O câncer de pele representa um terço dos tumores malignos no Brasil. Porém, pode ser prevenido de várias formas. Essa é a proposta da Sociedade Brasileira de Dermatologia que, em 2014, deu iniciou ao movimento de combate ao câncer da pele conhecido como “Dezembro Laranja”. É um mês voltado à conscientização e prevenção da doença. A Dra. Camila Ferron, médica dermatologista, explica sobre o que é o câner de pele. Ele é chefe e preceptora da Residência de Dermatologia IFFS/HSVP, e professora da Medicina Imed.
INCA
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer da pele responde por 30 % de todos os tumores malignos no Brasil, e há estimativa, para o biênio 2018/2019, de 165.580 mil novos casos de câncer de pele não melanoma. O câncer da pele é definido pele crescimento anormal e descontrolado de células que compõem a pele.
Os três principais tipos
- CARCINOMA BASOCELULAR: o mais prevalente. Muitas vezes referido pelo paciente como uma “espinha que não cicatriza”. Manifesta-se como lesão elevada, perolada, de coloração avermelhada à enegrecida, podendo apresentar crostas e sangrar aos mínimos traumas. Surge mais frequentemente nos segmentos corporais expostos ao sol (face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas). Devido a sua limitada capacidade de metastatizar (espalhar-se para outros órgãos), é considerado menos agressivo, porém pode causar grave dano devido ao crescimento e destruição local.
- CARCINOMA ESPINOCELULAR: o segundo mais prevalente. Manifesta-se como mancha avermelhada, irregular e descamativa que cresce, tornando-se espessa e formando ferida que não cicatriza e sangra esporadicamente. Geralmente aparece nas regiões da pele que foram cronicamente expostas ao sol e apresentam outros sinais de dano solar (enrugamento, alteração da pigmentação, perda da elasticidade), mas também pode ocorrer sobre feridas crônicas e cicatrizes. É um câncer que pode causar dano apenas local, porem pode ser muito agressivo, espalhando-se para linfonodos e órgãos internos.
- MELANOMA: o menos frequente, porém de por prognóstico devido à alta possibilidade de metástases e elevado índice de mortalidade. É referido pelo paciente como “um sinal” ou “uma pinta” que mudou de cor, formato ou tamanho. Tem origem nos melanócitos (células que produzem melanina), podendo transforma-se a partir de uma “pinta” preexistente ou, na maioria das vezes, ser uma lesão nova que já surge como melanoma. Podem aparecer em áreas expostas ao sol, sendo mais comum nas pernas das mulheres, no tronco dos homens e da face em ambos os sexos, ou em locais de difícil visualização pelo paciente. Na pele, caracteriza-se por manchas marrons à negras, que mudam de cor, tamanho, textura e crescem de forma irregular. Suspeita-se nas pintas assimétricas, com bordos irregulares, de diversas cores, maiores do que 6 mm e que estão crescendo. Nas unhas, manifesta-se por mancha linear escura. Suspeita-se nas faixas pigmentadas que acometem apenas um dedo, são maiores que 3 mm, com cores de marrom à negra, podendo causar deformidade na unha, principalmente se ocorrerem em maiores de 50 anos, em descendentes africanos ou asiáticos, com história familiar de melanoma. Diante da suspeita clínica e dermatoscópica, o diagnóstico é confirmado através análise histopatológica (biopsia), que também norteando a conduta, auxilia no estadiamento e prognóstico.
Fatores de risco
De um, modo geral os principais fatores de risco são: pessoas de pele e olhos claros, exposição solar, bronzeamento artificial, uso de medicação imunossupressora, história pessoal ou familiar de câncer da pele.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito pelo especialista através do exame da pele com o auxílio de dermatoscopia e confirmado pela biópsia. O câncer da pele, independente do seu tipo, é potencialmente curável, desde que diagnosticado precocemente e tratado de forma adequada. No geral, o tratamento de escolha é a remoção cirúrgica de tumor. Para o carcinoma basocelular, porém algumas alternativas podem ser indicadas de acordo com as características do tumor (primário, de baixo risco e em áreas de baixo risco) e do doente. Para o carcinoma espinocelular, além da remoção cirúrgica, algumas vezes podem ser necessárias terapias complementares. Além disso, é muito importante o tratamento do campo de cancerização, no qual muitas vezes esse carcinoma se desenvolve. Para o melanoma, o diagnóstico precoce é fundamental para maior chance de cura. Nos estágios mais avançados, a possibilidade de cura diminui. Atualmente, testes genéticos são capazes de determinar quais mutações levam ao desenvolvimento do melanoma avançado e, assim, possibilitam a escolha do melhor tratamento para cada paciente, aumentado a sobrevida e a qualidade de vida de pessoas com melanoma avançado.
