Passo Fundo é menor cidade do país a realizar transplante de fígado

O transplante de órgãos é uma nova oportunidade de vida para muitas pessoas

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Samara conta com a ajuda especial para família para se recuperarSamara conta com a ajuda especial para família para se recuperar
Samara conta com a ajuda especial para família para se recuperar
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Muitos não conhecem direito como funciona o processo de transplante de órgãos e até mesmo não imaginam que um dia, talvez, venham a precisar do procedimento. Foi assim com a Samara Trindade da Silva, de 20 anos. Ela não sabia muito sobre transplantes, mas hoje celebra alegria da vida que renasceu após ganhar um fígado novo. “Só tenho a agradecer a família que teve esse gesto de amor e disse sim para a doação. Se posso abraçar a minha filha e a minha família hoje, foi porque alguém teve esse gesto solidário”, relata a mãe da pequena Joana de oito meses.

 

Samara chegou no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, no dia 17 de junho para realizar exames, após passar mal, os médicos constataram que a jovem estava com uma hepatite fulminante e seu fígado estava parando. “Eu comecei a perder a consciência e não sabia mais onde estava. Então os médicos me levaram para a CTI e falaram para meu marido que eu precisava de um transplante urgente. Então ele começou a organizar a papelada e rezar para que eu conseguisse um fígado logo”, conta Samara, que quatro horas depois estava indo para a sala de cirurgia. “Foi um milagre. Menos de cinco horas de espera e tinha um órgão para o transplante! Fui para a cirurgia e graças a deus tudo correu bem”.

 

Em junho de 2000 o Hospital São Vicente, por meio de uma equipe de profissionais liderados pelo cirurgião Paulo Reichert realizou pela primeira vez no interior do estado um transplante de fígado. De lá para cá, 18 anos se passaram e mais de 260 pessoas tiveram a oportunidade de uma nova chance de vida. Samara é uma dessas pessoas, que hoje celebra seu renascimento. “Sou de Mormaço e a primeira transplantada da cidade. Todos se mobilizaram para me ajudar. Nunca pensei que precisaria de um transplante e hoje só tenho a agradecer a família que doou e a equipe de profissionais que nos orientaram e auxiliaram muito”, enaltece Samara, que junto com o marido Jackson Oliveira de Souza, desfrutam a companhia da filha Joana.

 

O HSVP foi o primeiro hospital do interior do Brasil a realizar transplantes de fígado e ainda hoje, Passo Fundo é a menor cidade do país a efetuar o procedimento. “O transplante ou dá muita alegria ou muita tristeza, porque são casos de muito risco e se eventualmente se perde um paciente é uma tristeza profunda, pelo envolvimento que se tem com o paciente. Por outro lado, o habitual do transplante é dar certo e isso, gera uma enorme alegria. Temos transplantados há 18 anos que vivem sua vida normal, com filhos, netos, a vida que continua”, evidencia o atual coordenador da Equipe de Transplante Hepático Dr. Reichert.

 

Reichert conta que ao longo desses 18 anos sempre foram necessários muita dedicação e voluntarismo, visto que o transplante é um trabalho árduo. Ele relata que muitas vezes são acordados de madrugada, pois os transplantes não têm dia e nem horário marcados para acontecer. “Para nós são 25 anos entre preparação e atuação. Há 18 anos a realização de um o transplante era um evento, o que hoje já uma cirurgia de rotina no Centro Cirúrgico. É muito gratificante ajudar os transplantados, ver suas histórias e que boa parte deles voltou a trabalhar e possuem qualidade de vida”, destaca o cirurgião, salientando ainda que, um dos desafios é a corrida contra o tempo. “Às vezes listamos as pessoas e pensamos, tomara que venha um fígado a tempo. Uma longa caminhada precisar ser feita, para que não se perca tantos potenciais doadores e que diminua o número de negativas familiares”.  

 

De janeiro a junho de 2018, já foram realizados no HSVP, seis transplantes de fígado e todos os pacientes estão se recuperando bem. “Precisamos agradecer a todos que se envolvem com o transplante durante todos esses anos, e, ainda temos muitos desafios pela frente. Estamos perdendo muitos pacientes na fila por falta de órgãos e também vivemos as dificuldades de um país em crise. Mas, seguimos com esperança de ajudar mais pessoas, de aumentar o diagnóstico de potenciais doadores, o número de consentimento das famílias e de vencer os desafios que estão surgindo”.

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