A tontura é uma queixa muito frequente da população. Embora o senso comum relacione sua manifestação à labirintite, este sintoma pode indicar diversas outras patologias. “O dia vinte e dois de abril é considerado o Dia da Tontura e nesta semana a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia promoveu a Semana da Tontura. Muitas pessoas, em algum momento da vida, já tiveram o desprazer de sentir uma tontura ou vertigem.” destaca a médica otorrinolaringologista do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, Dra. Bibiana Fortes. A labirintite é uma doença rara e muitas vezes associada erroneamente como principal causa da vertigem, um tipo de tontura caracterizada por uma falsa sensação de movimento ou giro do ambiente ou do indivíduo.
Pedrinhas do equilíbrio
A especialista esclarece que, na maioria dos casos, os episódios de vertigem são causados pela Vertigem Posicional Paroxística Benigna, ou VPPB, um distúrbio muito comum que causa a sensação de que a pessoa ou o ambiente estejam girando ou se movendo, quando ocorre uma mudança na posição da cabeça. “A Vertigem Posicional Paroxística Benigna é causada pelo deslocamento de fragmentos de otólitos, que são pedrinhas responsáveis pelo equilíbrio que ficam dentro da orelha interna. O deslocamento dessas pedrinhas causa uma crise de vertigem com duração de segundos, permanecendo uma sensação de “mareado” (sensação de estar em cima de um barco em movimento), desencadeada por movimentos bruscos da cabeça como, por exemplo, ao deitar ou ao levantar da cama, trocar de posição quando deitado, estender o pescoço para olhar para o alto, podendo estar acompanhado de náuseas e vômitos. Enquanto a labirintite, que é pouco comum, é uma inflamação que pode causar sintomas de vertigem importante associada à perda de audição geralmente irreversível e costuma estar relacionada a infecções do ouvido, como por exemplo, uma infecção crônica da orelha média,” salienta Dra. Bibiana.
Análise dos sintomas
O diagnóstico desta doença baseia-se na análise clínica dos sintomas e descrição das situações em que eles ocorrem. “O diagnóstico dessa doença é essencialmente clínico, com uma boa história associada a um exame físico otorrinolaringológico completo e pelo menos um exame neurológico básico, tendo em vista que as doenças do labirinto e as doenças neurológicas podem estar associadas. Assim, as vertigens e as tonturas precisam ser avaliadas primeiramente por um médico, de preferência um otorrinolaringologista ou um neurologista, pelo que já foi comentado acima e porque inúmeras doenças desde benignas a malignas podem causar esses sintomas e apenas o médico pode solicitar exames, medicar e quando necessário indicar internação hospitalar.”
Manobras
Manobras para reposicionar as partículas que se deslocaram nos canais são frequentemente utilizadas no diagnóstico da VPPB, melhorando sua manifestação de forma imediata em grande parte dos casos. “Se a causa do problema é o deslocamento das pedrinhas, então precisamos colocá-las de volta no lugar. Ou seja, o tratamento consiste principalmente em manobras que podem ser realizadas no consultório no momento da consulta em que se dá o diagnóstico. Na maioria dos casos o uso de medicação na VPPB é desnecessário. Os medicamentos ficam reservados para os quadros intensos associados a náuseas e vômitos,” explica a otorrinolaringologista.
Tratamento auxiliar
Manter uma rotina saudável, aliando alimentação balanceada e atividades que reduzem o estresse podem gerar resultados positivos no tratamento da vertigem posicional paroxística benigna. “Salientamos que excesso de medicação pode retardar a melhora do paciente e que hábitos saudáveis ajudam no tratamento. Dessa forma, a associação de cuidados dietéticos, como evitar o abuso de cafeína, carboidratos de rápida absorção, ter uma alimentação regular e sem excessos, dormir bem e amenizar o estresse contribuem significativamente para o sucesso do tratamento,” finaliza.