A prevenção ao câncer de pele
- Evitar exposição solar entre as 10 e 16 horas
- Uso de chapéus, camisetas, óculos de sol.
- Procure roupas e acessórios com FPU (Fator de Proteção Ultravioleta – mede a proteção dos raios UV em roupas). Escolha óculos de sol que a etiqueta indique 100% de proteção UV, lentes grandes (proteger olhos e pálpebras), cor neutra (lente âmbar cinza ou marrom) e modelo que envolva as têmporas (proteger contra a luz que vem dos lados).
- Usar protetor solar na pele e nos lábios, diariamente (não somente em horários de lazer), com fator de proteção (FPS) no mínimo 30 e reaplicar no decorrer do dia, em quantidade adequada.
- Na praia ou piscina usar de preferência barracas de algodão ou lona que absorvem mais a radiação ultravioleta do que as de nylon.
- Manter bebês e crianças preferencialmente na sombra. Filtros solares podem ser utilizados a partir dos seis meses de idade.
- Observar regularmente a própria pele, em busca de pintas e manchas suspeitas, com auxílio de familiares para observar locais de difícil visualização.
- Consultar um dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para exame completo.
- Pessoas com histórico pessoal ou familiar de melanoma e múltiplos nevos (pintas) tem indicação de mapeamento corporal digital para diagnóstico evolutivo e remoção de apenas lesões suspeitas.
Conhecendo o protetor solar
O protetor solar tem componentes que absorvem os raios UVA e UVB e os transformam em radiação de baixa energia, inofensiva a pele. O bloqueador solar reflete a radiação UV e geralmente contém óxido de zinco e dióxido de titânio. Quando aplicado, deixa a pele esbranquiçada e opaca, inibindo o bronzeamento. É ideal para pessoas alérgicas, crianças e grávidas.
- FPS (fator de proteção solar) quantifica o fator de proteção contra os raios ultravioleta B (UVB), que diminui as chances de queimaduras solares e do câncer da pele. O PPD (Pigmentos Persistentes de Pigmentação), determina a proteção contra a radiação UVA, responsável por acelerar o aparecimento de rugas, flacidez e manchas na pele. O PPD deve representar no mínimo um terço do FPS, ou seja, se o protetor tem FPS 30, o seu PPD deve ser igual ou superior a 10. A pele, quando exposta ao sol sem proteção, leva um determinado tempo para ficar vermelha. Quando se usa filtro solares com FPS 15, por exemplo, a mesma pele leva 15 vezes mais tempos para ficar vermelha. Se for usado filtro FPS 30, levará 30 vezes mãos tempo para ficar vermelha, e assim por diante. Além disso, quanto maior o FPS, mais ele irá absorver os raios emitidos pelo sol e, consequentemente, protegerá mais ainda a pele. Por exemplo, protetor solar FPS 30, absorve 97% dos raios solares.
- Protetor solar “resistente à água”, segundo a FDA, quer dizer que perde a proteção depois de 40 minutos de exposição a água. A terminologia “ à prova d´água”, quer dizer que a proteção dura cerca de 80 minutos com exposição á agua.
Dica: O ideal é o protetor ou bloqueador solar de amplo espectro (proteção UVA e UVB), de no mínimo FPS 30 e PPD 10, aplicado 30 minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada 3 horas ou imediatamente após banho de mar, piscina ou suor intenso. Usado diariamente, mesmo em dias nublados.
Dia Nacional de Prevenção em Passo Fundo
No Dia Nacional de Prevenção do Câncer da Pele, 1º de dezembro, cerca de 4 mil dermatologistas em 132 postos em todo o Brasil estarão fazendo exame físico gratuito para rastreio do câncer na pele. Desde 1999, o mutirão já beneficiou mais de 594 mil brasileiros. Passo Fundo participará pelo segundo ano dessa atividade, através da Residência Médica de Dermatologia UFFS/HSVP. O atendimento ocorrerá neste sábado, 01/12, das 09 às 15 horas, no antigo Quartel do Exército. Pacientes que forem diagnosticados com câncer da pele ou com lesão suspeita de câncer da pele, terão agendada uma consulta para atendimento na Residência de Dermatologia UFFS/HSVP, para posterior realização do tratamento. Para isso, no entanto, devem pertencer aos municípios abrangidos pela 6ª Coordenadoria de Saúde e portar em mãos o cartão do SUS. Pacientes que não pertençam a essa região ou não apresentem o cartão do SUS, receberam encaminhamento para o sistema de agendamento de consultas.
Se você ou familiar tem...
- Uma lesão na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra facilmente;
- Uma pinta preta ou castanha que muda sua cor, textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho;
- Uma mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.