce ou qualquer distúrbio sexual com a qualidade de sêmen, logo, não existe associação com infertilidade. Dentre os principais fatores masculinos relacionados à infertilidade, a Varicocele (veias varicosas no cordão do testículo) é a causa mais comum. Também temos a criptorquidia (quando o testículo não desce até a bolsa escrotal ao nascimento), realização prévia de vasectomia, infecções nos testículos, anomalias congênitas, uso de quimioterápicos, exposição à radiação ou calor excessivo, tabagismo, etilismo, maconha, cocaína, uso de anabolizantes, obesidade, além de outros.
Tratamentos
Atualmente evoluíram muito os tratamentos para infertilidade, tanto por causas masculinas como femininas. As técnicas de fertilização assistida apresenta hoje índices de sucesso muito superiores se compararmos há alguns anos. A microcirurgia para o tratamento da varicocele também é um exemplo de grande evolução em relação às cirurgias de antigamente que eram realizadas ao olho nu. O fator masculino de maior importância é a varicocele. O tratamento desse distúrbio evoluiu muito nos últimos anos, sendo hoje feito por microcirurgia (cirurgia com auxílio de microscópio) além de microdispositivos para localizar com precisão as veias doentes (Microdoppler). Com esse tratamento é possível reverter a infertilidade e prevenir futuros problemas com o testículo. A infertilidade pode não ter cura em casos nos quais já está instalado um dano irreversível ao testículo.
Hábitos
Os hábitos que sabidamente podem prejudicar a fertilidade são os associados à exposição ao calor, radiação e substâncias tóxicas por longos períodos. Estudos já comprovaram que uma dieta saudável e balanceada pode melhorar a qualidade do sêmen e as taxas de fertilidade. Em contra partida, o consumo exagerado de carnes processadas, gorduras saturadas e álcool apresentaram diminuição da fertilidade.
Idade
Nos homens a idade contribui para a infertilidade, porém não na mesma proporção que ocorre nas mulheres. A piora da qualidade do sêmen pode começar a ocorrer após os 35 anos, mas torna-se mais evidente após os 55 anos.
Aumentando as chances
Manter um estilo de vida saudável e evitar os fatores de risco já comentados é o que todos os homens que desejam ser pai deveriam fazer. Também importante salientar que jovens com varicocele (Varizes geralmente visíveis na bolsa escrotal) devem procurar o urologista para avaliar a necessidade ou não de tratamento, já que esse distúrbio pode trazer infertilidade futura.