Abril foi instituído como mês de prevenção e combate a todos os tipos de cegueira. A ação é importante porque a grande maioria dos casos de cegueira são reversíveis, ou seja, algum tratamento ou procedimento pode recuperar a visão do paciente. Acredita-se que o número de pessoas cegas ou com visão comprometida no mundo chega a 253 milhões, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Agência Internacional de Prevenção da Cegueira (IAPB). Estima-se que, destes números, em torno de 75% dos casos podem ser reversíveis. De acordo com a Dra. Luciana Reginato, oftalmologista da Clínica Contour, apesar de todos os tratamentos disponíveis e das tecnologias desenvolvidas nos últimos anos, a principal chave para enfrentar a cegueira, que é um problema de ordem global, é a educação e a disseminação de conhecimento. “A cegueira muitas vezes ocorre pela detecção tardia dos sinais de algumas doenças oculares, por conta de seu desenvolvimento progressivo e silencioso”, explica. Os casos mais comuns de cegueira que poderiam ser evitadas envolvem a Catarata não tratada ou a falta do uso de óculos.
Doenças causadoras
A especialista comenta que algumas das doenças capazes de levar a cegueira estão relacionadas diretamente ao sistema ocular, como a catarata, Doença Macular Relacionada à Idade (DMRI) e o glaucoma. Também existem outras doenças sistêmicas que acabam acarretando a perda da visão como um efeito secundário como a diabetes e a hipertensão, causadoras da retinopatia diabética e retinopatia hipertensiva respectivamente. “As principais causas da cegueira que se iniciam de forma silenciosa são: retinopatia diabética (o diabetes no fundo do olho) e o glaucoma (aumento constante da pressão do olho). Essas duas quando detectadas na sua forma tardia, em geral causam cegueira irreversível, porém, ao contrário, a detecção precoce pode evitar a cegueira”, frisa a médica.
Catarata
Outras doenças como a DMRI, as ceratopatias infeciosas e o descolamento da retina também podem ser tratadas com bons resultados. “Já a catarata é uma das principais causas de cegueira no mundo, porém é reversível quando tratada por meio de cirurgia”, frisa Dra. Luciana. Na infância uma das principais causas de deficiência visual é a ambliopia, uma disfunção visual causada pelo desenvolvimento anormal da visão em um dos olhos, que poderia ser evitada se a descoberta e correção fossem feitas durante a infância. Como se percebe, diferente do que a maioria das pessoas pensa, a cegueira é muito mais frequente na idade adulta, os que nascem cegos são minoria. Porém, de acordo com a oftalmologista, existem doenças que podem atingir as crianças desde o nascimento, sendo as mais comuns à catarata congênita, a retinopatia da prematuridade, e infeções maternas que são transmitidas ao bebê como toxoplasmose e rubéola. “Mesmo assim, a maior parte das causas de cegueira ou baixa visão na infância podem ser tratadas se diagnosticadas precocemente, entre elas a ambliopia (o chamado olho preguiçoso), a catarata e o glaucoma congênito. Qualquer afecção não tratada na infância terá graves repercussões no adulto”, destaca a Dra. Luciana. Por isso é importante que os pais busquem acompanhamento oftalmológico para os filhos desde cedo. “Inicialmente os pais devem procurar um oftalmologista que oriente sobre o diagnóstico e a possibilidade de tratamento. Após essas medidas, existem diversas instituições que estão habilitadas e que podem auxiliar na adaptação, inclusão e desenvolvimento dessas crianças”, ressalta.
Prevenção
Assim fica fácil entender a necessidade de campanhas de prevenção, modo mais efetivo de evitar casos de cegueira. “Se no momento do diagnóstico a doença está em um estágio avançado existe uma dificuldade ou até um impedimento para a eficácia do tratamento. Por isso a importância de manter um acompanhamento oftalmológico conforme a frequência orientada, mantendo a saúde dos olhos em dia”, ressalva a oftalmologista. Além disso, os avanços na oftalmologia ajudam muito os pacientes que buscam tratamento, o simples uso de óculos evita muitos casos de cegueira. “Sim, o uso do óculos adequados devolve a visão a muitos pacientes que apresentam altos graus de miopia, astigmatismo e hipermetropia e que sem este auxílio seria considerados deficientes visuais”, explica a médica. Já a cirurgia de catarata é um dos procedimentos mais realizados em todo mundo recupera a visão de pacientes que apresentam esta condição.
Esperança no futuro
A médica especialista revela que uma das maiores esperanças atuais em pesquisa oftalmológica são os tratamentos com células tronco, que podem vir a curar alguns tipos de cegueira até então irreversíveis, como a DMRI, e algumas doenças genéticas como retinose pigmentar, porém, os estudos estão em fase de testes e os tratamentos ainda não são disponibilizados ao pacientes.
Dra. Luciana Reginato é médica oftalmologista