Com certeza você já sentiu uma sensação agradável ao caminhar ou andar de bicicleta em locais com árvores. O frescor que o meio ambiente também é responsável pelo tempo em que serão desempenhadas as atividades físicas. Uma pesquisa desenvolvida com a participação da professora do curso de Medicina da Imed, Karine Boclin identificou a relação do comportamento das pessoas, de acordo com o contexto de vida. Durante um período de 13 anos, a partir de características contextuais de vizinhança em uma população de residentes do Rio de Janeiro, foram coletadas informações sobre distância entre a residência e orla marítima, ciclovias, concentração de áreas verdes e de espaços públicos com equipamentos de ginástica, densidade e interconectividade de ruas, além de renda média da região de moradia.
Atividade física
“Encontramos uma maior prática de atividade física ao longo dos 13 anos de acompanhamento entre indivíduos que moravam próximos à orla e a ciclovias, em regiões com mais concentrações de áreas verdes e com maior renda média, independentemente das suas características individuais. As associações foram mais significativas para proximidade entre a residência e ciclovias ou orla. Esse resultado reforça a importância do planejamento urbano e de saúde pública na promoção de uma vida mais ativa e consequentemente na promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis na população geral”, explica a professora.
Parque da Gare
Para Karine Boclin, o Parque da Gare em Passo Fundo é um exemplo disso, pois é um espaço revitalizado que possibilita atualmente a prática de atividade física de adultos e crianças. “Se passarmos pela Gare em um domingo ensolarado veremos inúmeras crianças praticando atividade física de forma lúdica, com jogos e brincadeiras. Será que elas estariam praticando atividade física se não houvesse o parque ou um espaço público de lazer acessível?”, questiona a professora.
Publicação
Epidemiologista com formação em Educação Física, a professora Karine desenvolve suas pesquisas voltadas aos efeitos do contexto de moradia, urbano e social, na promoção da saúde pública. O estudo que conta com a participação da professora foi publicado na revista internacional Health and Place, avaliada pela Capes como A1, conceito mais elevado, para Saúde Coletiva. “Eu acredito que seja fundamental, nós enquanto pesquisadores e acadêmicos divulgarmos nossos achados. A ciência se constrói com o acúmulo de evidências válidas e precisas, quanto mais relatos forem publicados, mais sólida se torna a construção de conhecimento nas diversas áreas de pesquisa. Acredito ainda que essa divulgação não deva ocorrer somente no meio acadêmico, mas também para população geral”, explica. A professora integra o grupo Pró-Saúde, que realizou o estudo longitudinal para a constatação destes resultados.