O movimento Novembro Azul, que incentiva a prevenção do câncer de próstata, inicia com dados positivos. Nos últimos cinco anos, a região Norte do Rio Grande do Sul (RS) vem diminuindo gradativamente o número de óbitos por este tipo de câncer, conforme dados do DataSUS. Dados considerados positivos para um câncer que tem a maior incidência entre os homens, depois do câncer de pele não melanoma. São estimados cerca de 68 mil novos casos no Brasil por ano, cerca de 6 mil no Rio Grande do Sul. São quase 15 mil mortes por ano no país, cerca de mil óbitos no RS.
Nos últimos cinco anos (2012-2016), o número de mortes na região Norte diminuiu. Em 2012, quando a campanha Novembro Azul dava seus primeiros passos no Brasil, o número de mortes na região era de 139. Em 2016, esse número reduziu para 118. Passo Fundo, a maior cidade desta região, reduziu ainda mais a mortalidade. De 19 para 8 mortes neste mesmo período. Mais da metade. “Estamos próximos da média nacional. O câncer de próstata é muito comum, tem baixa agressividade em muitos casos e longa evolução. A tendência é de menor mortalidade. Mas precisamos de alguns anos a mais para confirmar este dado”, observa o oncologista clínico do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado.
A evolução no tratamento, políticas de rastreamento da doença e a conscientização da população masculina em relação a importância da prevenção deste tipo de câncer podem ter contribuído para esta redução da mortalidade na região. Conforme a Sociedade Brasileira de Urologista (SBU), cerca de 20% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados da doença. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante. “O tratamento tem evoluído constantemente, com novos medicamentos e com a otimização na utilização destes. Também porque estamos conhecendo melhor a doença e classificando melhor os pacientes de alto e baixo risco para seleção destes tratamentos”, destaca o oncologista do CTCAN.
Apesar desta redução na mortalidade, ainda há muita resistência e mitos em relação aos exames preventivos. “Apesar de ser muito menos que alguns anos atrás, vejo resistência e desinformação, principalmente, nos extratos sociais menos favorecidos”, enfatiza Machado.
Um câncer da terceira idade
Três quartos dos casos de câncer de próstata no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. A recomendação é procurar um médico urologista a partir dos 50 anos de idade para fazer o primeiro exame da próstata e dosar o PSA (Antígeno Prostático Específico) no sangue, para determinar a periodicidade das revisões. No entanto, homens com histórico familiar de câncer de próstata devem procurar o urologista a partir dos 45 anos, conforme recomendação da SBU. “É uma doença crônica, do envelhecimento, incomum antes dos 50 anos de idade. O diagnóstico é suspeitado pelo exame de toque digital da próstata e níveis do PSA no sangue”, ressalta o oncologista.
Uma vida saudável é essencial para a prevenção de qualquer câncer. Dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais é importante, bem como hábitos saudáveis, como 30 minutos diários de atividade física, ou uma hora de exercícios durante três vezes por semana, entre outras ações. “A prevenção é uma vida saudável. Não fumar, alimentação saudável, exercícios físicos regulares, peso adequado e restringir ingesta de bebidas alcoólicas”, pontua Machado.
Novembro Azul
O movimento iniciou na Austrália em 2003, e ganhou o nome de “Movember Foundation”, aproveitando as comemorações do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, que ocorre no dia 17 de novembro. Atualmente, a campanha é realizada em mais de 20 países.
Em Passo Fundo, o Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), a Clínica Kozma, a JR Comércio de Cimento, e outras instituições, se unem novamente neste mês de novembro, como fizeram no Outubro Rosa, para realizar diversas ações em prol da prevenção do câncer de próstata e da saúde do homem.